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Após homem dizer que irmão foi preso em seu lugar, VEP manda isolar detento até “elucidação”

Vicente Wallace diz que seu irmão Denis foi preso por crime cometido por ele. Denis ficará separado dos detentos até caso ser esclarecido

atualizado

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Reprodução/Vídeo
Homem é preso no lugar do irmão
1 de 1 Homem é preso no lugar do irmão - Foto: Reprodução/Vídeo

Após um homem afirmar que o irmão foi preso em seu lugar, no Distrito Federal, a Vara de Execuções Penais do DF (VEP-DF) determinou que o detido, Denis Goulart Lopes, de 38 anos, fique separado dos demais detentos na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) do Departamento de Polícia Especializada, “até a completa elucidação dos fatos”.

Vicente Wallace Goulart Lopes, 33, afirma que o irmão foi preso em seu lugar, na última sexta-feira (8/10). A esposa de Denis conta que ele é salgadeiro em uma padaria no Recanto das Emas e estava no trabalho quando policiais chegaram com um mandado de prisão no nome dele, por um furto cometido em 2009, em Uberlândia (MG). Porém, quem cometeu o crime teria sido Wallace, que, ao ser preso na época, deu o nome do familiar.

Em nota enviada ao Metrópoles, o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios DF (TJDFT) informou que “os mandados de prisão são de Uberlândia e Goiânia” e que a Vara de Execuções Penais “está providenciando a identificação biométrica para encaminhar para os juízos das respectivas cidades”.

No pedido de providências instaurado pela juíza da VEP, ela também determina o recambiamento definitivo de Denis para a Comarca de Goiânia ou Uberlândia, “conforme o entendimento dos doutos Juízos”. A magistrada deu 30 dias para que a remoção do preso seja providenciada. Enquanto isso, ele permanecerá isolado, na DCCP.

Veja o documento com a decisão:

Decisão VEP-DF by Metropoles on Scribd

Apesar da situação, a esposa do salgadeiro, a professora Bruna Rabelo, de 34 anos, confia que o marido será inocentado em breve.

“Eu estou confiante que tudo vai ser resolvido, mas ainda ficamos muito apreensivos. A nossa filha mais velha tem 19 anos e a outra tem 13. Essas meninas são a paixão dele. São 20 anos juntos e está sendo bem difícil para nós”, diz.

Entenda

Ao Metrópoles Vicente Wallace assumiu ter cometido o crime e disse estar arrependido de ter se passado por Denis. “Estou arrependidíssimo. O que eu quero é que meu irmão saia, porque ele nunca foi criminoso. Estou desesperado, muito preocupado com ele”, afirmou.

Wallace relata que quando foi preso em flagrante, em Minas Gerais, ficou detido por um mês. Ele havia cometido furto em uma unidade das Lojas Americanas de Uberlândia.

“Quando me abordaram, eu disse que não tinha documentos. Falei o nome do meu irmão, dei a data de nascimento dele também, o nome do pai e da mãe. Aí tiraram minhas digitais, deixaram na delegacia e, de um dia para o outro, me levaram para o presídio. Lá, tirei foto e dei as digitais de novo e fiquei preso por um mês, porque minha irmã pagou um advogado e me tirou de lá para eu responder em liberdade. Depois disso, eu me mudei para Goiânia”, narra.

Ele diz que após mudar para o estado de Goiás não voltou para o julgamento do caso. Desde então, o homem era tido como foragido, mas o nome procurado pela Justiça de Minas era o de Denis.

Já em Goiânia, Wallace cometeu outro crime, de roubo, e novamente apresentou-se como Denis Goulart Lopes. Ele começou a cumprir a pena em 13 de agosto de 2010. Após passar para o regime semiaberto, tornou-se foragido em junho de 2012.

Veja os dois mandados de prisão que foram abertos contra Denis:

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O nome dele também foi usado pelo irmão quando Wallace foi preso em Goiânia
Denis Goulart Lopes está preso no DF desde sexta (8/10)
Irmão dele, Wallace tirou os documentos pessoais neste ano. Anos atrás, ele usou o nome de Denis ao ser preso
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Mandado de prisão no nome de Denis por crime em Uberlândia

Material cedido ao Metrópoles
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O nome dele também foi usado pelo irmão quando Wallace foi preso em Goiânia

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Denis Goulart Lopes está preso no DF desde sexta (8/10)

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Irmão dele, Wallace tirou os documentos pessoais neste ano. Anos atrás, ele usou o nome de Denis ao ser preso

Material cedido ao Metrópoles

Após a prisão de Denis nesta sexta-feira, no DF, Wallace contratou uma advogada na tentativa de comprovar a inocência do irmão. A defensora Rayane Duarte Pereira comenta que ainda tenta ter acesso ao processo de Uberlândia.

“O processo de Minas é de 2009 e, nessa época, não tinha processo eletrônico, então ele ainda é físico. Estou entrando em contato com colegas de Minas para poder pegar cópias”, disse.

De acordo com ela, a defesa pedirá que Denis seja indenizado. “Nesse caso de Goiânia a gente vai ter que entrar com uma revisão criminal, porque teve uma sentença no nome dele [Denis] sendo que ele não cometeu crime. Já tem um processo na própria execução penal, no nome dele, sendo que ele nunca nem compareceu ao presídio”, pontuou.

“Então, essas provas de Goiânia também vão servir para comprovar que não era ele que estava preso. Documentos de lá com a foto dele, tudo isso será pedido para juntar nesse processo de Minas. E vamos pedir indenização do Estado, porque teve uma condenação injusta”, informou a advogada.

Em vídeo, Wallace pede para que o irmão seja inocentado e assume os crimes que cometeu. “Estou correndo atrás agora para provar isso. Podem pegar a foto que tem no presídio e a digital e comparar com ele, que vão ver que é diferente”, assinalou.

Veja o que diz Vicente Wallace:

O que dizem os órgãos envolvidos

Procurada para se manifestar sobre a prisão de Denis, a PCDF informou que “deu cumprimento a dois mandados de prisão, sendo um condenatório do TJGO e outro preventivo do TJMG, ambos em desfavor do autor”. “A investigação dos crimes ocorreu em outro estado. A PCDF apenas deu cumprimento ao mandado”, afirma a corporação.

Já a Polícia Civil de Minas Gerais diz que “considerando que a referida prisão não foi realizada pela Polícia Civil de Minas Gerais, que o procedimento relativo ao fato ocorrido em Uberlândia foi remetido à Justiça e que se trata de mandado de prisão judicial, cabe ao Poder Judiciário o repasse das informações”.

O Metrópoles também procurou a Polícia Civil de Goiás, bem como as Justiças de Minas e de Goiás, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.

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