Após bullying por câncer da mãe, menina ganha bolsa e muda de escola
Grupo arrecadou uniforme e livros para ajudar na transferência. Diretora do antigo colégio disse que imagem da mãe era “agressiva”
atualizado
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A luta contra o câncer de Carol Venâncio Duarte, vítima de preconceito por parte da diretora do Colégio Notre Dame Brasília, na 914 Sul, onde a filha dela estudava, sensibilizou os brasilienses. A menina ganhou bolsa parcial de estudo oferecida pelo Sigma. Além disso, um grupo de mães da nova escola se mobilizou em apoio à família, arrecadando uniforme e livros.
A filha de Carol, que cursa o sexto ano do ensino fundamental, foi transferida após a mulher receber “sugestão” da freira Loiva Urban para cobrir a cabeça porque sua imagem era “agressiva à sociedade”. Depois da repercussão negativa do caso, a diretora acabou afastada de suas funções no Notre Dame.
A professora de educação física Luciana Carneiro, 46 anos, foi uma das mães que contribuiu com a ação. “Soube por um grupo de mães do Sigma que temos no WhatsApp. Fiquei sensibilizada e quis ajudar. Disponibilizei algumas peças de uniforme da minha filha. É uma situação difícil e revoltante. Uma crueldade com a criança e também com a mãe, que passa por um tratamento muito estressante e ainda precisou lidar com esse tipo de coisa”, lamenta.
Outra mãe, que pediu para não ter o nome divulgado, estava indignada com a falta de empatia por parte da freira. “Todo mundo ficou bastante comovido com a história, principalmente devido à forma desumana como Carol Venâncio foi tratada. São situações que precisam ser repensadas. Devemos nos respeitar como um todo. Tivemos a ideia, pois ficamos sentidas com o caso da Carol”, disse.
O Sigma também se manifestou. “O Centro Educacional Sigma tem compromisso com a educação. Esclarecemos que a direção da escola fez o que foi possível para que a família e a aluna fossem acolhidos no ambiente escolar. A nossa primeira intenção foi garantir que a estudante, diante do seu contexto e sua história, tivesse a possibilidade de dar continuidade aos seus estudos de forma plena, segura e tranquila”, informou a instituição, por meio de nota.
Repercussão negativa
O caso veio a público por meio de uma postagem feita pela irmã de Carol, Camila Venâncio Duarte. Segundo ela, a sobrinha passou a sofrer bullying no colégio. “Algumas crianças se afastaram dela dizendo que têm nojo devido à doença da minha irmã. Isso trouxe muito sofrimento a todos nós”, destacou Camila, pelo Facebook.
Carol, então, procurou a diretoria da escola, e a irmã Loiva sugeriu que ela usasse peruca ou chapéu, pois sua imagem era “agressiva”. Sem acreditar no ocorrido, Camila diz que foi ao colégio conversar com a diretora. “Ela me disse que a imagem da minha irmã assustava. Perguntei a quem ela assustava. Disse que a todos”, afirmou.
No desabafo feito nas redes sociais, Camila defende Carol: “Você é meu exemplo de força e coragem”. E critica a postura da irmã Loiva: “Assustador é seu ódio e preconceito. A senhora, sim, é uma agressão à sociedade, cruel, má e desumana”, afirma. Até as 18h30 dessa quarta-feira (1º/8), a postagem tinha 1,3 mil curtidas, 339 comentários e 491 compartilhamentos.
O desabafo de Camila foi feito na segunda-feira (30/7). No mesmo dia, em comunicado, a administração do Colégio Notre Dame informou que a irmã Loiva não respondia mais pela direção da escola.
Consultada, a assessoria de comunicação da instituição de ensino não quis comentar o caso, mas afirmou que a irmã está afastada e não faz mais parte do quadro de funcionários do Notre Dame Brasília.
Muito abalada, Carol não quis se pronunciar. Ela registrou ocorrência contra a ex-diretora na Polícia Civil.