Após ter “QG” descoberto, 300 do Brasil se instala em outro ponto do DF
Parte do grupo segue instalado em local fixo na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Ministério da Justiça
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal investiga qual é o novo local de concentração do grupo formado por integrantes da extrema direita e intitulado “300 do Brasil”. Os investigadores também trabalham para identificar e qualificar o papel de cada integrante no movimento. As autoridades pretendem determinar como funciona a logística, administração e de onde vem o dinheiro que financia o acampamento. Parte dos manifestantes segue com um ponto fixo na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Ministério da Justiça.
Conforme o Metrópoles revelou nesta semana, o último lugar identificado nos relatórios de inteligência era em uma chácara (foto principal) no Núcleo Rural Rajadinha, entre as regiões administrativas do Paranoá e de Planaltina.
O imóvel que extremistas usaram como base pertence a um oficial aposentado do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), o tenente Altamiro Rajão. O terreno entrou no radar do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), que chegou a pedir o cumprimento de mandados de busca e apreensão no local. A investigação fez com que os militantes deixassem o local.
Em entrevista, Rajão contou ter sido procurado recentemente por um amigo ativista que apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que perguntou se o lugar poderia hospedar, temporariamente, um grupo de pessoas de outros estados que viria para Brasília participar de uma manifestação.
Ao perceber que eram pessoas a favor de Bolsonaro, o bombeiro aposentado permitiu que o grupo usasse as instalações de forma gratuita. “Entretanto, fui surpreendido pelas redes sociais com a informação de que o local serviria como uma espécie de QG para treinamento paramilitar. Prontamente desautorizei tal iniciativa, pedindo que o grupo permanecesse apenas naquele final de semana”, afirmou.
Veja imagens da propriedade:
No entanto, o militar ressaltou que dezenas de pessoas de outros estados permaneceram nas instalações por quase uma semana, mas sem qualquer envolvimento com integrantes do 300 do Brasil.
“Continuarei defendendo e apoiando o governo Bolsonaro, a governabilidade do Brasil, a liberdade de manifestação e de imprensa. Mas não comungo com qualquer espécie de ação contra as instituições, a democracia e os poderes constituídos”, disse o militar. “Portanto, não temos vínculo nenhum com grupos paramilitares e muito menos estimulamos a desordem nacional”, acrescentou.
Investigação
Com alojamentos, cozinha, água potável e estrutura de treinamento militar, o terreno entrou no radar de setores de inteligência de órgãos de segurança da capital da República. O Metrópoles teve acesso exclusivo a detalhes dos levantamentos feitos pelos investigadores.
Entre os métodos, destaca-se um intenso recrutamento Brasil afora para engrossar as fileiras do movimento. A forma de atingir o maior número de adeptos é por meio das redes sociais e grupos de WhatsApp.
Os convidados, de vários estados, são influenciados a viajar até a capital da República e insuflados pelos líderes com palavras de ordem, sempre fazendo menção de derrubar a política de esquerda e de supervalorizar as figuras políticas que representam a direita no país.
Para garantir a segurança e evitar infiltrados, os integrantes do 300 do Brasil desenvolveram mecanismos de pesquisa que levantam toda a vida pregressa de cada aspirante. As principais informações conferidas são: se a pessoa é ou foi jornalista de qualquer tipo de veículo de comunicação ou se integrou partido político de esquerda. Informações como estado civil e grau de escolaridade também passam pelo crivo da organização.
Nas postagens, os avisos de que o treinamento é para uma “guerra não violenta (sem armas)” se misturam a mensagens que contradizem isso ao pedir que os acampados tenham roupa preparada para combate ou para a “possibilidade de detenção”.
Cientes de que o espaço virtual é público, os organizadores não detalham os planos.
Confira vídeo:
Diante dos fatos, a PCDF abriu inquérito, na terça-feira (26/05), para investigar a ação de integrantes do acampamento 300 do Brasil. As apurações tiveram início após uma onda de agressões físicas e verbais contra jornalistas no exercício da profissão e a cidadãos que se posicionam contrários ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
A apuração ficará sob responsabilidade da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco), unidade da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor).