Apontado como operador da propina na Saúde, Nóbrega nega esquema
Ele prestou depoimento à CPI da Saúde porque teve o seu nome mencionado em conversas gravadas pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, sobre suposta corrupção em contratos do governo
atualizado
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O ex-subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde, Marcello Nóbrega, negou nesta sexta-feira (19/8) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) qualquer envolvimento ou participação em irregularidades em contratos da pasta. Nóbrega prestou depoimento à CPI da Saúde porque teve o seu nome mencionado em conversas gravadas pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, sobre suposta corrupção em contratos do governo.
Segundo depoimento de Marli à CPI da Saúde, Rodrigo Rollemberg (PSB) e a mulher dele, Márcia Rollemberg, seriam os mentores de um esquema de corrupção dentro da Secretaria da Saúde do DF. “Existem duas frentes: uma comandada pelo senhor Rodrigo Rollemberg e a outra pela primeira-dama”, afirmou. De acordo com a sindicalista, eles são os responsáveis por indicar os operadores do grupo dentro da pasta: Ricardo Cardoso, então funcionário do Ministério da Saúde, e Marcello Nóbrega.
A empresa foi contratada por meio de adesão a ata de preço de um processo feito pela Polícia Rodoviária Federal para gerenciar a manutenção de toda a frota de veículos do GDF, inclusive as ambulâncias da Secretaria de Saúde. Há questionamentos do Tribunal de Contas do DF sobre possível direcionamento do termo de referência, que teria beneficiado a Tíquete Car, e também sobre a rapidez da contratação.
Ao negar qualquer participação ou conhecimento de irregularidade no processo, Marcello Nóbrega defendeu o modelo de adesão a ata de preço como o mais adequado para o GDF e disse que o contrato de manutenção de veículos é econômico e atende muito bem aos interesses do governo.
Os deputados estranharam a celeridade para a contratação da empresa e fizeram várias perguntas sobre o trâmite do processo. Mas na maior parte das respostas, Nóbrega informou apenas que não foi o responsável pelas diversas etapas de contratação.
Ligações com o Buriti
Nóbrega foi convocado a depor depois que Marli contou em sua primeira oitiva à CPI que o esquema envolvia a quebra da ordem dos pagamentos feitos pelo ex-diretor do Fundo de Saúde do Distrito Federal, Ricardo Cardoso, indicado pelo governador. Com a ajuda de um servidor – que a sindicalista identificou como Vanderlan Ribeiro -, eles apontavam defeitos, muitas vezes inexistentes, para que os processos tivessem de ser revistos e empresas ligadas ao esquema recebessem antes.
A presidente do sindicato afirmou ainda que Marcello Nóbrega, indicado pela primeira-dama Márcia Rollemberg, era quem segurava os processos e atrapalhava o trabalho dos secretários que passaram pela pasta. Ele também foi o responsável por rasgar uma nota de empenho da compra de marca-passos, que posteriormente acabaram sendo adquiridos com valor acima do mercado.
Um organograma do esquema foi apresentado pela sindicalista aos deputados:
A proximidade de Marcello Nóbrega com o Palácio do Buriti foi reforçada pelo depoimento do ex-secretário de Saúde Fábio Gondim à CPI nessa quinta (18). Ele sugeriu que desentendimentos com o atual subsecretário de Saúde motivaram sua saída do cargo. Ao ser indagado pelo deputado Lira (PHS) sobre os motivos de sua curta permanência à frente da Secretaria, Gondim relatou que não gostava da “postura agressiva” de Nóbrega com alguns servidores. Segundo Gondim, Nóbrega não perdia a oportunidade de mostrar ostensiva aproximação com o governador Rodrigo Rollemberg.
No entanto, Gondim afirmou que nunca desconfiou ou sequer ouviu falar que tanto Nóbrega quanto o ex-subsecretário de Saúde, Marco Júnior, estivessem envolvidos em atividades ilícitas na secretaria. (Com informações da Assessoria de Comunicação da CLDF)