Após comentários sexuais e beijos em alunas, professor é alvo da PCDF
Jovens ouvidas pela Polícia Civil relataram que o docente se esfregava, beijava e puxava por trás o cabelo das estudantes durante as aulas
atualizado
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Beijos lascivos, contatos físicos desnecessários e até puxões de cabelo por trás fariam parte do comportamento de um professor do Instituto Federal de Brasília (IFB) no trato com alunas adolescentes da instituição. Durante constantes casos de constrangimento, as jovens, com idades entre 16 e 17 anos, relataram à Polícia Civil (PCDF), com detalhes, como costumava ser a rotina de abusos das quais eram submetidas. O nome do servidor será mantido em sigilo até a conclusão da apuração policial, caso haja indiciamento.
Supostos abusos cometidos pelo docente são apurados pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) desde o ano passado. As primeiras denúncias partiram de duas amigas que estudam juntas no IFB e tinham aulas com o professor, no campus de Planaltina (foto em destaque). Segundo o relato de uma das jovens, o docente passou a apresentar especial interesse em uma das meninas. Ele costumava dar beijos em sua testa, forçando uma aproximação.
As alunas afirmaram que o docente tinha o costume de fazer brincadeiras e piadas com contexto sexual. Em um dos exemplos, as adolescentes revelaram um dia quando o professor comentou sobre as curvas da aluna após ela apagar parte do quadro negro, “A bunda dela é tão grande que apagou o quadro”, teria dito o professor, aos risos.
Sexualmente avantajado
Outro relato de aluna sobre o comportamento do professor diz respeito a um comentário que deixou o grupo de adolescentes constrangido. Durante uma das aulas, o docente fez questão de dizer que determinada aluna estava feliz, já que estava namorando um “negão”. E emendou: “Seu namorado deve ser avantajado”.
Outra aluna contou na delegacia que teve aulas com o professor quando estava no segundo ano do ensino médio. Segundo ela, o docente chegou a passar a mão em seus cabelos e ter conversas de cunho sexual, a chamando para fazer algo após as aulas. A mesma aluna relatou que o professor chegou a segurar seu rosto para a beijar na testa.
A estudante revelou que chegou a arranhar o braço do professor quando ele a puxou com força pelos cabelos. Em resposta, o docente teria dito, de forma irônica, que não teria como dar explicações à esposa quando chegasse em casa com os braços lanhados.
O outro lado
Procurado pelo Metrópoles, O IFB informou que o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que apura as denúncias de assédio sexual está na fase final e a decisão do julgamento deve ocorrer nos próximos dias.
“O IFB aproveita para informar que o processo só esteve suspenso durante o período em que a instituição paralisou todas as suas atividades acadêmicas por conta da pandemia de Covid-19. Com o retorno das atividades, de forma remota, no final do mês de julho de 2020, o processo seguiu, inclusive, com as oitivas sendo realizadas por meio de webconferência”, ressaltou a instituição.
De acordo com a nota do IFB, o processo já está no gabinete da reitoria – autoridade máxima da instituição – para julgamento, sendo que a decisão será divulgada muito em breve. “O IFB reforça a importância da preservação de um ambiente saudável e atua, diariamente, com o compromisso de ter uma instituição que siga as condutas descritas em sua missão e valores institucionais”, ressaltou a nota.
A reportagem tentou entrar em contato com o professor alvo da denúncia feita pelas alunas, mas a defesa dele não foi localizada. O espaço segue aberto a manifestações futuras.