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Área em que viaduto caiu em Brasília fica interditada até dia 19. Há risco de novo desabamento

Medida foi anunciada pelo GDF horas após o desastre na área central de Brasília

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Viaduto 2
1 de 1 Viaduto 2 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O trecho do Eixão Sul onde ocorreu o desabamento de um viaduto próximo à Galeria dos Estados, na manhã desta terça-feira (6/2), ficará interditado até 19 de fevereiro, para a realização de uma avaliação técnica e pericial sobre as causas do acidente.

A medida foi anunciada à tarde pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), em coletiva com autoridades no Palácio do Buriti. “Ainda não temos o ponto definido da interdição, mas será o perímetro necessário para se avaliar o que for necessário para as obras. A definição da área interditada será concluída na quarta-feira [7]”, afirmou Rollemberg.

Há risco de desabamento, por isso estamos interditando a área

Rodrigo Rollemberg

Parte da interdição já foi definida. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), o trecho do sentido norte-sul que vai da entrada do Buraco do Tatu até a altura do Hospital de Base ficará fechado. “O DER está elaborando um projeto de desvios que permita diminuir os impactos para os condutores que habitualmente passam pelo local”, informou.

Ao lado do Departamento de Trânsito (Detran), da Companhia do Metropolitano e da Secretaria de Mobilidade, o DER fará um plano para assegurar o fluxo de veículos e intensificar opções de transporte público no local.

“Nesta quarta [7], será publicado um decreto criando uma comissão presidida pela Casa Civil, para definirmos qual a maneira mais rápida e adequada de fazer a recuperação da área”, disse Rollemberg.

Segundo o governador, serão definidas prioridades de investimentos, ao longo deste ano, para viadutos que precisem de reparos ou de manutenção estrutural.

Entidades civis serão convidadas para, com o Governo do Distrito Federal (GDF), compor a comissão que analisará a situação específica dos problemas relacionados ao conjunto de três viadutos do início do Eixão Sul, incluindo o parcialmente destruído. A implosão da estrutura não está descartada.

Segundo o Palácio do Buriti, também será dada “continuidade” ao trabalho que vem sendo realizado com entidades como Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Universidade de Brasília (UnB) e Clube dos Engenheiros, com definição de prioridades para ações de recuperação de viadutos, pontes e outras edificações de Brasília.

Ainda, de acordo com o chefe do Executivo, será determinada à equipe econômica a liberação de recursos necessários para o prosseguimento das obras de restauração de pontes e viadutos.

Manoela Alcântara/Metrópoles
Coletiva no Palácio do Buriti

 

Sem manutenção
Sobre a falta de manutenção no local, Rollemberg afirmou que o GDF tinha priorizado os viadutos da Rodoviária, em razão do enorme movimento na área. “São 700 mil pessoas passando por lá, todos os dias. Investimos R$ 67,7 milhões na reforma de oito viadutos. Neste [que despencou], infelizmente, não fizemos”, comentou o governador.

Do total de recursos informado pelo político, R$ 42 milhões foram utilizados no Buraco do Tatu, R$ 8 milhões destinaram-se ao estacionamento em frente ao Conjunto Nacional, e R$ 17,7 milhões foi a quantia gasta com os viadutos dos eixos W e L sobre as vias S2 e N2.

O Governo do Distrito Federal ainda vai analisar os desdobramentos do episódio, incluindo eventuais indenizações.

O trabalho dos bombeiros foi interrompido por volta das 18h. Segundo o major Camargo, do Corpo de Bombeiros, a demolição de parte da estrutura e as obras de escoramento para evitar novo desabamento serão iniciadas na manhã desta quarta-feira (7).

TCDF e projeto de lei vetado
Na coletiva no Palácio do Buriti, Rollemberg ainda comentou dois assuntos controversos. Um deles foi o relatório de 2012 do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) que alertava para o risco de desabamento em uma série de estruturas na capital, incluindo o viaduto que caiu nesta terça (6). “Já estávamos trabalhando na recuperação dos viadutos, mas não foi possível fazer em todos”, justificou.

O outro questionamento diz respeito à Lei nº 5.825/2017, que obrigaria o governo a fazer anualmente perícia técnica em pontes e viadutos integrantes do sistema viário do DF. A norma, aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2015, foi vetada por Rollemberg no mesmo ano.

Nesta terça-feira, o governador alegou que o motivo da “canetada” foi vício de iniciativa, porque a proposta sobre o tema deveria ser originária do Executivo.

O desabamento
O acidente que apavorou a população da capital do país ocorreu por volta das 11h50 desta terça. Dezenas de carros no Eixão Sul tiveram de retornar no meio da via, a qual acabou interditada, após duas faixas do asfalto cederem. A estrutura caiu sobre quatro veículos e um restaurante.

Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve feridos. Cães farejadores percorreram a região em busca de vítimas. Há o risco de uma outra laje cair e, por isso, toda a área está isolada para que seja feito escoramento.

Logo após a estrutura despencar, fotos e vídeos inundaram as redes sociais. As pessoas não acreditavam no que viam: o asfalto desmoronado em plena área central de Brasília. “Parecia coisa de filme”, disse o bancário Jonatas Almeida, 43 anos, quem costuma passar pelo local quase todos os dias, a caminho do trabalho.

José Ferreira do Nascimento, 42, trabalha como lavador de carros no local há 25 anos. “Ouvi só um estrondo. Foi um susto muito grande”, relatou. “Era uma tragédia anunciada. O viaduto tinha muitas rachaduras e infiltrações. Quando os carros pesados passavam, a estrutura tremia”, contou ao Metrópoles.

Vaias
O governador esteve no local e admitiu: o viaduto não passou por manutenção. Ele foi vaiado. Professor de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo, empresa especializada em patologia de edificações, Dickran Berberian explicou que o apoio de uma viga deve ter cedido.

“Segundo a minha experiência, em casos de desabamentos, a estrutura dá um sinal, ou tremor, um barulho. O que caiu não foi uma viga, foi o apoio dela. Acredito que esse viaduto não tenha passado por vistoria. Caso contrário, o governo teria detectado o problema”, disse.

De acordo com ele, “o maior inimigo de qualquer edificação é a água. Desabamentos são mais propícios a ocorrer nessa época de chuva. Se tiver alguma infiltração, os materiais que compõem o viaduto podem ser comprometidos”.

Arte /Metrópoles

Arte/Metrópoles
Como era o viaduto antes do desabamento

 

Segundo o GDF, foram enviadas quatro unidades de socorro do Corpo de Bombeiros ao local, duas de suporte, duas “motolâncias” e um caminhão para atender múltiplas vítimas, se necessário. Os hospitais de Base (IHBDF) e o da Asa Norte também foram acionados para acolher eventuais feridos.

A major Lorena Ataídes, do Corpo de Bombeiros, informou como está sendo feito o trabalho em busca de eventuais pessoas sob os escombros: “Fizemos todos os procedimentos para tentar localizar vítimas, contamos com o uso de cães farejadores, tentamos contato telefônico. Até o momento, é uma possibilidade descartada. Isolamos o local com uma distância de 20 metros para todos os lados. Vai permanecer assim até que os engenheiros analisem o risco de mais desabamentos”.

A Polícia Militar informou que está na localidade, mantendo a segurança da área com cerca de 30 policiais, incluindo os especialistas em trânsito e motociclistas. O Eixão Sul está todo fechado desde o Buraco do Tatu Norte, assim como as tesourinhas do Setor Bancário. Os Eixos L e W estão com o tráfego fluindo normalmente.

Veja as fotos do local:

15 imagens
Não houve vítimas, apenas danos materiais
Carros foram esmagados pela gigantesca estrutura
Donos dos veículos ficaram no prejuízo
A área foi imediatamente isolada, devido ao risco de novo desabamento
Ligação é uma das mais importantes da cidade
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Viaduto desabou no dia 6 de fevereiro de 2018

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Não houve vítimas, apenas danos materiais

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Carros foram esmagados pela gigantesca estrutura

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Donos dos veículos ficaram no prejuízo

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A área foi imediatamente isolada, devido ao risco de novo desabamento

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Ligação é uma das mais importantes da cidade

Arquivo cedido ao Metrópoles
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Curiosos observam o cenário do desabamento

Arquivo cedido ao Metrópoles
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Queda deixou cratera na pista

Divulgação/PMDF
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Em visita ao local do desabamento, o então governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), recebeu vaias

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Do alto, a dimensão do incidente

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Trânsito foi desviado na região

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CBMDF e Defesa Civil avaliaram bases de sustentação

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Cães farejadores auxiliaram na busca de possíveis vítimas, mas ninguém foi atingido

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Não houve feridos no desabamento

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Parte do viaduto danificado

Michael Melo/Metrópoles

 

O diretor do DER-DF, Henrique Luduvice, afirmou que o órgão atuará em força-tarefa junto com a Novacap e a Secretaria de Infraestrutura para recuperar a área. “Primeiramente, no escoramento do viaduto e análise da estrutura, para que possamos oferecer à população a solução mais adequada e mais correta, sob o ponto de vista da intervenção necessária nesse viaduto”, disse.

Ainda de acordo com o gestor, será feito um desvio no trânsito para garantir os deslocamentos no centro do Plano Piloto. No entanto, ele admitiu que o tráfego deve ficar mais complicado com a ausência do viaduto.

A titular da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Marilda dos Reis, disse que irá solicitar informações à administração do Plano Piloto para verificar se algum diagnóstico próprio previa a queda de parte do viaduto. Somente depois, o órgão deve se manifestar sobre o assunto.

Veja um vídeo do local:

 

Tragédia anunciada
A deterioração das estruturas já foi alvo de relatório elaborado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco). Nove viadutos do Distrito Federal avaliados pela entidade entre os anos de 2009 e 2011 apresentaram problemas, além das pontes do Bragueto, das Garças e a JK. Foram detectados desde infiltrações e ferros expostos até descolamento do concreto e fendas abertas.

Após ficar oito anos sem manutenção, a Ponte JK recebeu a atenção do Governo do Distrito Federal em 2011, quando uma das peças de apoio da estrutura teria se desgastado. Devido a isso, a pista oscilava com a passagem dos veículos, abrindo uma fissura que ultrapassou 4cm de largura.

Reforçada duas vezes, a Ponte do Bragueto é outra estrutura que pede socorro. É possível ver trincas na laje inferior e ondulações na parte superior.

O acidente desta terça (6) ocorreu dois dias após o desabamento da laje de uma garagem na 210 Norte. No domingo (4), o piso despencou sobre 23 carros.

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