Apresentação de TCC na UnB é alvo de ataques LGBTfóbicos
Seis pessoas entraram na chamada de vídeo durante explanação de aluno de jornalismo da universidade, o ofenderam e postaram cenas violentas
atualizado
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Uma apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um aluno da Universidade de Brasília (UnB) foi alvo de ataques LGBTfóbicos nesta segunda-feira (7/12). Com o tema “Sem Sinal – Uma grande reportagem sobre o mercado de trabalho de telejornalismo para pessoas LGBTQIA+”, o vídeo mostrava entrevistas a jornalistas dessa comunidade e como é a batalha por vagas no mercado de trabalho.
O responsável pelo trabalho é o aluno de jornalismo Allan Montalvão, 23 anos. Conforme ele conta, a banca tinha a presença virtual dos professores que avaliariam o trabalho, amigos e outras seis pessoas. “Como o link era público, pensei que [os seis desconhecidos] eram alunos interessados no tema ou em ver como funcionaria a apresentação de um TCC de forma on-line”, explica.
Contudo, após cerca de cinco minutos de apresentação, Allan diz que uma voz meio robótica começou a falar junto com ele. “Diziam que era para encerrar aquela chamada, pois iriam divulgar o IP de todo mundo. Quando olhei para a tela, eram várias contas mostrando uma mulher sendo espancada, a bandeira LGBT sendo queimada e a frase ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos'”, detalha o universitário.
Depois de alguns minutos sem que o estudante e os professores soubessem o que fazer, eles decidiram encerrar a chamada e fazer outra, dessa vez particular, para encerrar a apresentação. “Eu estou assimilando mesmo só agora. Estava tão ansioso para apresentar que não pensei, na hora, que era um ataque direcionado a mim”, comenta Allan.
A professora Letícia Renault, orientadora de Allan, afirma que nunca viu algo desse tipo. “Fomos pegos de surpresa. Imagens agressivas, um áudio distorcido. Não esperávamos isso”, afirma.
Ataque foi gravado
Segundo o estudante, ele não deixará o episódio passar em branco. “Se está incomodando, eu fico feliz. Queria gerar um debate, não dessa forma, mas queria. Pretendo registrar ocorrência para que isso seja apurado”, afirma.
A reunião foi gravada, mas Allan ainda não teve acesso ao vídeo. Procurada, a Faculdade de Comunicação da UnB (FAC), informou que se manifestará por nota.
Confira o trabalho de Allan: