Área da Terracap desocupada pela Agefis em 2014 volta a ser invadida
Chacareiro e empresa de ônibus se apropriaram de um terreno no Riacho Fundo 2 com tamanho equivalente a seis campos de futebol
atualizado
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O combate à grilagem de terras públicas no Distrito Federal precisa ir além das derrubadas para que a atividade não seja comparada à inócua tarefa de enxugar gelo. Sem fiscalização do Estado ou a ocupação dos terrenos por parte do aparato oficial, invasores voltam às áreas das quais foram retirados. Foi exatamente isso que ocorreu no Riacho Fundo 2.
Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) desocupar um terreno no Combinado Agro Urbano de Brasília (Caub 2), o local voltou às mãos de particulares, que insistem em se apropriar de bens públicos. Um ano e meio após a
A área grilada tem até nome: uma placa a identifica como “Chácara 98”. Parte do terreno é ocupada por uma empresa que presta serviços de transporte escolar. Na porção restante há uma casa, mas o dono pouco permanece ali, segundo relatos de vizinhos. Somadas, as duas localidades têm tamanho equivalente ao de seis campos de futebol.
O que ambas têm em comum? Pertencem à mesma proprietária: a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). A empresa confirmou a titularidade em e-mail enviado ao Metrópoles.
Cerca de arame
Em 31 de julho de 2014, a Agefis demoliu um muro de 1,6 mil metros que cercava a Chácara 98, mas não demorou muito e a empresa de ônibus e um homem fatiaram novamente o terreno. A cerca de arame com estacas de madeira foi instalada em outubro daquele ano.
A reportagem esteve no local. Na fração onde estavam os ônibus, havia funcionários que evitaram falar de quem eram os carros de transporte escolar. No lote vizinho, não havia ninguém. Um morador da região contou que a chácara seria de um homem chamado “Pedro”. Trata-se do policial militar Pedro de Alcântara. Ele é cedido ao gabinete do deputado distrital Wasny de Roure (PT).
Alcântara teria adquirido uma fração de 20.000m² por R$ 120 mil de João Pereira, um chacareiro da região, que invadiu a terra. Pereira fracionou a área em dois lotes e repassou o maior, de 55.000m², para a empresa de transporte escolar por R$ 400 mil.
O PM Alcântara, entretanto, nega que tenha ocupado o terreno. “Na verdade, eu sou amigo do ex-dono, o João (Pereira). O pessoal às vezes se confunde e acha que sou eu o dono”, diz. Ao ser informado de que a área pertence à Terracap, ele foi irônico: “A Terracap diz que é dona de Brasília toda”.
A reportagem tentou contato com João Pereira, suspeito de ter grilado o terreno. Por telefone, uma mulher que disse ser a mulher dele afirmou que o marido não é o proprietário da terra. “Nunca foi do João”, disse.
A Agefis informou que enviará um auditor à área para apurar irregularidades. “Caso haja a ocupação no local, iremos tomar as devidas providências”, informou o órgão, por meio de nota.