Após morte e espancamento, reitoria proíbe festas com bebidas na UnB
Na sexta-feira (2/11), um jovem foi assassinado a tiros e uma aluna de antropologia apanhou de sete rapazes
atualizado
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Após reunião da reitoria com os Centros Acadêmicos (CAs) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Universidade de Brasília (UnB) decidiu suspender autorizações para a realização de festas com bebidas alcoólicas nas dependências da instituição. O documento foi assinado nesta terça-feira (6/11) e a medida vale até nova deliberação do Conselho Universitário (Consuni) sobre o assunto.
“Depois de conversas, ficou pactuado que é necessário rever a realização de eventos nos campi”, diz um trecho da nota enviada pela universidade ao Metrópoles.
O encontro foi convocado após os últimos episódios de violência ocorridos no campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, como o assassinato do jovem de 19 anos, Renan Rafael da Silva Barbosa, na sexta-feira (2/11). No mesmo dia, uma aluna do curso de antropologia foi espancada por sete rapazes. Felizmente, ela não ficou ferida gravemente.
Em junho, a morte do aluno da UnB Jiwago Henrique de Jesus Miranda, 33 anos, chocou a comunidade acadêmica. O estudante de filosofia foi agredido e teve a cabeça esmagada por uma pedrada.
Tiros em festa
No último caso, testemunhas informaram aos militares que três indivíduos abordaram Renan. Um deles efetuou cerca de três disparos. A vítima caiu e, em seguida, levou mais um tiro e vários chutes na cabeça.
De acordo com o delegado-chefe da 2ª DP (Asa Norte), Laércio Rosseto, vítima e suspeitos trocaram olhares e ameaças durante o evento HH da Resistência, promovido pela Faculdade de Direito.
Os quatro acusados de participação no homicídio foram presos e passaram por audiência de custódia no sábado (3). Eles ficarão detidos por tempo indeterminado. Todos, incluindo Renan, já tinham passagem pela polícia.
A juíza substituta Paula Afoncina Barros Ramalho decidiu transformar o flagrante em prisão preventiva, concordando com o Ministério Público. O MP entendeu que os quatro representam risco à ordem pública.
De acordo com a UnB, a festa na Faculdade de Direito foi autorizada e ocorreu por conta do encerramento da XXII Semana Jurídica. No entanto, o evento teria sido encerrado, nas dependências físicas da instituição, à meia-noite, mas algumas pessoas continuaram no estacionamento, sem que houvesse autorização para isso.
A universidade afirmou que está acompanhando as investigações e fornecendo material das câmeras de segurança. De acordo com a instituição, foram instalados 350 equipamentos de monitoramento nos quatro campi e foi mudado o esquema de ronda a fim de aumentar a segurança na universidade. “Há, entretanto, desafios adicionais, uma vez que o campus Darcy Ribeiro é aberto, integrado à Asa Norte.”
Outro crime
Em 23 de junho, o corpo de universitário Jiwago Henrique de Jesus Miranda, 33, foi encontrado próximo a casas e apartamentos onde moram alunos e professores da UnB. Preso dois meses depois pelo assassinato, Mateus Rosa dos Santos, 19 anos, disse que matou a vítima com golpes de telha e concreto, perto da Colina, na Asa Norte, devido a uma dívida de R$ 300 referente à venda de drogas.
Horas antes do crime, uma das câmeras do campus filmou o estudante de filosofia ainda com vida. Na semana anterior, ele havia aparecido na universidade com um olho roxo e disse a professores e colegas ter se envolvido em uma briga, mas sem dar detalhes do atrito.
O acusado disse que, após levar Jiwago para o matagal, deu quatro golpes na cabeça do estudante. A vítima tentou escapar, mas Mateus e um adolescente puxaram o universitário pelas pernas e bateram nele com um pedaço de concreto.
Matriculado no curso de filosofia, Jiwago era membro da comunidade acadêmica havia nove anos, mas vivia em situação de rua há, pelo menos, dois anos. Durante o dia, frequentava as aulas. À noite, dormia em cantos escondidos da universidade. O rapaz despertava a atenção dos colegas por ser gentil e educado. Mas, nos últimos meses, não parecia bem e se mostrava hostil com quem se aproximava.