Ao criticar trabalho escravo, deputado faz “propaganda” de suco do MST
Gabriel Magno (PT) levou suco de uva do MST para discurso em plenário na CLDF e fez propaganda: “Integral, está à venda no Armazém do Campo”
atualizado
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Um deputado do PT aproveitou o tempo do discurso em plenário na Câmara Legislativa para fazer “propaganda” de um suco integral produzido pelo Movimento Sem Terra (MST). A fala era uma crítica às denúncias de trabalho escravo em vinícolas do Sul do país.
Gabriel Magno discursou na Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta terça-feira (7/3), citando o educador Paulo Freire. “Ele falava que não basta, na alfabetização, saber ler que ‘Eva viu a uva’, mas entender quem fez a uva, como foi a produção, quais as condições de trabalho daqueles que produziram. E vimos neste país a acusação grave de três empresas por trabalho escravo”, disse.
Com a embalagem do suco de uva em mãos, ele chamou atenção dos colegas parlamentares. “O MST é um movimento social que produz comida saudável neste país com agricultura familiar. E produz esse suco de uva, que está à venda no Armazém do Campo, na 115 Norte, ou na internet. Então, para a gente fugir do trabalho escravo, trouxe aqui um exemplar de um suco de uva.”
Denúncias
No fim de fevereiro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego e com a Polícia Federal (PF), resgatou 150 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A empresa alvo da operação possui contratos com diversas vinícolas da região.
Trabalhadores resgatados em vinícolas da Serra Gaúcha relataram que eram agredidos com choques elétricos pelos empregadores. Três homens resgatados, em depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT), informaram ter escutado uma ordem de “matar os trabalhadores baianos”.