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Acusado de assédio sexual, orientador é afastado de escola no DF

Segundo estudantes, os casos de assédio ocorreram no CEM 9, em Ceilândia. Pelo menos 20 meninas disseram terem sido vítimas do educador

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1 de 1 Foto-frente-CEM9-em-ceilandia - Foto: RepReprodução/ Street View

O orientador do Centro de Ensino Médio 9 (CEM9), em Ceilândia, Distrito Federal, acusado de cometer uma série de assédios dentro da instituição de ensino, foi afastado da escola, na segunda-feira (21/11), segundo a vice-diretora, Maria José. Ao Metrópoles, a gestora informou que a decisão foi tomada logo após alunas terem procurado a direção do colégio para denunciar o servidor. Pelo menos 20 meninas disseram ter sido vítimas do educador.

Orientador é investigado por assediar alunas em escola pública no DF

“O episódio de assédio envolvendo o orientador educacional chegou à direção na semana passada. Alunas e pais foram ouvidos e orientados a procurar os órgãos competentes. O servidor foi imediatamente afastado”, enfatizou a vice-diretora.

À reportagem Maria José disse que foi ela quem conversou com as alunas durante a denúncia. Segundo a educadora, a escola não impediu as estudantes de falarem sobre o ocorrido. “Elas me disseram que alguns colegas estavam olhando feio para elas e, por isso, aconselhei a não falar perto dessas pessoas. Foi uma preocupação quanto ao que poderia acontecer nesse caso”, detalhou a mulher.

A gestora acrescentou que a direção se encontra à disposição de todos para “qualquer esclarecimento”. “Reforçamos que a escola está acompanhando o caso com a devida atenção. A preocupação maior e final é com as alunas, no intuito de as poupar de quaisquer outros problemas”, finalizou.

Entenda o caso

Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da II Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II), investiga denuncias de assédios supostamente praticados pelo orientador do CEM 9. Segundo estudantes, o homem cometia abusos sexuais contra alunas dentro da instituição de ensino e por meio das redes sociais.

Uma aluna, que pediu para não ser identificada, contou à reportagem que o servidor “aproveitava” o momento em que as estudantes procuravam a secretaria para cometer os abusos disfarçados de “brincadeiras”. Segundo ela, o comportamento do orientador começava com frases sutis e, com o tempo, evoluía para comentários absolutamente constrangedores.

“Precisei procurar a coordenação para resolver um problema e ele estava lá. Conversamos e, na hora que virei para voltar para a minha sala, ele disse ‘nossa, você tá com um corpão. Está gostosa, com todo respeito’. Eu me senti muito desconfortável. Eu estava uniformizada, e na escola. Não esperava ouvir isso. O pior é que não parou por aí. Os comentários inconvenientes continuaram em minhas fotos e em mensagens nas redes sociais”, declarou a jovem.

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Segundo estudantes, o homem cometia os supostos assédios pessoalmente e proferia "comentários inapropriados" nas redes sociais
O homem, segundo estudantes, "aproveitava" o momento em que as estudantes procuravam a secretária para resolver pendências para cometer os abusos
Após registro de boletim de ocorrência, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da II Delegacia Especial da Mulher, investiga o caso
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Alunos do Centro de Ensino Médio 9 do Setor O (CEM9) acusam o orientador da instituição de cometer série de abusos sexuais

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Segundo estudantes, o homem cometia os supostos assédios pessoalmente e proferia "comentários inapropriados" nas redes sociais

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O homem, segundo estudantes, "aproveitava" o momento em que as estudantes procuravam a secretária para resolver pendências para cometer os abusos

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Após registro de boletim de ocorrência, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da II Delegacia Especial da Mulher, investiga o caso

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Uma outra estudante ouvida pelo Metrópoles contou que o professor fazia comentários “maliciosos” sobre o corpo dela, inclusive para outras pessoas. “Certo dia, uma amiga minha foi até a sala do orientador pegar uma calculadora e eu fiquei esperando a alguns metros da porta. Nessa hora, ele virou para essa minha colega é disse ‘nossa, como aquela sua amiga tem uma bunda grande e bonita’. Assustada, obviamente minha amiga me falou’”, detalhou a jovem.

“Eu fiquei irritada e passei a olhar para ele com muita indignação. Um tempo depois, ainda no mesmo dia, ele me chamou em sua sala, perguntou se minha amiga tinha falado algo e então soltou: ‘Falei porque, olha, eu nunca tinha visto algo assim antes’, se referindo às minhas nádegas. Me senti desrespeitada, coagida e com medo”, finalizou.

Outras denúncias

Uma terceira aluna, cansada do que estava acontecendo, juntou um grupo de estudantes que se sentiam vítimas do servidor e procurou a direção da escola. “Eu fiquei com medo de acontecer alguma coisa mais séria, por isso incentivei a denúncia. No dia em que procuramos a direção, ficamos uns 40 minutos relatando tudo o que tinha acontecido e o que testemunhamos”, disse a adolescente.

“Depois que detalhamos tudo, a nossa diretora perguntou porque demoramos para falar sobre o assunto. Respondemos, então, que tínhamos medo de não acreditarem na gente. Por fim, contamos o que aconteceu com outras meninas, a diretora as chamou e todas passaram a narrar o que o orientador havia feito. Foi aí que viram o tamanho do problema. Ao menos 20 meninas disseram ter passado pelo mesmo”, detalhou a jovem.

Apesar do que inicialmente declarou às estudantes, a escola, posteriormente, disse que o assunto não deveria mais ser comentado, pois, segundo eles, “fofocas deveriam ser evitadas”. A posição da instituição causou ainda mais tristeza e ansiedades nas alunas.

“É muito triste ver que nós mulheres não podemos confiar em ninguém para falar sobre assuntos como este. A escola deveria ser um lugar de exemplo. O pior é saber que a direção se preocupa mais em tentar deixar o colégio com o nome limpo do que ajudar as alunas”, desabafou uma estudante.

Uma quarta aluna, então, procurou a II Delegacia Especial da Mulher (Ceilândia), e registou boletim de ocorrência. “Apenas queremos justiça”, disse a estudante.

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De acordo com o artigo 216 – A, do CP, caracteriza-se como assédio sexual “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função” (incluído pela Lei 10.224)
A pena prevista é de um a dois anos de detenção, sendo aumentada em até um terço se a vítima for menor de 18 anos
O assédio sexual também é considerado discriminatório, uma vez que ocorre em virtude do sexo da vítima. De acordo com um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), “o crime está ligado com o poder. Na maioria das vezes acontece em sociedades em que a mulher, por exemplo, é tratada como cidadã de segunda classe ou objeto sexual”
“Exemplo clássico é quando favores sexuais são solicitados em troca de trabalho, promoção ou aumento salarial. Outro exemplo é o assédio sexual de rua, que pode ir desde sons e assobios a palavras ofensivas ou até abuso e violação sexual”, indica o estudo
Caracteriza-se como assédio sexual: tocar, beijar, abraçar ou encostar em alguém com segundas intenções e sem permissão; contar piadas obscenas; compartilhar imagens com conteúdo pornográfico e enviar mensagens, cartas ou e-mails de natureza sexual
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O assédio sexual é caracterizado por avanços ou exigência de favores sexuais não requeridos e não aceitáveis, que inclui também contatos físicos ou verbais com conotações sexuais. É visto como uma forma de violência contra a mulher, ou homens, e é um crime previsto no Código Penal brasileiro (CP)

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De acordo com o artigo 216 – A, do CP, caracteriza-se como assédio sexual “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função” (incluído pela Lei 10.224)

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A pena prevista é de um a dois anos de detenção, sendo aumentada em até um terço se a vítima for menor de 18 anos

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O assédio sexual também é considerado discriminatório, uma vez que ocorre em virtude do sexo da vítima. De acordo com um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), “o crime está ligado com o poder. Na maioria das vezes acontece em sociedades em que a mulher, por exemplo, é tratada como cidadã de segunda classe ou objeto sexual”

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“Exemplo clássico é quando favores sexuais são solicitados em troca de trabalho, promoção ou aumento salarial. Outro exemplo é o assédio sexual de rua, que pode ir desde sons e assobios a palavras ofensivas ou até abuso e violação sexual”, indica o estudo

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Caracteriza-se como assédio sexual: tocar, beijar, abraçar ou encostar em alguém com segundas intenções e sem permissão; contar piadas obscenas; compartilhar imagens com conteúdo pornográfico e enviar mensagens, cartas ou e-mails de natureza sexual

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Também é considerado assédio sexual avaliar pessoas por seus atributos físicos, proferir comentários com conotação sexual sobre a roupa de terminada pessoa, assobiar ou fazer sons inapropriados, oferecer cargos, dinheiro ou aumento em troca de relação sexual, perseguir alguém, apelidar de forma inapropriada, entre outros

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Apesar de o que possa parecer, o assédio sexual não acontece apenas com mulheres. Homens também podem ser vítimas do crime. Na verdade, não existe um padrão de gênero. Já o assediador pode ser qualquer pessoa, desde um chefe, um familiar a um desconhecido ou alguém entrevistando para um trabalho, por exemplo

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Para combater o crime, o primeiro passo é quebrar o silêncio. Além disso, segundo um guia elaborado pelo Senado Federal, é importante registrar detalhadamente todas as invertidas criminosas, bem como a data, hora, local, nomes do perpetrador e das testemunhas e descrições dos eventos para ajudar na coleta de evidências

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Em seguida, reporte os casos às autoridades competentes, ao órgão ou empresa onde trabalha ou onde a situação ocorreu. Ainda segundo o guia, a denúncia é a única forma de fazer com que o agressor seja punido

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Ao Metrópoles a mãe de um aluno, que também terá a identidade preservada, disse estar indignada e preocupada com o que aconteceu com as menores dentro da instituição de ensino. “É um absurdo. O caso precisa ser investigado, sim. Isso não pode passar em branco. Esse homem é um tirano. Certa vez precisei ir à escola após ele bater no peito do meu filho e quase rasgando a blusa de frio que ele usava para ver o uniforme”, disse a mulher.

“Isso é muito sério. Em breve minha filha será encaminhada ao CEM 9 e eu fico com medo de algo do tipo acontecer com ela também. É grave demais o que está acontecendo nesse colégio. Um absurdo que não pode ser normalizado”, declarou a mulher.

Secretaria de Educação

Metrópoles procurou a Secretaria de Educação, mas a pasta não havia emitido nenhum parecer quanto às denúncias. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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