Após um mês de espera, bebê consegue cirurgia cardíaca no DF: “Ele já é um herói”, diz mãe
Khalleo Lucas Sena, de 1 mês e dois dias, conseguiu a vaga para fazer a cirurgia no Instituto do Coração. O Samu realizou o transporte
atualizado
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O pequeno Khalleo Lucas Sena Lopes tem 1 mês e dois dias de nascimento e trava uma batalha para sobreviver. Desde quando nasceu está internado no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), à espera de uma cirurgia para corrigir uma cardiopatia congênita grave. Na noite desta quarta-feira (18/11), a família recebeu a notícia de que ele será operado.
Khalleo conseguiu uma vaga no Instituto do Coração para ser avaliado por especialistas e fazer o procedimento. “Ele vai fazer os exames, vai ser uma criança normal. Desde o dia em que nasceu foi entubado. Ele vai poder respirar”, afirmou a mãe do pequeno, Íris Sena Sobrinho, 17 anos.
Emocionada, a estudante disse que o filho é um verdadeiro herói. “Ele é tão pequenininho, uma criança inocente e já luta tanto pela vida. Ele vai conseguir. A vaga só apareceu depois da reportagem do Metrópoles. Só posso agradecer”, destacou a jovem mãe.
O Serviço de Atendimento Móvel (Samu) foi até o HRC para levar Khalleo ao Instituto do Coração. “Foi tão rápido. Eles estão aqui, estão preparando ele. Estou com um sentimento bom. É como se aquela angústia, indefinição se fosse”, completou Íris.
Na manhã desta quarta-feira, o Metrópoles divulgou a reportagem Mães fazem apelo para Saúde do DF operar bebês cardíacos: “Pedimos socorro”. Íris era uma das mães citadas na reportagem. Em seguida, ela conseguiu a vaga para a operação de Khalleo.
Outros casos
A reportagem mostrou ainda que familiares de outros bebês na mesma situação também sofrem com a espera. Elena Vitória Neres Huhn Pereira Lima, 3 meses e 12 dias, nasceu prematura e foi diagnosticada com cardiopatia congênita. A pequena também tem indicação para correção cirúrgica com urgência.
Mãe de Elena, Keroen Neres, 28, disse que não há previsão para o procedimento. “A informação é de que não tem verba. A gente quer a disponibilização de recursos públicos para o Instituto do Coração poder chamar essas crianças. Não há verba, então não tem material e não é possível fazer a cirurgia assim”, ressalta a jovem. “Estamos pedindo socorro”, destaca.
Esther Dias Oliveira, de 1 mês e 16 dias, tem má formação no sistema nervoso central e no coração. Ela está intubada desde os 10 dias de vida.
“Necessita correção cirúrgica cardíaca urgente, devido risco de descompensação cardiocirculatória, podendo causar seu óbito”, diz trecho de relatório médico de 4 de novembro sobre o caso de Esther (veja documento na galeria abaixo).
O que diz a Secretaria de Saúde
Na manhã desta quarta, em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou à coluna Grande Angular, do Metrópoles, que o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) estava com as agendas bloqueadas: “Desta forma, o Sistema de Regulação não consegue agendar mais nenhuma criança para cirurgias”.
Segundo a pasta, Khalleo já tem diagnóstico estabelecido e espera vaga para cirurgia cardíaca no ICDF. “Até a realização do procedimento, ele segue com acompanhamento da equipe de especialistas do HRC, com atualização diária do prontuário, onde está registrada toda terapêutica adotada”, assinalou.
Elena teve a solicitação inserida no sistema no dia 28 de outubro, de acordo com a secretaria, e aguarda a disponibilidade de vaga. É o mesmo caso de Esther, cuja solicitação foi registrada em 21 de outubro. “É importante ressaltar que, enquanto aguardam, os pacientes são assistidos pela equipe multiprofissional do Hospital Regional de Ceilândia”, concluiu o órgão.
Na Justiça
Também nesta quarta-feira, a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) ajuizou Ação Civil Pública para exigir que a Secretaria de Saúde do DF cumpra acordo de dar andamento a cirurgias cardíacas em crianças e acabar com a fila de espera nas unidade de saúde brasilienses.
De acordo com o processo, em setembro, 77 crianças estavam à espera de cirurgias cardíacas. “Atualmente, a lista de espera já aponta um total de 108 crianças, ou seja, ocorreu um crescimento de 40% em apenas dois meses”, diz documento.
O pedido é que o GDF cumpra o acordo em cinco dias. O Executivo ainda não se pronunciou sobre a nova ação – o espaço segue assegurado a futuras manifestações.