Após denúncia, clínica do DF suspende demandas relacionadas à “cura gay”
Empresa Hipnoticus informou nesta terça-feira (10/11) que o serviço, que custava R$ 29.990, ficará interrompido “por tempo indeterminado”
atualizado
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A clínica de hipnose de Brasília que é investigada por oferecer “cura gay” informou, nesta terça-feira (10/11), que “não serão aceitas mais demandas de tratamento que lidem com a homossexualidade”. Empresa Hipnoticus atualizou a nota oficial disponível em seu endereço eletrônico após o hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevedo Veloso prestar depoimento à Polícia Civil do DF (PCDF).
No texto publicado nesta tarde, a unidade informa que o serviço, que custava R$ 29.990, ficará interrompido “por tempo indeterminado”. A clínica ainda ressalta que “os primeiros esclarecimentos já foram prestados às autoridades”.
O dono da empresa dizia ser cadastrado no Conselho de Auto Regulamentação da Terapia Holística (CRT), uma sociedade civil sem vínculos com o governo federal. Além da “cura gay”, ele oferecia tratamento de doenças como depressão e ansiedade em até seis meses, mesmo não tendo formação em psicologia, medicina ou terapia ocupacional.
No entanto, o CRT nega que Veloso esteja filiado à entidade. Em nota enviada ao Metrópoles, o conselho informou que o hipnoterapeuta teve o cadastro suspenso em agosto de 2018 por “pendências estatutárias e falta ética e profissional”. “Justamente por não cumprir as normas previstas no código de ética profissional, ele foi alertado a cessar a utilização do número da CRT de forma indevida”, destacou.
Na nota divulgada nesta terça-feira, Henrique justificou que a suspensão da filiação dele ao CRT se deu pela demora em ajustar em seu site “termos não adequados à prática da terapia holística”.
“Isso se deu por causa de dificuldades técnicas, somadas à grande quantidade de informações que eram disponibilizadas. Atualmente, o site encontra-se em processo de manutenção para a adequação dos termos, e o processo de refiliação de Henrique ao CRT está em andamento. Henrique permaneceu por aproximadamente 10 anos filiado à organização, tendo ingressado em 2009. A filiação ao CRT é voluntária e Henrique o fez pelo desejo de ver a organização da profissão de terapeuta e de uma possível regulamentação da profissão em lei”, diz a nota.
O caso é investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual (Decrin) e pelo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Entenda o caso
A empresa Hipnoticus, localizada na Asa Sul, dizia que o serviço para “tratar” a homossexualidade gerava resultados em seis meses. Segundo consta no site do estabelecimento, a hipnose é feita utilizando o método Psicoterapia Sem Falhas, usado pelo hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso. São oferecidas três opções de serviços: sessões com duração de quatro, seis e oito meses.
O caso foi revelado pelo Metrópoles no último sábado (7/11). Nessa data, Henrique confirmou à reportagem que a clínica existe desde 2010. Sobre o “tratamento” para homossexualidade, ele afirmou que “há pessoas que não ficam satisfeitas com esse tipo de vida. Então, o tratamento é oferecido nessa perspectiva”.
Em uma parte do endereço eletrônico, sobre “como funciona a hipnose”, a empresa dizia que “a hipnose também é a única solução para mudar sua orientação sexual e te livrar da atração indesejada pelo mesmo sexo”. Após a publicação da primeira reportagem do Metrópoles sobre o caso, o empreendimento retirou a palavra “homossexualismo” da parte de serviços oferecidos no site. Veja: