PCDF abre investigação de grilagem e dano ambiental em histórica área de preservação
A Delegacia do Meio Ambiente (Dema) confirmou o crime na região e enviou equipes para realizar diligências
atualizado
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Após publicação do Metrópoles sobre a denúncia de atividades de grileiros na Área de Relevante Interesse Ecológico Granja do Ipê, localizada no Riacho Fundo II, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e Meio Ambiente (Dema), confirmou o dano ambiental na área em questão e enviou equipes para colher provas e investigar mais a fundo a notícia de crime ambiental e invasão de terras.
Segundo o Delegado da Dema Lorisvaldo Chacha Rosa, a atividade de grilagem se inicia com a supressão do solo por meio da retirada de vegetação com máquinas pesadas. Em seguida, há o cerceamento da área desmatada, que, posteriormente, poderá ser desmembrada para fins de loteamento irregular.
No último sábado (9/10), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) foi até a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) e destacou que o local devastado tem cerca de 7 mil metros quadrados. Informou ainda que as máquinas utilizadas na “limpeza” do terreno seriam da empresa “GC Terraplanagem”. Elas foram encontradas pela fiscalização em uma fazenda a 800 metros do lugar desmatado.
O Metrópoles entrou em contato com a empresa, mas não foi atendido. O espaço segue aberto para respostas.
Na terça-feira (12/10), o drone do Metrópoles realizou um sobrevoo no local e viu que o contraste da área desmatada é nítido.
Relembre o caso
Localizado próximo à Mesa de JK, no Riacho Fundo II, e cercado pelos bairros do Riacho Fundo I e Park Way, o espaço de exuberância nativa do Cerrado da Arie Granja do Ipê é alvo constante de atividades de grileiros que avançam pela área de preservação.
Margeado pelos córregos do Capão Preto e do Ipê, importantes nascentes para o abastecimento da Bacia do Paranoá, e situado a cerca de 35 quilômetros do Congresso Nacional, também é berço de sítios arqueológicos pré-coloniais de alta relevância histórica que datam de mais de 4 mil anos.
O espaço que conserva o local de descanso utilizado por Juscelino Kubitschek há mais de 60 anos é visado por grileiros desde antes da formação da Arie, em 1998, segundo o Decreto n° 19.431, de 1998. A Mesa de JK foi erguida entre árvores nativas do Cerrado para que fosse utilizada durante momentos de privacidade e descontração no decorrer da construção da cidade.
A cerca de 6 quilômetros dali, encontra-se o Catetinho, a primeira residência oficial do ex-presidente de Juscelino Kubitschek. O local foi projetado por Oscar Niemeyer e chegou a abrigar oficiais das Forças Armadas durante a ditadura militar do Brasil.