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Antes de morrer com dengue, menina pediu presente: “Melhorar logo”

Dias antes de morrer devido a complicações causadas por uma dengue hemorrágica, Pietra Isaac comemorou o aniversário de 7 anos no hospital

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Imagem colorida de menina de 7 anos que morreu por conta de dengue hemorrágica
1 de 1 Imagem colorida de menina de 7 anos que morreu por conta de dengue hemorrágica - Foto: Material enviado ao Metrópoles

Dois dias antes de morrer devido a complicações causadas por uma dengue hemorrágica, Pietra Isaac comemorou o aniversário de 7 anos no hospital. Mãe da menina, a empresária Camila Isaac, 37, relatou que a filha chegou a escrever em um diário o que queria de presente: “Melhorar logo”. No entanto, a criança não resistiu e faleceu na última sexta-feira (17/11), no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).

No dia anterior, Pietra havia sido levada para o hospital particular Daher, no Lago Sul, onde médicos avaliaram que a paciente precisava repousar e ingerir líquidos. Porém, o estado dela piorou, e a criança começou a vomitar sangue. Então, a família levou a menina para o Hmib, mas ela morreu horas depois.

Camila define a filha como amorosa e gentil: “Ela era muito genial, com uma personalidade forte, saudável. Uma bebê gigante. Todo mundo sempre falou que ela era grande. Era amorosa com os amiguinhos, gostava de cuidar, de rezar e amava dançar. Ela se maquiava toda, vivia perfumada”.

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Menina teve quadro de dengue hemorrágica, segundo a família
Em texto escrito em diário, Pietra pediu para "melhorar logo"
Mãe da criança acusa Hospital Daher de negligência no atendimento
A empresária Camila Isaac com a filha, Pietra Isaac
Pietra (ao centro) morreu em 17 de novembro
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Pietra Isaac completou 7 anos dois dias antes de morrer

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Menina teve quadro de dengue hemorrágica, segundo a família

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Em texto escrito em diário, Pietra pediu para "melhorar logo"

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Mãe da criança acusa Hospital Daher de negligência no atendimento

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A empresária Camila Isaac com a filha, Pietra Isaac

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Pietra (ao centro) morreu em 17 de novembro

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Depois de atendida no Hospital Daher, criança foi levada para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib)

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Uma das lembranças marcantes ocorreu justamente no aniversário anterior de Pietra, quando a menina foi avisada de que teria uma comemoração mais simples. “Eu disse que faria uma festinha, não seria nada grande. E ela disse: ‘Está bom, mamãe. Não tem problema’. Eu falei para ela escolher alguns amiguinhos, enfeitei as mesas, pedi um bolo temático todo diferente, crepe. No fim, a Pietra virou para mim e falou: ‘Mãe, você disse que faria uma festinha, mas fez uma festona’. Tudo agradava a ela, até o [que era] pouco”, detalhou Camila.

Agora, com o luto pela morte repentina da filha, a empresária não consegue ver as roupas da filha e pensa até em vender a casa onde moravam. Depois do ocorrido, Camila também passou a ficar com a irmã. “Estávamos preparando o aniversário dela. Eu não volto mais à minha casa; vou colocar à venda. A festa dela era dia 15. Estávamos poupando, e ela estava muito feliz. Até a levei, doentinha, para colarmos adesivos nas coisas, mas ela não conseguiu colocar nenhum.”

Camila conta que o trauma se tornou uma “dor enorme”, porque a filha era uma companheira para tudo. “Fico aqui com meu sofrimento, sem minha filha, com dor no coração. Não consigo viver, não consigo me juntar. Noite e manhã, nos piores horários, eu acabo aqui [na casa da irmã]”, lamentou.

“Descaso”

O primeiro diagnóstico recebido por Pietra apontava para um quadro bronquite e virose, com receita de medicamentos para tratar sintomas respiratórios. No dia seguinte, a menina voltou ao Hospital Daher, porque teve uma piora na saúde.

Outra médica atendeu a paciente e afirmou que a criança estava, na verdade, com dengue. Em seguida, orientou que a família buscasse o Hmib, pois a unidade de saúde da rede pública é considerada referência para esse tipo de atendimento em crianças. No entanto, na troca de plantão, um terceiro médico avaliou Pietra, discordou da profissional anterior e disse que o tratamento poderia ser feito em casa, apenas com hidratação e descanso.

Para a mãe, houve negligência por parte da equipe de saúde envolvida. “Foi um descaso, desumano. Você [fica] largado de qualquer jeito, implorando para tomar remédio, para ser internado. Um hospital que tem pediatria, mas não internação pediátrica? O que é isso? [São] despreparados. Se aconteceu com a minha, com quantos outros não aconteceu [também]?”, questionou Camila, em relação ao atendimento no Hospital Daher.

Com registros de vômito de sangue, febre alta e sem conseguir se alimentar, a mãe levou Pietra para o Hmib, onde a menina ficou internada na unidade de terapia intensiva (UTI) e foi intubada.

“Parece que ela teve outra parada cardíaca. Vi, inclusive, médicos em cima dela. [Nessa hora,] saí e comecei a orar. Eu me joguei no chão, pedindo a Deus para que deixasse minha filha [comigo]. Acho que seria até egoísmo, mas a gente não quer perder”, ponderou Camila.

Causa da morte é investigada

O Metrópoles entrou em contato com o Hospital Daher para pedir posicionamento sobre o ocorrido, mas não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou que a paciente chegou ao Hmib em estado grave, na madrugada de quinta-feira (16/11), e que foi “prontamente atendida”.

“Ela foi direto para a sala amarela, fez todos os procedimentos e exames, e foi regulada [internada] na UTI. Todo o atendimento foi realizado pela equipe, mas, diante da gravidade do quadro, ela veio a óbito no fim da tarde do mesmo dia. A Secretaria de Saúde informa, ainda, que um comitê investiga a causa da morte e tem prazo para divulgá-la. A pasta esclarece que deve informar o resultado nos próximos dias”, concluiu a SES-DF.

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