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Após mudança de contrato e pandemia, DF perde 767 garis, diz sindicato

Segundo trabalhadores, redução diminui a qualidade da limpeza no DF e sobrecarrega categoria. SLU nega número e queda de varrição

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Gari desempregada com família
1 de 1 Gari desempregada com família - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Após a mudança no contrato de varrição e a pandemia do novo coronavírus, a limpeza pública no Distrito Federal tem menos 767 garis atuando nas ruas. O alerta parte das associações dos próprios trabalhadores.

De acordo com o diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores de Limpeza Urbana (Sindlurb) e segundo secretário da Federação dos Trabalhadores no Comércio e Setor de Serviços DF (Fetracom), Raimundo Nonato Correia Moraes, a situação é crítica.

Segundo ele, antes de o contrato ser alterado em 2019, o DF contava com aproximadamente 5.200 garis. “Logo depois, 600 foram demitidos. O governo prometeu recontratá-los, mas não cumpriu a promessa”, afirmou.

E a situação se agravou neste ano com a Covid-19, de acordo com Nonato. “As empresas contratadas pelo governo demitiram 167 trabalhadores do grupo de risco. Essas pessoas estavam para se aposentar. Dificilmente serão recontratadas”, lamentou.

Do ponto de vista das associações, a redução do quadro compromete a qualidade do serviço e a saúde dos garis. Pelas contas do Sindlurb, antes da mudança do contrato, uma dupla varria 2,4 km por dia. Hoje precisa limpar 3,1 km.

“Os garis estão sendo escravizados. E a limpeza da cidade não está boa. Na verdade, estão tapando o Sol com a peneira”, ponderou o diretor sindical.

Além disso, grande parte dos garis demitidos não conseguiu novos empregos. É o drama de Anne Caroline Viana Ferreira (foto em destaque). Após quatro anos de trabalho como gari, ela foi dispensada. Teve esperança na promessa de recontratação, mas está desempregada até hoje.

Confira o relato da trabalhadora:

Mãe de cinco filhos, Anne depende da ajuda das pessoas. “Não recebo nada do governo. Não tenho renda”, lamentou. “Eu gostaria de voltar a trabalhar como gari. Se eles deram a opção para gente voltar, é um direito”, completou.

Assista: 

Outro lado

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) discorda das informações das representações dos trabalhadores. Segundo o órgão, antes da renovação dos contratos, em outubro de 2019, 4.434 garis trabalhavam na varrição do DF e cerca de 400 foram demitidos.

“Houve um entendimento entre sindicato e o GDF que, à medida que surgirem novas vagas, esses trabalhadores teriam prioridade na recontratação. Além disso, também está sendo feita análise da necessidade de ampliação dos serviços para propor um aditivo nos contratos, permitindo, assim, novas contratações”, informou, em nota.

“Casos suspeitos e do grupo de risco [para Covid-19] estão recebendo seus salários e apoio das empresas”, declarou o SLU. Pelas contas do órgão, existem 171 garis diagnosticados com o coronavírus. O SLU diz ainda não ter havido queda na qualidade da limpeza no DF.

Os contratos de limpeza do DF estão divididos entre as empresas Sustentare, Valor Ambiental e Consita, cujo nome mudou recentemente para SUMA Brasil.

A Sustentare emprega aproximadamente 1.400 funcionários efetivos. “A quantidade de postos de trabalho mantida é superior ao exigido pelo contrato, sendo natural a ocorrência de pequenos ajustes nos quadros, seja em razão da demanda ou capacitação individual”, afirmou, em nota enviada ao Metrópoles.

Segundo a empresa, foram adotados todos os protocolos do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para assegurar a segurança e saúde dos colaboradores durante a pandemia da Covid-19.

A SUMA Brasil disse desconhecer rescisões de contratos de trabalhadores enquadrados no grupo de risco para a doença entre seu quadro de funcionários. “Sobre a recontratação dos garis, solicitamos que a demanda seja encaminhada ao SLU, que é responsável por determinar a quantidade de colaboradores em cada contrato”, acrescentou.

A reportagem tentou contato com a Valor Ambiental, mas não obteve respostas. O espaço está aberto para eventuais manifestações.

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