Após 20 dias, corpo de brasiliense atropelado em Londres é liberado
Cristopher de Carvalho, 26 anos, morava em Londres havia um mês e foi atingido por carro da polícia inglesa enquanto pilotava uma moto
atualizado
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O corpo do brasiliense Cristopher de Carvalho Guedes (foto em destaque), de 26 anos, morto após ser atingido por uma viatura da polícia em Londres, deve chegar a Brasília na manhã desta quinta-feira (2/11), mais de 20 dias após o acidente. A informação foi confirmada pela irmã da vítima.
Cristopher pilotava uma moto quando uma viatura ultrapassou o sinal vermelho na via oposta e o atingiu.
O acidente ocorreu em 12 de outubro. Desde então, a família organizava uma vaquinha para conseguir custear o traslado do corpo do brasiliense para o Distrito Federal.
A vítima ia a uma lanchonete acompanhada do primo Wandeson Alves, 26, também brasiliense. Cada um dirigia a própria moto, mas apenas Cristopher se feriu. Ele teve uma costela fraturada e o pulmão perfurado.
Segundo a irmã da vítima, Thaisa Guedes, a documentação referente à liberação do corpo foi disponibilizada nessa terça-feira (31/10). A expectativa é que o corpo desembarque na manhã desta quinta.
“A provável data do velório será no domingo (5/11), mas pode ser que a gente consiga antecipar para sábado. Vai depender do que a funerária daqui de Brasília estabelecer”, explicou Thaisa.
Morador do Gama
Antes de se mudarem para a Inglaterra, Cristopher e Wandeson moravam no Gama. Ele havia se mudado para a Europa havia um mês e tentava conseguir um emprego com a esposa.
Wanderson relatou que as equipes de socorro ficaram no local do acidente por cerca de 40 minutos. Depois, uma ambulância levou a vítima para um hospital localizado a uma hora de distância. “Havia outros mais próximos, mas disseram que só aquele [para o qual se dirigiram] tinha preparo para a situação”, contou.
O motociclista deu entrada na unidade de terapia intensiva (UTI) com vida, mas não resistiu. O cérebro de Cristopher chegou a inchar devido à falta de oxigênio, segundo Wandeson.
“Ele estava muito feliz. Todas as vezes, falava como lá [em Londres] era maravilhoso, que a comida era mais barata, que tinha lugares lindos, que ele morava ao lado de um estádio de futebol enorme…”, relatou a irmã de Cristopher.
Ela também disse que o irmão elogiava o tráfego da cidade: “Por incrível que pareça, ele dizia que o trânsito de lá era muito bom, que as pessoas andavam devagar e não corriam, como aqui no Brasil, que as pessoas eram educadas e não precisávamos nos preocupar”.
Thaisa acrescentou que Cristopher também queria levá-la para Londres e que a mudança estava planejada para o fim deste ano. Após a morte do irmão, porém, os planos foram cancelados. “Perdi um pedaço de mim em busca de um sonho lá”, lamentou.
Indícios de crime
O Independent Office for Police Conduct (IOPC), escritório independente que apura a conduta de policiais na Inglaterra, investiga o caso do atropelamento que matou o brasileiro.
O policial que estava ao volante é investigado por direção perigosa com morte como resultado. Além disso, o IOPC informou que encontrou indícios da ocorrência de um crime, embora as investigações estejam nos estágios iniciais.
Depois de concluir as apurações, o escritório decidirá se encaminhará o caso ao Ministério Público da Coroa (CPS), o que pode transformar o policial em réu, e se ele será alvo de processo disciplinar.
O IOPC recolheu e revisou vídeos gravados pelas câmeras do uniforme policial e do painel do carro que ele dirigia. As imagens mostram que o motorista ultrapassou o sinal vermelho, com luzes e sirenes ligadas, para atender a uma emergência. Contudo, não revelou qual seria a ocorrência.