Após três meses, morte de Jéssica ainda não tem linha de investigação
Mônica Santos cobra respostas da Polícia Civil para o assassinato da filha de 20 anos, estudante de jornalismo, em 14 de junho. A morte completou três meses na última semana sem respostas. “Nós só queremos saber o que aconteceu. Esperamos por justiça”, desabafa a mãe
atualizado
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Três meses depois do assassinato da estudante de jornalismo Jéssica Leite, 20 anos, a Polícia Civil ainda não conseguiu fechar o quebra-cabeças que envolve o crime e considera esse um caso difícil de ser solucionado, para desespero da mãe da jovem, Mônica Santos, 38, que trabalha em um escritório de contabilidade e mora em Taguatinga. “Eu não tenho mais vida. Choro de dia, choro de noite. Já perdi 8 quilos, desde que minha filha foi morta e ninguém sequer dá alguma satisfação”, disse Mônica ao Metrópoles.
Ainda muito abalada, ela conta que mal consegue trabalhar, se culpa por não conseguir consolar o filho mais novo, Edson, de 15 anos e, principalmente, acusa a Policia Civil de “fazer pouco caso” das investigações, o que é negado pela corporação.
A palavra que define tudo até aqui é revolta. Eu vou na delegacia e nem me deixam entrar. Até minha prima advogada está tentando ajudar e eles apenas dizem que a investigação está em sigilo. Eu, enquanto mãe, não vou conseguir seguir enquanto não souber o que de fato aconteceu.
Mônica Santos, mãe da Jéssica
Quando Jéssica Leite foi atacada por uma facada em plena luz do dia, em Taguatinga Norte, no dia 14 de junho deste ano, a primeira linha de investigação da Polícia Civil foi latrocínio (roubo seguido de morte). Mas a própria polícia não tem convicção dessa tese.
Segundo a mãe da estudante, a Polícia Civil estaria perdida em sua linha de investigação e ainda deixou o caso de lado devido à Operação Legalidade, deflagrada em 4 de julho deste ano. Em função da mobilização da corporação, que luta por reajuste salarial, 21 delegacias estão fechando a partir das 19h devido à falta de pessoal.
“Nós sabemos que isso é um total descaso. Eles não fizeram nada, usam a desculpa do sigilo para evitar o desgaste e não assumir que não fizeram nada. Eles estão trabalhando em passos de tartaruga e todo mundo sabe disso”, disparou a mãe.Ela ainda rebateu a possibilidade de a filha ter morrido devido a um acerto de contas por uso de drogas. “Isso é tudo mentira e eu vou processar esse delegado quando tudo terminar. Minha filha estudava, trabalhava (na Universidade Católica) e por não terem o que dizer ficam inventado essas histórias. A gente faz é sentir falta. Ela era minha amiga, minha companheira e parceira do irmão. Nós só queremos saber o que aconteceu. Esperamos por justiça”, completou.
Operação Legalidade
Procurado pela reportagem, Flávio Messina, da 17ª DP (Taguatinga Norte), informou não ser mais o delegado-chefe já que entregou o cargo de confiança durante a Operação Legalidade. Assim, segundo ele, não poderia dar entrevistas. No entanto, Messina afirmou que o caso não foi deixado de lado, já que é um crime grave.
Segundo ele, as investigações continuam intensas. “Hoje mesmo ouvimos várias pessoas sobre esse crime. Estamos explorando contradições, mas é um caso difícil de ser solucionado”. Questionado se a linha de investigação já foi definida – se seria um homicídio ou latrocínio -, ele não soube responder e também não deu um prazo para terminar o inquérito.
Relembre o caso
Jéssica Leite morreu aos 20 anos após levar facada no peito, na tarde do dia 14 de junho, na EQNL 21/23, em Taguatinga. No momento em que foi assassinada, ela tinha saído de casa para ir à Universidade Católica de Brasília, onde cursava jornalismo. O Corpo de Bombeiros tentou reanimá-la, mas a vítima não resistiu.
A jovem era definida por amigos como uma pessoa feliz. A indignação com os problemas do país e a injustiça social também eram traços da personalidade da jovem, características que a motivavam a cursar jornalismo. Jéssica queria trabalhar em uma redação. Extrovertida e comunicativa, ela sempre estava rodeada de pessoas.
No dia seguinte ao crime, a Polícia Civil encontrou porções de maconha, microsselos de LSD, uma balança de precisão e um aparelho para triturar a droga na mochila que estava com a jovem na hora em que ela foi morta. No entanto, a família alega que tudo pode ter sido plantando durante a aglomeração de pessoas que se formou logo após o assassinato.