Após 39 mortes em 2 anos, MP cobra do GDF plano para preservar vidas de ciclistas
Órgão de controle enviou ofício depois de cicloativistas escreverem um manisfesto pela paz no trânsito
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) enviou ofício à Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob) para saber quais providências a pasta vai tomar para preservar vidas no trânsito de Brasília. A requisição aconteceu após ato organizado por grupos de ciclistas no DF, o “Manifesto pela Vida no Trânsito”.
A declaração dos ciclistas afirma que a atual política de mobilidade urbana adotada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) prioriza o automóvel como meio de transporte. “Com grandes investimentos em obras de infraestrutura e espaço para sua circulação; enquanto isso, pedestres, ciclistas e usuários de outros modais de transporte sofrem com o descaso dos órgãos de trânsito”, afirma o manifesto.
Em 2020, ao todo, 16 ciclistas morreram em decorrências de acidentes de trânsito no DF, segundo dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). Este foi o menor número da série histórica: em 2019 foram 23 óbitos. No entanto, para o coordenador da ONG Rodas da Paz, Raphael Dorneles, essa diminuição de mortes é um reflexo dos meses de distanciamento social.
“Por causa da pandemia, os ciclistas conseguiram rodar com mais segurança e conseguiram sentir o gostinho do que seria uma cidade com menos privilégio aos carros. Houve também um aumento no número de ciclistas”, explica. Segundo Dorneles, a decisão de escrever o manifesto aconteceu em outubro de 2020, quando houve quatro mortes de ciclistas em um único mês.
“O manifesto sugere ações ao GDF para melhorar a paz no trânsito. Acreditamos que vai ter muita briga para conseguirmos implementar alguma coisa dessa proposta”, prevê o cicloativista. O Ministério Público pediu que a pasta forneça “informações sobre providências adotadas em relação ao referido manifesto” em até 10 dias. O ofício foi assinado em 20 de janeiro.
Mortes no Trânsito
Dos 16 óbitos de ciclistas registrados em 2020, quatro ocorreram nas vias urbanas, de responsabilidade do Detran; sete em rodovias distritais, de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER); e cinco em rodovias federais que cortam o DF, de competência da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
No ano passado, um dos ciclistas que não sobreviveu à violência no trânsito foi Ricardo Campelo Aragão, 58 anos, morto em 10 de outubro. Ele pedalava com amigos, na altura da quadra 703 da Asa Norte, quando um carro atingiu ele e Nádia Bittencourt, 55..
Outra ciclista vítima de acidente de trânsito em 2020 foi Amanda Rocha do Nascimento, 21. Ela foi atropelada no Gama no dia 10 de novembro e acabou morrendo no hospital da cidade. A jovem andava de bicicleta quando foi atingida pelo Fox conduzido por Vinicius Monteiro do Vale, 18.
Segundo a Polícia Civil do DF (PCDF), Vinicius não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Ele permaneceu no local do acidente e foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos. Ele estava em estado de choque e não apresentava sinais de embriaguez.