Após pintura em cavalo, Hípica abre as portas para explicar atividade
Ibama notificou Escola de Equitação, que prepara resposta para o órgão. Atividade na colônia de férias resultou em denúncia de maus-tratos
atualizado
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Após a polêmica envolvendo o cavalo Thor, que foi pintado por crianças durante uma atividade na Escola de Equitação da Sociedade Hípica de Brasília, a instituição realizou, na manhã desta terça-feira (24/7), visita guiada para esclarecer o tema e mostrar como funcionam as aulas no local.
“O Thor tem 14 anos e não participa de competições. A função dele é atender crianças pequenas que estão aprendendo a montar. O intuito da atividade era aproximar as crianças dos cavalos, pois algumas delas têm medo ou receio”, explicou o diretor da escola, José Cabral.
Segundo o dirigente da escola de equitação, a pintura utilizada na atividade não era tóxica e tinha o objetivo de aproximar as crianças dos cavalos. “Há quatro anos fazemos esse tipo de atividade. No mundo todo, existem provas onde cavalos são pintados, não foi algo que inventamos agora. É a atividade que as crianças acham mais legal”, disse.
“O Ibama notificou a escola e já temos a resposta quase pronta para mandar para eles. Um fiscal do órgão esteve aqui e constatou que não houve sinal de maus-tratos. A atividade foi realizada na sexta-feira (20). Ela dura cerca de 20 minutos e, logo depois, o cavalo é limpo. Nos pediram laudo veterinário e um parecer pedagógico acerca das atividades desenvolvidas”, afirmou José Cabral.
O cavaleiro Thiago Rhavy, 30 anos, explicou que a interação do cavalo com crianças e adultos é muito importante. “Comecei a montar aqui com 4 anos de idade. Uma das coisas que sempre passam pra gente é que o ator principal é sempre o cavalo. Respeito, carinho e alimentação de qualidade são muito importantes. Pintar os cavalos é algo normal para a gente, algo feito em concursos de alto nível mundo afora. As crianças fizeram com o maior carinho do mundo”, justificou.
Ana Paula Vasconcelos, advogada da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal, não concorda com as explicações e pretende evitar que esse tipo de atividade vire um precedente. A defensora registrou ocorrência na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (Dema) na tarde dessa segunda-feira (23).
“Precisamos de uma sociedade mais consciente e de valores para as crianças. Nossa avaliação é que essa atividade deve ser retirada da Colônia de Férias da hípica. A sociedade reprovou o ato, portanto estamos evoluindo no respeito aos animais. Não houve maus-tratos, mas, sim, um abuso. Levamos o caso para a Polícia Civil, e será apurado”, disse Vasconcelos.
Colônia de Férias
A Colônia de Férias contou com a participação de 50 alunos, de 3 a 14 anos. A escola tem 260 alunos, de 3 a 100 anos. São ministradas mais de duas mil aulas por mês.
Uma das alunas participantes da pintura do cavalo, Catarina Borges, 8, que já monta há 7 anos, falou sobre a atividade. “Achei legal, pois é divertido pintar o cavalo. Ele fica bonzinho. Pintei ele com o dedo”, contou a criança, empolgada.
Luiza Teixeira Neves, 35, agricultora, mãe de Patrícia, 4, aluna da escola, garante que os cavalos são sempre muito bem tratados na escola de equitação. “Com certeza, a atividade não foi algo feita para prejudicar o animal”, acredita. “Foi tudo feito com muita segurança e a repercussão foi assustadora. Hora nenhuma vai ter mau-trato de qualquer cavalo aqui na hípica”, emendou o diretor da escola.
Polêmica
A polêmica ocorreu durante uma atividade pedagógica em uma colônia de férias na Sociedade Hípica de Brasília. Tudo começou quando crianças receberam tinta e foram estimuladas a pintar um cavalo. Após denúncia, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esteve no local na manhã de domingo (22) e notificou os responsáveis.
A denúncia foi feita por Ana Paula Vasconcelos, membro da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF). Ela conta ter recebido a foto na sexta-feira (20) e, inicialmente, especulou se o caso teria ocorrido em Águas Lindas de Goiás. “Depois, confirmamos ter sido na hípica. Lá, eles disseram que se tratava de uma atividade lúdica, que o cavalo era um animal resgatado e acompanhado por veterinários”, contou a advogada.