Após chuva e destruição, Ibaneis libera R$ 150 mi para Vicente Pires
Um dia após temporal, moradores e comerciantes contabilizam estragos e prejuízos na cidade
atualizado
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O temporal dessa quinta-feira (02/05/2019) deixou um rastro de destruição em Vicente Pires. Na manhã desta sexta (03/05/2019), moradores e comerciantes contabilizaram os prejuízos e relataram o aperto que passaram durante a chuva forte. “Ficou todo mundo ilhado. Dava para ver o asfalto sendo carregado, parecia um rio. Ficamos com medo”, disse a comerciante Regina Rodrigues, 40 anos, dona de um salão na Rua 8.
Ela conta que, nessa quinta-feira, teve de esperar a chuva passar, até conseguir voltar para casa no fim da tarde. O também comerciante Júnior Lustosa, 27, afirma que Vicente Pires para quando chove. “Não tem como passar nem carro. A água vem descendo e leva tudo”, ressaltou. Os estragos chegaram à Estrada Parque Taguatinga (EPTG), onde 400 metros de asfalto foram arrancados com a força da enxurrada.
Após uma reunião emergencial nesta sexta, o governador, Ibaneis Rocha (MDB), determinou ao secretário de Fazenda, André Clemente, que viabilize a liberação de R$ 150 milhões para obras na região o quanto antes. Os recursos serão retirados do Tesouro local. Outros R$ 350 milhões deverão ser liberados posteriormente para outras cidades.
De acordo com o chefe da Casa Civil, Eumar Novacki, o recurso para Vicente Pires também poderá ser repassado para ações de emergência em outros pontos castigados pelas chuvas, como Sol Nascente, em Ceilândia.
Além disso, o Governo do Distrito Federal (GDF) criou o Comitê de Emergência, responsável por integrar e coordenar as ações do governo em novos episódios como o de Vicente Pires. O grupo será coordenado pelo secretário-executivo do Conselho de Políticas Públicas e Gestão, José Humberto Pires.
Apesar dos pedidos da comunidade pela publicação do decreto de calamidade em Vicente Pires, o GDF decidiu deixar a ideia ainda em segundo plano. Para Novacki, o mais importante é que as ações do governo cheguem de fato até a cidade.
“Nós estamos estudando. E agindo com o máximo de transparência. Agora, não vamos aqui ficar usando de subterfúgios ou criando situações para enganar a população. Do que adiantaria criar um decreto de emergência e não ter ações de fato emergenciais?”, argumentou Novacki.
Pelas redes sociais, Ibaneis Rocha disse que a situação em Vicente Pires é resultado de anos de descaso e omissão. Na manhã desta sexta-feira (03/05/2019), o emedebista fará uma reunião de emergência para definir quais medidas o Executivo irá tomar.
“Anos de descaso e omissão estão cobrando seu preço com as fortes chuvas que têm castigado regiões do Distrito Federal. Governos passaram e deixaram que famílias habitassem locais sem realizar obras básicas de infraestrutura em alguns bairros, como Vicente Pires, Sol Nascente e Pôr do Sol”, afirmou Ibaneis, pelas redes sociais.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) trabalha na recomposição do asfalto destruído próximo ao Viaduto Israel Pinheiro, na EPTG. Conforme explica o engenheiro do órgão Paulo Robert Santos, a ação é emergencial para liberar o sistema de drenagem. Lama e pedras estão sendo retiradas da rede.
O asfalto dentro da cidade também foi afetado. Na Rua 8, é possível ver blocos de pedra que foram tirados do chão e levados pela força da água. A situação tira o sono de moradores e comerciantes.
O enfraquecimento do comércio local tem sido foco de debates desde que a Associação Comercial e Industrial de Vicente Pires (Acivip) divulgou, no começo deste ano, que em 120 dias: cerca de 100 empresas fecharam as portas; 15 mil funcionários foram demitidos; e 40% das vendas se perderam. Segundo dados da entidade, são 3 mil companhias e 25 mil empregos diretos ou indiretos na região.
A água chegou a entrar em alguns estabelecimentos nessa quinta-feira (02/05/2019). Uma funcionária de uma loja na Rua 5, que não quis se identificar, ainda enxugava e limpava o local nesta sexta.
“A chuva de ontem foi mais forte que as outras. Saí quando começou, por volta de 17h”, afirma Eduardo de Paula dos Santos, 24 anos, gerente de vendas de uma loja de material de construção. “Desde o começo das obras, os lucros já caíram em 20%”, ressaltou.
A Rua 4B também foi prejudicada. A lama tomou conta de onde transitam os carros. Na calçada, blocos de pedra atrapalham a passagem dos pedestres. Houve alagamento na região. Vídeos mostram carros submersos até a metade.
Uma manifestação dos moradores está marcada para o fim da tarde no Viaduto Israel Pinheiro. A concentração começa às 17h no estacionamento da Feira do Produtor e, segundo participantes da organização, pode haver o fechamento da EPTG.