Aplausos e balões brancos: amigos e familiares de Regiane fazem passeata e pedem justiça pela morte da jovem
Estudantes se reuniram em passeata, nesta quinta-feira, para homenagear a colega e cobrar justiça por parte das autoridades
atualizado
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Colegas da escola de Regiane da Silva Oliveira, encontrada morta na manhã desta quinta-feira (27/4), aos 21 anos, fizeram uma manifestação esta noite pedindo justiça pela jovem. A mulher estudava no Centro de Ensino Médio (CEM 1), conhecido como Centrão, em Planaltina, e voltava da escola quando foi abordada e rendida por um homem, identificado como Sérgio Alves, 42. Ele foi preso no Entorno do DF e assumiu a autoria do crime, em depoimento à polícia.
Regiane era matriculada no Educação de Jovens e Adultos (EJA) do CEM 1, no período da noite. A comunidade escolar do centro inclui cerca de 2,3 mil estudantes na unidade de ensino. Boa parte dos estudantes se reuniram na passeata, iniciada as 19h desta quinta-feira, para homenagear a colega e cobrar justiça por parte das autoridades.
Medo e homenagens
Douglas Moreira, 28 anos, é um dos alunos do Centrão que caminhou, em marcha, da escola até a 16ª DP, que investiga o caso. Ele conta que a morte de Regiane gerou muito medo na comunidade escolar, principalmente para as mulheres. O estudante comenta que não tinha proximidade com a jovem assassinada: “Conhecia de vista, tínhamos contato mais no refeitório, mas parecia ser uma pessoa bem tranquila e presente na escola”.
Moreira revela que outros alunos pensaram em abandonar o colégio por conta da morte de Regiane. Segundo Douglas, a escola, que está em um ponto central de Planaltina, até tem policionamento adequado. O problema principal é a falta de segurança nas redondezas e no transporte público após as 22h.
A diretora da unidade de ensino, Nedma Guimarães, 51, aponta que a sensação é de impotência diante da tragédia. “Estava conversando com algumas alunas e o sentimento delas é ‘podia ter sido comigo’ e ‘pode ser comigo’. É um sentimento de não saber como se prevenir”, afirma a educadora.
De acordo com Nedma, a estudante assassinada vai ser lembrada como “uma aluna participativa, tranquila e frequente”. Para a diretora, Regiane tinha um perfil comum dos alunos do EJA, que é a do jovem que estuda para mudar de vida.
A passeata tinha como foco “pedir uma investigação mais forte” do desaparecimento. “Queremos dizer para a Regiane, onde quer que ela esteja, que estamos aqui e sentimos muito por ela não estar mais”, diz.
Na frente da delegacia, os alunos rezaram o pai nosso e falaram da importância da jovem para a comunidade escolar. A passeata acabou por volta das 20h45.
Falta de segurança na região
Primo de Regiane, o vigilante Jorismar Rosa da Silva comenta que a estudante sempre fazia o mesmo trajeto para voltar da escola quando o pai não a buscava. “Todos têm medo de passar por aquele local, que é muito escasso, não tem ninguém passando por aquelas horas. Então, quando ela sai do colégio, às 21:05, que vai pra casa. É claro que ela tinha medo”, diz o homem.
De acordo com o parente, quase sempre o pai da menina levava e buscava a jovem na escola, mas no dia do crime ele não teria conseguido por conta do trabalho. “A situação do pai é de arraso, de sofrimento, de dor, porque até mesmo pensa: ‘Se eu tivesse levado, não teria acontecido isso’. Então, é um sentimento de dor do pai, da mãe por ter permitido que ela viesse do Piauí. Todos eles têm o sentimento de culpa, mas nós sabemos que eles tratavam muito bem a filha e fizeram o que puderam por ela”, diz Jorismar.
O primo comenta que a família não conhecia e nunca tiveram contato algum com Sérgio: “Ali, foi uma eventualidade que aconteceu, porque eu creio que qualquer mulher que passasse naquele exato momento, ele estava preparado para pegar uma vítima ali, seja ela quem fosse”.
No momento, revela o homem, o que os parentes mais desejam é que a justiça seja feita. “A família espera que não seja mais um Sérgio lá dentro e que, daqui seis meses ou um ano, saia novamente porque os saidões que há por aí só traz isso, tragédia”, aponta.
Anteriormente, o suspeito pela morte de Regiane havia sido preso por outro caso de estupro na região. Ele acabou sendo beneficiado com o saidão no início de abril, mas não retornou ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP) onde cumpria pena em regime semiaberto. Desde 2 de abril, o homem foi considerado foragido pela Justiça.
O crime
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Sérgio abordou a estudante, inicialmente, com o intuito de roubar a bicicleta dela, no momento em que a vítima voltava do colégio, em 17 de abril. Aproveitando a situação, o homem passou a ameaçá-la com uma faca e decidiu estuprar a jovem.
A investigação da PCDF indica que Sergio matou a estudante por medo de ela registrar ocorrência de estupro. Em 18 de abril, após cometer o homicídio, o suspeito enterrou o corpo, que ficou desaparecido por cerca de sete dias. Regiane tinha sinais de golpes de faca, mas a causa da morte só será confirmada por meio de exames no Instituto Médico Legal (IML).