Apuração mostra que médicos do DF faziam esquema com atestados falsos
Nesta terça-feira (9/3), os quatro detidos tiveram a prisão temporária renovada por mais 5 dias, até que as investigações sejam exauridas
atualizado
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As investigações da Operação Walking Dead, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), chegaram a indícios que podem revelar novo escândalo na rede pública de saúde da capital da República. Durante as apurações que desmantelaram uma indústria de “mortos-vivos”, interceptações telefônicas flagraram um esquema que alimentaria fraudes de atestados médicos e venda de plantões em hospitais públicos do DF.
Um médico lotado em um posto de saúde no Recanto das Emas foi gravado movimentando a atividade ilegal, emitindo atestados entre alguns profissionais. Em conversa travada entre um servidor e uma mulher, ele afirma que não queria ir trabalhar no posto de saúde e, em seguida, solicita a um colega atestado por “estresse”, a fim de ficar de folga por 10 dias para tratar de interesses particulares.
O médico teria sido repreendido pelo seu supervisor por estar trabalhando mal. O plantonista achou ruim o fato de ter sido advertido e passou a solicitar nomeação em outro posto de saúde. Como não conseguiu, ligou para um colega de profissão e, de forma fraudulenta, conseguiu um atestado de 10 dias.
Venda de plantão
Além do suposto esquema de fraude de atestados entre médicos, as investigações ainda revelaram um aparente mercado de venda de plantões. No processo ao qual o Metrópoles teve acesso, existem trechos sobre o possível conluio. Conforme citado na ação, quando um médico não queria ir ao seu plantão, ligava para um colega e vendia a vaga. O outro profissional, então, iria no lugar do plantonista originalmente escalado, que, em seguida, efetuava o pagamento.
A Walking Dead resultou na prisão de um médico, dois funcionários de uma funerária e um dos maiores falsários do Distrito Federal, que estava supostamente morto. A quadrilha é acusada de vender “kits-mortes” a criminosos – que acabavam escapando de punições. Os investigados cobravam cerca de R$ 10 mil para fornecer atestados de óbito.
Nesta terça-feira (9/3), os quatro detidos tiveram a prisão temporária renovada por mais cinco dias, até que o as diligências e os depoimentos sejam exauridos. Durante a operação da PCDF, foram cumpridos 12 mandados, sendo um de prisão preventiva, quatro de temporárias e oito de busca e apreensão em endereços localizados em Ceilândia, no Riacho Fundo, no Recanto das Emas e em Águas Lindas (GO). A operação foi batizada de The Walking Dead em referência à série televisiva.