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Ex-governadores do DF são transferidos e dividem a mesma cela no DPE

Arruda, Agnelo, Filippelli e outros seis detidos na Operação Panatenaico estão agora nas dependências da Polícia Civil do DF

atualizado

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1 de 1 PF42 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os ex-governadores José Roberto Arruda (PR), Agnelo Queiroz (PT), o ex-vice-governador do DF Tadeu Filippelli (PMDB), Cláudio Monteiro, Nilson Martorelli e Fernando Queiroz, presos na Operação Panatenaico, foram transferidos, na manhã deste sábado (27), para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. Eles dividem a mesma cela, sem direito a banho quente.

Investigados por fraude nos contratos das obras do Estádio Mané Garrincha, corrupção e lavagem de dinheiro, os seis estavam detidos havia cinco dias na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Agora, se juntarão a outros três alvos da operação, que também foram remanejados para o complexo da Polícia Civil do DF durante a semana. São eles: Jorge Salomão, Sérgio Andrade e Afrânio Roberto de Souza Filho. Todos eles ficarão no mesmo espaço.

A transferência ocorreu um dia depois de o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, acatar os pedidos do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal e autorizar a prorrogação da prisão temporária dos 10 detidos na Panatenaico.

Os detentos e os advogados de defesa vinham cogitando a possibilidade de mudança durante a semana. “Certamente, o local de carceragem é melhor do que o da superintendência (da PF). Lá, eles terão um pouco mais de dignidade. O espaço anterior era muito precário”, afirmou o advogado de José Roberto Arruda, Paulo Emílio Catta Preta.

Quem autorizou a transferência foi a Vara de Execuções Penais (VEP). Não ocorreu por conta de um pedido formal dos advogados, mas do entendimento de que as celas da Polícia Federal eram para os presos ficarem um ou dois dias, não mais de cinco.

Na carceragem do DPE, os nove presos terão quatro refeições: café da manhã, almoço, lanche e jantar. A primeira refeição do dia será pão com manteiga e café com leite. No almoço, terão arroz, feijão, macarrão, salada, suco e um doce de sobremesa (bananada). A família pode levar frutas, biscoito e suco. No entanto, as frutas não podem ser ácidas/cítricas para que os presos não as transformem em cachaça.

Desde que foram presos, os ex-gestores do Distrito Federal enfrentam uma rotina muito diferente da vida luxuosa a que estavam acostumados. Na Superintendência da PF, eles dividiam uma cela de 6 metros quadrados.

Quem teve contato com os presos garante que todos estão “muito abalados” com a prisão. O mais inconformado é Filippelli, que “teme pela sua longa vida pública”. Outro ponto em comum entre os prisioneiros é que todos choraram no isolamento, enquanto estavam na superintendência da PF.

Para tomar banho na PF, eles precisavam pedir para algum policial abrir o registro. A água sai “trincando” de tão gelada, segundo servidores contaram ao Metrópoles. Na superintendência, uma meia parede de cimento isola o “banheiro” do restante da cela. Arruda, por exemplo, está gripado e precisou tomar remédios levados por advogados. No DPE, continuarão tomando banho frio.

Panatenaico
A operação ocorreu na terça-feira (23). Batizada de Panatenaico, é decorrência das delações de ex-executivos da Andrade Gutierrez, empreiteira que construiu a arena por meio de consórcio firmado com a Via Engenharia. Os investigados teriam recebido pelo menos R$ 15 milhões em propina da empresa durante a reforma da arena, que custou três vezes mais (R$ 1,5 bilhão). A Justiça determinou a indisponibilidade de R$ 155 milhões de 13 envolvidos no esquema.

Além de Arruda, Agnelo, Filippelli, Cláudio Monteiro, Nilson Martorelli e Fernando Queiroz, foram presos a ex-presidente da Terracap Maruska Lima; os supostos interlocutores da propina Jorge Luiz Salomão e Sérgio Lúcio Silva de Andrade; e o empresário e ex-secretário do GDF Afrânio Roberto de Souza Filho. No dia da operação, Maruska foi levada para as dependências da PF no Aeroporto Internacional de Brasília. Informação ainda não confirmada pela Polícia Civil aponta que ela também foi transferida neste sábado para o Presídio Feminino do Gama.

Quem é quem:

Elza Fiúza/Agência BrasilJosé Roberto Arruda: ex-governador do DF, é apontado pela investigação como o mentor de “toda a fraude licitatória e os crimes daí derivados ao articular a saída de outras construtoras do certame e ao apontar/determinar desde logo os vencedores”. Ainda segundo a PF, Arruda, mesmo preso no âmbito da Caixa de Pandora, pressionava pelo recebimento da propina, que foi paga em 2013, quando ele já estava solto. Ao decidir pela prisão, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira ressalta que Arruda “liderou no início a associação criminosa em conluio com as construtoras, havendo indícios de práticas suas de delitos de fraude à licitação e lavagem de dinheiro”.

Dênio Simões/GDFAgnelo Queiroz: ex-governador do DF, foi quem executou a obra de construção do Mané Garrincha. No pedido de prisão elaborado pela delegada Fernanda Costa de Oliveira, ela detalha ao judiciário que o petista articulou na Câmara Legislativa mudanças para que a Terracap pudesse executar as reformas do estádio. A investigadora ressalta ainda que, em delação, Rodrigo Leite Vieira, gerente comercial da Andrade Gutierrez, afirmou ter entregue em 2014, no Canteiro de Obras do Estádio Mané Garrincha, “vultosos valores de propina destinados ao ex-governador em mãos de Jorge Luiz Salomão”.

Flickr Gov de BrasiliaNelson Tadeu Filippelli: ex-vice-governador do DF “se associou e cometeu delitos de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros a serem apurados, tendo feito diversos pedidos de propina da Andrade Gutierrez. Inclusive recebera propina para o seu partido PMDB, entre 2013 e 2014, tendo recebido valores ilícitos também da Construtora Via Engenharia tudo em função da realização das obras e na execução do contrato licitatória em que as duas empresas saíram vencedoras e executaram a obra hiperfaturada”, segundo consta na decisão que autorizou as prisões desta terça (23). Segundo o documento, Filippelli “cometeu diversas vezes o delito de corrupção e de lavagem de dinheiro e ainda de associação criminosa com os demais membros da “quadrilha” como Agnelo Queiroz e outros”.

Lula Marques/Secretaria da CopaMaruska Lima de Souza Holanda: ex-presidente da Terracap, foi integrante da Comissão de Licitação que consagrou as empresas Via Engenharia e Andrade Gutierrez como vencedoras do certame para a construção do estádio. O delator Rodrigo Leite afirmou que Maruska “teria recebido valores ilícitos, tanto da Via Engenharia, quanto da Construtora AG, tudo a apontar que pode ter incorrido nos delitos de corrupção, fraude à licitação, associação ou organização criminosa e lavagem de dinheiro.”

Michael Melo/Arquivo
Francisco Cláudio Monteiro:
ex-secretário da Copa, ex-deputado distrital e agente aposentado da Polícia Civil do DF, teria recebido, “a pedido de Agnelo, o valor de duzentos e cinquenta mil reais”. Para a Polícia Federal, Cláudio Monteiro cometeu os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

 

 

Nilson Martorelli: ex-presidente da Novacap, também foi alvo da delação de Rodrigo Leite como um dos beneficiados de propina paga durante os aditamentos contratuais da reforma do estádio. O dinheiro teria sido entregue a ele por meio de Alberto Nolli, da Via Engenharia, e por representantes da Andrade Gutierrez.

 

 

Fernando Márcio Queiroz: dono da Via Engenharia, é suspeito de fraudar a licitação para a construção do estádio em troca de pagamento de propina aos ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda. Segundo a PF, ele teria corrompido, por meio do diretor da Via Alberto Nolli, Maruska Lima e Nilson Martorelli.

 



Jorge Luiz Salomão:
apontado como intermediário sistemático de Agnelo Queiroz, ele teria recebido propina destinada ao petista dentro do canteiro de obras do Mané Garrincha. Ao pedir a prisão dele, a delegada Fernanda Costa informou que há indícios de que Salomão tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, “fazendo parte também da associação criminosa liderada por Agnelo Queiroz”. É da Diretoria do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF) e representante da empresa Coss Construções Ltda.

 

ABN News/ReproduçãoSérgio Lúcio Silva de Andrade: Empresário mineiro que se tornou figura proeminente em Brasília, Sérgio é apontado como interlocutor de Arruda, e seria o responsável por operar para o ex-governador na cobrança de propina a partir de 2013. É identificado no relatório como “a pessoa próxima e de confiança do ex-governador; era quem pedia e recebia o dinheiro para o ex-governador, inclusive lhe foi repassado um valor de dois milhões de reais diretamente de funcionários das construtoras”. É dono do Grupo Gran, que atua no DF e em Minas Gerais e inclui concessionárias, lojas de equipamentos automotivos, estacionamentos, uma fábrica de placas para automóveis e uma fazenda em Unaí (MG). Também já foi presidente da Associação das Agências de Automóveis do DF (Agenciauto), do Sindicato do Comércio Varejista de Automóveis e Acessórios do DF (Sindiauto), e da Associação de Fabricantes de Placas Credenciadas (Asplac). Além disso, foi diretor suplente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio-DF).

Rafaela Felicciano/MetrópolesAfrânio Roberto de Souza Filho: Empresário e ex-secretário do GDF, é acusado por delatores de ser operador financeiro de Filippelli e o responsável por receber propina para o ex-vice-governador. O relatório elaborado pela PF indica que foram dezenove pagamentos de propina, no percentual de 4% de cada medição. Natural de Goiânia (GO), possui empresas imobiliárias e de transporte em Goiás e na Bahia. Já em Brasília, é sócio da Porto Seco, empresa que realiza operação de exportação e importação no DF. Ocupou os cargos de secretário de Desenvolvimento Tecnológico e adjunto da Fazenda do GDF durante o governo de Joaquim Roriz.

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