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Apartamentos no Lago Sul: MP recomenda revisão de alvará e investiga se empresa deu “falsas declarações”

No entendimento da promotora Laís Figueira, da Prourb, a empresa está veiculando a venda de apartamentos residenciais, o que é proibido

atualizado

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Edifício Vila Raiô
1 de 1 Edifício Vila Raiô - Foto: Reprodução

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga se a empresa Residencial Garden Empreendimentos Imobiliários Ltda. deu falsas declarações para conseguir alvará de construção de um centro clínico e residencial geriátrico na QI 21 do Lago Sul.

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No entendimento da promotora Laís Figueira, da Promotoria de Defesa da Ordem Urbanística do DF (Prourb), a empresa está veiculando a venda de apartamentos imobiliários de luxo e residenciais, o que é terminantemente proibido na região.

“A empresa apresentou um projeto e manifestou a integração de empreendimento de população idosa, que oferecesse clínicas, assistência social e alimentação, mas, na verdade, é um empreendimento imobiliário como qualquer outro”, explicou a promotora.

A declaração foi dada ao Metrópoles após reunião do MP com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF (Seduh) para que a pasta prestasse esclarecimentos sobre o alvará concedido à empresa.

O MP requisitou que a secretaria deveria rever o alvará da empresa. De acordo com a promotora, o próximo passo é chamar os responsáveis pelo empreendimento para que deem explicações. “Será uma reunião do MP com a empresa e o poder público. Não será permitida a venda de apartamentos residenciais”, garantiu Laís Figueira.

Indignação

O empreendimento de “residências exclusivas” despertou indignação do conselho comunitário do bairro. Os moradores afirmam que a obra tem destinação diferente da prevista em alvará, além de ser uma possível ameaça à preservação do patrimônio urbanístico de Brasília.

“Tal empreendimento não será utilizado para os fins declarados, tem potencial para ser um polo gerador de alto tráfego e colocará em risco a qualidade de vida da população local, a ordenação urbanística do Lago Sul e é potencialmente degradador do meio ambiente, já que a área é de preservação permanente (APP)”, destaca a denúncia.

O que diz a norma de gabarito

De acordo com a norma de gabarito do terreno – documento oficial que define parâmetros e determina o que pode ser feito –, não há permissão para qualquer tipo de construção de unidades residenciais na região.

O primeiro item do gabarito, a letra A, deixa claro o que é permitido funcionar no lugar: “Conjunto paroquial, centro educacional, templo religioso, unidades de ensino de 1º e 2º graus e pré-escolar” exclusivamente.

O item G ainda faculta que os responsáveis construam no lote quadras esportivas, playground, estacionamentos e guaritas. Em nenhum dos oito itens há qualquer tipo de concessão para construção de edificações de cunho residencial.

Em nota, a Seduh informou que o lote tem “destinação para o uso institucional, e a empresa obteve alvará de construção para empreendimento voltado à atividade de clínicas e residências geriátricas, para idosos sem condições de saúde ou que não queiram morar sozinhos (CNAE 87.11-5/01) – atividade essa que é expressamente autorizada pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) para o lote em questão”.

A informação prestada pela Seduh, porém, não condiz com a realidade, pois o que disciplina a destinação de um lote é a NGB, que autoriza o uso institucional exclusivamente para fins religiosos e não para construção de clínica geriátrica e menos ainda para a construção de prédios residenciais.

Veja fotos dos apartamentos 

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Empresa informa que o espaço será clínica para idosos
Edifício terá 60 apartamentos, em três andares
Moradores do Lago Sul denunciaram empreendimento
Associação quer que alvará da construção seja cassado
Edifício terá garagem, cozinha gourmet, salão de festas e área de lazer
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Apartamentos têm até 250 metros quadrados de área

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Empresa informa que o espaço será clínica para idosos

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Edifício terá 60 apartamentos, em três andares

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Moradores do Lago Sul denunciaram empreendimento

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Associação quer que alvará da construção seja cassado

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Edifício terá garagem, cozinha gourmet, salão de festas e área de lazer

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Vila Raiô será terá convênio com clínica de saúde, segundo informes de divulgação

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O que diz a empresa

A empresa Residencial Garden Empreendimentos Imobiliários Ltda. se manifestou por meio de nota. Leia

Esclarece que o projeto desenvolvido para o lote C-3-B da QI-21 do SHI/SUL contempla um empreendimento institucional, formado por clínicas e residências geriátricas destinadas para residentes titulares com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, com serviços de gestão em assistência e atenção à saúde dos idosos, conhecido como “Vila Raiô”.

O alicerce da Vila Raiô é o cuidado. Por isso, toda a inteligência do projeto, voltada para a saúde, foi realizada a partir da contratação da BV Saúde e sob o comando do Dr. Carlos Chiesa (CRM 494210 RJ). Por esse motivo, a atividade econômica da Vila Raiô é compatível com o CNAE de Clínicas e Residências Geriátricas (8711-5/01). No entanto, passa longe de ser considerado um “asilo”. Pelo contrário, o espaço existe com o propósito de reforçar a autonomia de pessoas acima de 60 anos por meio de recursos tecnológicos e de saúde integrados.

Dados publicados pelo IBGE em novembro de 2022, afirmam que a expectativa de vida do brasileiro aumentou. Nesse sentido, as próximas décadas preveem um Brasil com mais idosos. Sob esta ótica, é essencial que as instituições públicas e privadas criem condições para a população usufruir da maturidade com qualidade de vida, autonomia, capacidade funcional e, claro, saúde.

Toda a dinâmica do local é aplicada e gerida pela Amplexus, uma empresa de saúde integral, especializada no acompanhamento hospitalar e domiciliar completo, personalizado e multiprofissional. A Vila Raiô conta com salas de estabilização e observação, que servirão de acompanhamento, apoio e acionamento de serviço móvel de urgência e emergência, caso haja necessidade, oferecendo check-up anual; atividade física supervisionada por educador físico; enfermagem 24 horas; gestão do prontuário médico; realização de procedimentos ambulatoriais de baixa complexidade; avaliação e diagnóstico nutricional e estacionamento para ambulâncias.

Portanto, o projeto vai ao encontro da realidade de envelhecimento do país e oferece uma estrutura que cumpre todas as exigências físicas (mobilidade e saúde), emocionais (tratamento humanizado, que preserva a autonomia e a psique das pessoas acima dos 60 anos) e legais (todo o processo de desenvolvimento do projeto, aquisição do terreno, aprovação junto aos órgãos competentes foram realizados com todo o rigor legal e em pleno respeito ao Lago Sul e suas possibilidades dentro do Plano Diretor). Seguimos atentos às manifestações e abertos a realização dos ajustes necessários ao longo de todo o processo”.

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