Após agressões a servidores, Iges pede segurança da PM nas UPAs do DF
Profissionais de saúde têm sido alvos recorrentes de agressões, físicas e verbais, na rede pública, mesmo quando estão atendendo pacientes
atualizado
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Para frear a onda de violência contra enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) solicitou policiamento para os postos de atendimento da capital federal.
Na segunda-feira (3/1), uma enfermeira da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas (foto em destaque) levou um soco no rosto, desferido pela acompanhante de um paciente, que cobrava rapidez no atendimento. Porém, faltava médicos no momento. Um segurança interveio, mas uma confusão se instalou na UPA.
Enfermeira é agredida:
O fato, que não é isolado, foi a gota d’água e levou o Iges-DF a solicitar à Polícia Militar do DF (PMDF) mais segurança para a área. “Casos semelhantes têm ocorrido, razão pela qual foi encaminhado ofício à PMDF solicitando maior frequência da presença de militares nas UPAs do DF”, destacou o instituto.
Segundo levantamento do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate-DF), pelo menos 10 profissionais de saúde foram vítimas de agressões físicas e verbais enquanto trabalhavam na rede pública do DF nos últimos seis meses. Episódios de violência foram registrados no Paranoá, Estrutural, Santa Maria, Vicente Pires, Samambaia, Asa Norte, Taguatinga, Ceilândia e Recanto das Emas.
A enfermeira agredida na UPA do Recanto desabafou: “Estou me sentindo muito vulnerável“. O caso foi registrado na 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), que investiga o caso.
Racismo
“Eu sou negra. Já passei por situações de racismo, que, infelizmente, acontecem. A agressão verbal, em geral, a gente vê constantemente. Mas essa situação de agressão física nunca tinha passado. É um trauma grande”, lamentou.
A acusada negou as agressões na delegacia. Segundo boletim de ocorrência, a mulher chegou xingando a gerente da UPA, chamando-a de “jararaca”, “vadia”, “pilantra” e “mentirosa”.
Em setembro de 2021, um homem de 70 anos atingiu o rosto de uma técnica de enfermagem na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Vicente Pires. Segundo a profissional de saúde, o agressor ainda chamou-a de “filha da puta“.
Segundo o diretor do Sindate, Newton Batista, os capítulos de violência viraram rotina na rede pública. “Isso é o oposto da valorização dos servidores e profissionais de enfermagem. A categoria trabalha com pavor”, alertou.
Conforme o relato de Batista, diante da escalada de agressões, profissionais estão começando a abandonar a profissão. O problema é agravado pela subnotificação dos episódios de violência.
CLDF
O deputado distrital Jorge Vianna (Podemos) cobrou o fim das agressões. A presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa, deputada Arlete Sampaio (PT), também exige soluções e segurança.
Para Sampaio, a população está culpando os trabalhadores pelas mazelas e falhas no sistema de saúde. Segundo a parlamentar, o governo tem a obrigação de garantir a segurança dos servidores.
A Secretaria de Saúde lamentou os episódios, ressaltando que desacato a servidor público no desempenho de suas funções pode configurar crime, previsto no código penal.