Após curto-circuito em escola pública do DF, 350 alunos ficam sem aula
Colégio está interditado por tempo indeterminado. A decisão foi tomada por orientação dos bombeiros, devido ao risco nas fiações elétricas
atualizado
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Alunos e servidores de mais uma escola pública do Distrito Federal sofrem as consequências do descaso e da falta de manutenção. Desta vez, no entanto, os reflexos são graves: após curto-circuito, a Escola Classe 16 do Gama teve vários equipamentos destruídos pelo fogo, ficou coberta de fuligem e precisou ser interditada. Conclusão: as aulas estão suspensas por tempo indeterminado.
A direção informou que, durante assembleia de professores na quinta-feira (13/9), havia forte cheiro de queimado no ambiente. Nesse mesmo dia, o corpo docente fez contato com a Secretaria de Educação e uma empresa foi acionada para verificar a fiação. No entanto, os técnicos não teriam encontrado maiores problemas.
Na tarde de sábado (15), o vigilante da escola percebeu o momento em que a secretaria estava pegando fogo. O Corpo de Bombeiros foi acionado e, quando chegou ao local, grande parte dos computadores já tinha sido consumida pelo incêndio. Por sorte, as chamas não se espalharam para as demais áreas.
Os bombeiros orientaram a direção a suspender as atividades escolares, tendo em vista que o estado das demais instalações elétricas é desconhecido. Ao todo, cerca de 350 estudantes, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, estão sem aula. “São 50 anos de escola e nunca tivemos uma reforma sequer”, diz uma das professoras. “Já tivemos vários curtos menores e ficamos, muitas vezes, sem energia elétrica”, acrescentou a docente, que preferiu não se identificar.
Devido à falta de luz no fim de semana, não foi possível avisar a todos os alunos que não haveria aula. Alguns ficaram sabendo apenas ao chegarem para o início do turno. Os funcionários se juntaram para limpar a fuligem na escola, que aguarda avaliação técnica.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que o incidente ocorreu na última sexta-feira (14) e as providências estão sendo tomadas. Ainda de acordo com a pasta, o colégio passou por manutenção neste ano.
Mãe revoltada
Mãe de uma menina de sete anos, que cursa o 2º ano do ensino fundamental na escola do Gama, a pedagoga Ana Maria da Mata Soares está revoltada com a situação. Agora, a principal preocupação dela é que a suspensão das aulas prejudique o aprendizado das crianças.
“Imagina se elas estivessem lá? Seria um terror. Como essas crianças vão voltar a ter aula? Vai ser um grande prejuízo para minha filha, que está em fase de alfabetização. A cada dia que ficar sem aula o governo está subtraindo dela o direito de aprender. Como uma escola de 50 anos não tem manutenção na eletricidade?”, questiona.
90% sem reformas
O Metrópoles mostrou na série de reportagens DF na Real que 90% das escolas públicas da capital precisam de reformas. Conforme levantamento do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), dos R$ 287 milhões previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) para a educação no primeiro trimestre de 2018, o GDF empenhou apenas 6% em reparos nas unidades de ensino.
Em setembro deste ano, o Centro de Ensino Médio 10 de São Sebastião foi interditado por perigo de desabamento do teto. De acordo com o Sindicato dos Professores local (Sinpro-DF), alunos e docentes perceberam o risco, e uma equipe do governo foi chamada para avaliar a situação. Vigas de sustentação foram instaladas para evitar a queda das estruturas, mas os estudantes tiveram de ser realocados.
Outros casos
No dia 30 de agosto deste ano, o teto da cantina do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 3 do Paranoá desabou deixando uma funcionária ferida. Com base em informações do Sindicato dos Professores (Sinpro), três funcionários estavam no local na hora do incidente. “O colégio é antigo e precisa de reforma. Infelizmente, o governo está esperando acontecer uma tragédia para fazer algo”, alertou o diretor da entidade, Samuel Fernandes.
Já o Centro de Ensino Médio 10 de São Sebastião entrou para a lista de escolas públicas do Distrito Federal com alas interditadas por risco à integridade física de professores e alunos. Pelos menos duas salas de aula foram fechadas, e os estudantes precisaram ser acomodados em outros recintos devido a infiltrações no teto, que causaram a movimentações de placas. Os locais estão fechados há uma semana e não há previsão de conserto por parte da Secretaria de Educação.