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Após atirar em Jessyka, PM ligou para primo e perguntou: “Ela morreu?”

Avó disse que Ronan Menezes invadiu a casa dela e deu dois tiros em Jessyka na cozinha. O último, pelas costas, no banheiro

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Policial Ronan
1 de 1 Policial Ronan - Foto: Reprodução

Quatro dias após ter a neta assassinada dentro de casa, a avó de Jessyka Laynara da Silva Souza, 25 anos, começa a falar sobre o que viu e ouviu no dia do crime. Em choque, Madalena Honorata da Silva, 70, havia se calado. Mas, no começo da semana, conforme relatou aos familiares, estava assistindo TV na sala quando o soldado da Polícia Militar Ronan Menezes, 27, entrou calado e foi direto para a cozinha, onde deu dois tiros na vítima.

Nesse momento, Madalena levantou para ver o que estava acontecendo. Jessyka passou correndo por ela e tentou se esconder no banheiro. Levou o terceiro tiro pelas costas e caiu morta. O crime ocorreu na tarde de sexta-feira (4/5). A idosa não ouviu nenhuma discussão.

Após disparar pelo menos três tiros, Ronan fugiu e, 30 minutos depois, ligou para um primo de Jessyka perguntando: “Mano, ela morreu? Ela morreu?” Para a família da jovem, o criminoso queria se certificar de que havia acabado com a vida da ex-noiva.

Para os parentes da vítima, o assassinato foi planejado há pelo menos um mês. Um dos indícios apontados por eles é que Ronan fez a cópia da chave da casa onde Jessyka morava com a avó, na QNO 15 de Ceilândia, sem a permissão da ex, e a utilizou para entrar sorrateiramente na residência e matar a moça a sangue frio.

Ronan entrou para a PM há cerca de três anos. A partir daí, segundo contaram parentes da vítima, o militar passou a mostrar sua face violenta. No dia 14 de abril, o policial espancou violentamente a jovem porque ela recebeu uma mensagem e se negou a entregar o celular para ele. A agressão ocorreu na casa dos pais dele, que não estavam no imóvel.

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Ronan agrediu Jessyka dias antes de assassiná-la
Em cartão enviado logo depois de espancar a ex, ele pediu perdão
Projétil encontrado na meia-calça da irmã de Jéssyka
"Queremos justiça. Jessyka veio para brilhar e teve a vida interrompida", disse Elaine Maria da Silva Gomes, tia da jovem
Familiares e amigos da jovem se reuniram na manhã de um domingo (6/5), no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, para dar o último adeus a Jessyka
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Passeata em 12 de maio pediu o fim da violência contra as mulheres: #NemUmaaMenos

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Ronan agrediu Jessyka dias antes de assassiná-la

Arquivo pessoal
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Em cartão enviado logo depois de espancar a ex, ele pediu perdão

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Projétil encontrado na meia-calça da irmã de Jéssyka

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"Queremos justiça. Jessyka veio para brilhar e teve a vida interrompida", disse Elaine Maria da Silva Gomes, tia da jovem

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Familiares e amigos da jovem se reuniram na manhã de um domingo (6/5), no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, para dar o último adeus a Jessyka

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Parentes no sepultamento de Jessyka: comoção e indignação

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Adriana Maria da Silva, mãe de Jessyka

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Mãe segura foto de Jessyka. Família cobra justiça

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Jessyka foi morta aos 25 anos

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No enterro, Adriana Maria da Silva, mãe de Jessyka, passou mal e recebeu atendimento médico

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Ela precisou ser amparada por pessoas que participavam da cerimônia de despedida

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Jéssyka tirou foto do rosto, marcado pelas agressões de Ronan

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Jéssyka mostrou corte na cabeça provocado por coronhada desferida por Ronan

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Ronan e Jessyka tiveram um relacionamento de seis anos

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Em áudio encaminhado a uma amiga, Jessyka contou os detalhes da covardia. “Era para eu estar enterrada agora. Ele me espancou tanto, tanto. Me deu tanto chute, soco, coronhada. Rasgou minha cabeça. Nunca apanhei tanto na minha vida”, disse. Por medo, não denunciou o policial. Achou que se terminasse o relacionamento de seis anos estaria livre da violência.

No entanto, o rapaz, que está preso, não se conformava com o fim do noivado. Cercava Jessyka, monitorava sua vida e, com ciúmes, deu três tiros no professor da academia onde ele e a vítima malhavam. Pedro Henrique da Silva Torres, 29, estava conhecendo melhor a jovem e, só por causa disso, quase foi morto.

Levou três tiros, também na sexta (4), e foi transferido da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Samambaia para a enfermaria da mesma unidade de saúde. Segundo familiares, que não quiseram dar entrevista, o rapaz está se recuperando bem da cirurgia.

O professor foi ouvido nessa segunda-feira (7) pelos investigadores no próprio hospital. De acordo com o chefe da 24ª Delegacia de Polícia, Ricardo Viana, o homem teria confirmado que estava “conhecendo melhor” a jovem. “Ele se disse surpreso com acontecido. Já que os dois estavam desimpedidos. Antes de efetuar os disparos, o professor contou ter tido um breve diálogo com o policial (Ronan)”, detalhou o delegado.

Imagens de câmeras de segurança que ficam em uma igreja ao lado da academia foram entregues ao delegado. A gravação mostra o soldado circulando pelo local armado antes de encontrar o professor. Os investigadores aguardam, ainda, a conclusão de laudos sobre a quantidade de disparos, a dinâmica dos crimes e a análise detalhada do celular de Jessyka, como mensagens e ligações. O aparelho do policial ainda não foi apresentado na delegacia. De acordo com Ricardo Viana, o inquérito deve ser encerrado nesta semana.

A família da jovem está destroçada. Mesmo assim, encontra forças para organizar, ao lado de amigos, uma passeata no próximo sábado (12) pedindo o fim da violência contra as mulheres. “#Nem uma a menos”, solicitam a todos que amam Jessyka e não se conformam com sua morte. O ato está marcado para começar às 16h, em Ceilândia Norte. Os parentes também fizeram um vídeo em homenagem à moça, que tinha passado no concurso e esperava ser convocada pelo Corpo de Bombeiros.

Na próxima quinta-feira (10), às 19h, ocorrerá a celebração da missa de sétimo dia de falecimento da jovem Jessyka Laynara da Silva Souza. A cerimônia será realizada na Paróquia Senhor Bom Jesus, no Setor O, em Ceilândia.

Ronan, segundo o comandante da PM, coronel Marco Antônio Nunes, será expulso da corporação. A Justiça decretou sua prisão preventiva no sábado (5), um dia depois do crime. A reportagem procurou a defesa e os familiares do soldado, mas eles ainda não se manifestaram.

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