Área queimada em agosto no DF equivale a 35% da região tombada
No mês, 3.997,72 hectares de verde foram consumidos pelas chamas, que atingiram áreas como a Chapada Imperial
atualizado
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A seca e o fogo castigam a capital do país. Está difícil respirar diante de tão baixa umidade e da cortina de fumaça no ar. Somente em agosto deste ano, 3.997,72 hectares de verde foram consumidos pelas chamas, o equivalente a quase 4 mil campos de futebol ou 35,5% da área urbana tombada de Brasília, cuja metragem é de 112,25km², segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O número supera o de agosto de 2016 — 3.698,14 hectares — e o do mesmo período de 2015, quando foram destruídos 3.149,49 hectares, segundo o Corpo de Bombeiros. No mês que terminou nesta quinta-feira (31/8), a corporação atendeu a pelo menos 2,4 mil ocorrências de incêndios, o que também é mais do que agosto do ano passado, período em que os bombeiros receberam 1,5 mil chamadas.“No dia 22, nos deslocamos para 145 ocorrências. O recorde do mês de agosto”, diz o tenente-coronel Glauber De La Fuente, comandante do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros. É uma média de seis casos de incêndio por hora. Na quinta (31), o fogo atingiu até mesmo a Esplanada dos Ministérios.
Os bombeiros foram chamados às 12h05 para combater o fogo que rapidamente consumiu o gramado em frente ao Congresso Nacional. Uma equipe composta por seis militares usou abafadores para debelar as chamas, que chegaram bem perto da estrutura montada para o desfile de Sete de Setembro.
O caso mais grave, porém, é o da Chapada Imperial, na região conhecida como Poço Azul. O incêndio começou na terça-feira (29) e, dentro do santuário, já foi controlado, segundo os bombeiros. Mas ainda atinge outras áreas periféricas, como a que fica próximo ao Lago Oeste.
Preservada desde 1985, a Chapada Imperial fica a 50km do Plano Piloto. Tem uma parte incluída no Parque Nacional de Brasília, considerada a reserva ambiental mais importante do DF. Nada menos que 11% de verde do parque já viraram cinzas este ano.
Trilhas ecológicas no Bioma Cerrado com 30 cachoeiras, projeto pedagógico, projeto bicho livre, reintrodução de animais silvestres, rota das árvores, museu eco-histórico, arvorismo, resgate cultural e inserção social junto à comunidade local são algumas das atividades e projetos desenvolvidos na Chapada Imperial.
Mais de 100 homens, entre servidores e brigadistas do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e bombeiros, estão no local, além de quatro aviões. “Tivemos muita dificuldade de combater as chamas dentro do santuário porque estavam concentradas em uma região de difícil acesso”, disse o tenente-coronel Glauber De La Fuente.
Na quarta (30), as equipes da corporação se mobilizaram para conter o fogo em outra área do parque, perto do Lixão da Estrutural. As labaredas chegaram a atingir 2 metros de altura. As causas não foram identificadas, pois ainda será feita uma perícia. O resultado sai em até 30 dias.
“Em 95% dos casos, os incêndios são provocados pela ação humana”, alerta o tenente-coronel Glauber De La Fuente. O militar diz que qualquer manejo com o fogo é arriscado nesta época do ano, pois as chamas podem sair do controle. Se isso acontecer, ligue imediatamente para o 193, do Corpo de Bombeiros.
O DF enfrenta o auge da seca, que já dura 102 dias. Na quarta (30), a Defesa Civil decretou estado de emergência, o que implica cuidados redobrados, como a ingestão de pelo menos seis copos de água por dia. Na terça-feira (29), os meteorologistas registraram 9% de umidade relativa do ar, na Ponte Alta do Gama. Na quarta, o índice ficou em 11% e, na quinta, 13%.