Após 2 doses da vacina, curva de mortes muda no DF e idosos saem do topo
As mortes de infectados com Covid-19 com 80 anos ou mais caiu 20,4 pontos percentuais. Em idades inferiores a 59 anos, os percentuais cresce
atualizado
Compartilhar notícia
Cinco meses após iniciar a vacinação contra Covid-19, o Distrito Federal começa a ver uma mudança na curva de mortes em decorrência da doença. Primeiras a receber as doses de imunizantes na capital, as pessoas de 80 anos ou mais saíram do topo da pirâmide de óbitos, com redução de 20,4 pontos percentuais nas ocorrências.
De acordo com dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) divulgados nesta terça-feira (22/6), a taxa de mortalidade entre a população acima de 80 anos acometida com Covid-19 era 31,4%, em junho de 2020. No mesmo mês de 2021, o percentual caiu para 11% – uma queda de 20,4 pontos percentuais. Isso significa dizer que, nesse período do ano passado, sem vacina, 175 pessoas morreram com coronavírus. Este ano, o número caiu para 39.
No que se refere a pessoas com idade entre 70 e 79 anos, também houve queda no índice registrado. Os óbitos reduziram de 133 (23,8%) para 49 (12,8%). O mesmo padrão segue para um terceiro grupo que começou a imunização a tempo de concluir as duas doses – o de idosos entre 60 e 69 anos.
Todos eles tiveram a oportunidade de tomar duas doses da Coronavac ou da AstraZeneca, fármacos recebidos nos primeiros meses de imunização da capital.
Segundo site InfoSaúde, da Secretaria de Saúde do DF, as pessoas com 80 anos ou mais estão no topo do ranking de vacinação, com 53.302 imunizados. No grupo de 75 a 79 anos, 43.684 cidadãos receberam a aplicação.
Veja gráfico:
Inversão na curva
Se antes da vacina os idosos morriam mais, a curva se inverteu. Quando as idades inferiores a 60 anos começam a ser analisadas, os óbitos apresentam acréscimo, não queda.
A vacinação para pessoas com 59 anos começou em 4 de junho no DF. Até o momento, 70.669 pacientes na faixa etária entre 55 e 59 anos se imunizaram apenas com a primeira dose. Esse público ainda precisa aguardar o prazo para tomar a segunda aplicação, a depender do fabricante.
Ao contrário dos imunizados com duas doses, essa população já se apresenta no topo das mortes de Brasília.
O aumento mais significativo de óbitos, segundo pesquisa da Codeplan, foi entre pessoas de 50 a 59 anos: subiu de 12,2% para 31,6%. Enquanto, em junho de 2020, morriam 68 pessoas com Covid-19 nessa faixa etária, hoje são 112. Sendo o maior pico em abril, com 340 mortes em um mês.
O número de óbitos de pessoas entre 20 e 29 anos também cresceu. O percentual dobrou: de 3% para 6,8%. Ou seja, enquanto 17 pessoas nessa faixa etária morreram em decorrência da doença em 2020, um ano depois são 24 mortes por mês – quase uma pessoa por dia.
Aumento de jovens internados
De acordo com a infectologista Ana Helena Germoglio, é nítida a diferença da população que tem sido internada em hospitais do DF com Covid-19. “Em 2020, tínhamos basicamente idosos, hipertensos e pessoas com doenças pulmonares. Em 2021, tivemos um aumento importante de adultos jovens, geralmente com alguma comorbidade: hipertensos, diabéticos ou obesidade”, afirmou a especialista, que atua no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no tratamento da doença pandêmica em Brasília.
Para ela, essa mudança no perfil de internações deve-se a dois fatores: a vacinação de idosos, e a necessidade do jovem em circular nas ruas e não fazer isolamento. “Os jovens, como são a população economicamente ativa, tendem a circular mais. Então, os dois fatores: circulação, juntamente com alta taxa de vacinação entre os idosos, significou uma queda drástica da incidência de internação de idosos. Hoje, um idoso internado é considerado um ponto fora da curva. Por isso, precisamos correr com essa vacinação”, analisou.