metropoles.com

“Aproveitei cada segundo delas”, diz mãe que perdeu gêmeas siamesas

Após o parto realizado no DF, os pais notaram a piora no quadro de saúde das filhas, que acabaram morrendo ainda no hospital, 6 dias depois

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Redes Sociais
irmas-siamesas-unidas-pelo-torax-do-acre-nascem-no-df-mas-nao-resistem
1 de 1 irmas-siamesas-unidas-pelo-torax-do-acre-nascem-no-df-mas-nao-resistem - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Cheios de amor, esperança, paciência e frustração. Assim foram os últimos meses de Alice Fernandes Brito, 18 anos, uma agricultora do Acre que perdeu as filhas gêmeas siamesas após uma complicação clínica: as meninas dividam o mesmo coração. “Fiz o ultrassom e o médico indicou que tinha apenas um bebê, pois só foi detectado um coração. Apenas no sexto mês da gestação fiz novamente o exame de imagem e o doutor disse que na verdade viriam gêmeos”, relembra Alice. Na ocasião, ela ainda não sabia que tratava-se, na verdade, de um caso raro na medicina.

Apesar de o médico afirmar que estava tudo bem com as meninas, Alice desconfiou da imagem e percebeu que havia algo incomum nos fetos. Foi aí que decidiu buscar por uma segunda opinião. “Passaram-se alguns dias, fui em outro médico – desta vez particular – para ver novamente se estava tudo bem com os bebês, pois sabia que a gravidez de gêmeos tem um grande risco. No exame, o médico começou a fazer a ultrassom e logo percebeu que tinha algo errado. Nos falou que elas estavam unidas pelo tórax e abdômen, e que estavam compartilhando o mesmo coração”, conta.

Alice lembra que a notícia caiu como uma bomba para ela e o marido, o também agricultor Adriano Silva Fernandes, 22. “Neste momento, entrei em choque. Eu, minha mãe e meu esposo saímos da consulta e choramos muito”, acrescentou. Para dar continuidade ao tratamento, a família de Aylla Sophia e Allana Rihanna foi transferida de Brasiléia, município do Acre, para a capital acriana, Rio Branco. Chegando lá, a mãe ficou internada por 11 dias e foi confirmado que as crianças dividiam, além do mesmo coração, fígado e intestino.

3 imagens
"Chorei muito e ainda estou muito mal, mas aproveitei cada segundo delas", disse Alice Fernandes
Após o parto realizado no DF, na sexta-feira (3/5), os pais notaram uma piora no quadro de saúde das filhas e receberam a notícia que elas não haviam resistido 9 dias após o nascimento
1 de 3

Alice e sua mãe, que chegaram em Brasília, e logo tiveram a péssima notícia que as filhas não iriam resistir por muito tempo

Reprodução/Redes Sociais
2 de 3

"Chorei muito e ainda estou muito mal, mas aproveitei cada segundo delas", disse Alice Fernandes

Reprodução/Redes Sociais
3 de 3

Após o parto realizado no DF, na sexta-feira (3/5), os pais notaram uma piora no quadro de saúde das filhas e receberam a notícia que elas não haviam resistido 9 dias após o nascimento

Reprodução/Redes Sociais

A recomendação médica dos profissionais de saúde era a de interromper a gravidez no sexto mês de gestação. Porém, esperançosa, a família se negou a fazer o aborto, apegados ao amor que já nutriam pelas filhas. Após o diagnóstico, eles começaram a procurar por recursos melhores, fora do estado.

“Entramos com os papéis para que o estado pudesse nos ajudar a buscar novos lugares para conseguirmos realizar o parto e salvar a vida das nossas bebês. Mas apenas apenas dois meses após o pedido, já no oitavo mês de gestação, eles me ligaram me chamando para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), dizendo que teriam médicos para nos atender”, cita.

Uma médica alertou que Alice teria pouquíssimo tempo até a hora do parto, pois as crianças nasceriam prematuras. Portanto, era necessário agilizar a transferência da família para Brasília, no Distrito Federal.

“É bem complicado uma gravidez de gêmeos chegar ao nono mês. Ainda mais a minha, que era de siameses. A médica disse que se eu não viajasse na mesma semana que me ligaram, para a transferência para o Hmib, eu não poderia ir mais, porque na próxima semana ela já ia me internar para fazer a cirurgia de retirada das bebês”, contou

O governo acriano providenciou a viagem de Alice e da mãe dela para Brasília. Assim que desembarcaram, tiveram a notícia que não queriam ouvir: as gêmeas não resistiriam por muito tempo. “Chegando no hospital, o médico me informou que não havia nada que pudesse ser feito para salvá-las. Disse que um coração para dois corpos não era suficiente, e, ainda era um coração mal formado”, lamenta.

“Também fui informada que era um parto de alto risco, e talvez nem eu resistisse, além de nunca mais poder engravidar novamente. Foi aí que realmente fiquei desesperada”, completou Alice. Após receber as notícias, a mãe conta que ligou para o esposo e conseguiu que ele viajasse às pressas para Brasília, para acompanhar o parto, ocorrido na sexta-feira da semana passada, dia 3 de maio.

Após o parto, Alice diz ter aproveitado os poucos – e preciosos – momentos que teve com as filhas. “Elas nasceram no dia 3. Eu estava muito triste e com medo, mas graças a Deus deu tudo certo no procedimento. Foram passando os dias, no pós-operatório, e elas foram ficando bem ruins. Precisaram ficar com oxigênio direto, se alimentando por sonda”, conta.

Os pais acompanhavam a piora no quadro de saúde de Aylla e Allana, quando receberam a notícia que nenhum pai jamais está preparado para receber: as pequenas não haviam resistido às complicações.

“Elas foram levadas para a UTI na noite do dia 8. Quando chegou na manhã seguinte, os profissionais nos chamaram para visitá-las na UTI. Chegando lá, vi os aparelhos desligados, pois já tinham declarado o óbito das minhas filhas. Eu chorei muito e ainda estou muito mal”, relembra.

Foram seis dias de vida. “Mas aproveitei cada segundo delas”, finalizou a mãe.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?