Ano gordo de Rollemberg começa pelo Réveillon mais caro de sua gestão
Mesmo com o discurso de tempos difíceis, GDF vai gastar R$ 2,7 milhões com os festejos na passagem de 2017 para 2018
atualizado
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Com a arrecadação subindo cada vez mais, os anos de vacas magras enfrentados pelo Governo do Distrito Federal (GDF) parecem ter ficado no passado. A fim de iniciar a nova etapa com o pé direito, a torneira do dinheiro foi aberta para a celebração do Réveillon. A previsão da Secretaria de Cultura é desembolsar R$ 2,7 milhões para custear a festa. O valor é o mais alto investido no Ano-Novo desde que Rodrigo Rollemberg (PSB) assumiu a gestão do DF.
Na virada para 2016, foram despendidos R$ 859,8 mil. No exercício seguinte, o governo gastou R$ 937,4 mil. Mesmo mantendo o discurso de austeridade, a verba prevista para a passagem de 2017 para 2018 é 197% maior.
Toda quantia vem do caixa do Executivo local, sem o aporte de emendas parlamentares. Do total, R$ 1,9 milhão é estimado para a contratação da estrutura. Segundo o GDF, há, no entanto, a possibilidade de a cifra cair em até 30%, em razão do deságio no pregão eletrônico. O restante do dinheiro servirá para bancar dois eventos: o da Prainha, que terá festa por dois dias seguidos, e o da Esplanada dos Ministérios.
O doutor em custos aplicados ao setor público e professor da Universidade de Brasília (UnB) Marilson Dantas enxerga como “temerário e inadequado” o salto expressivo no dinheiro para tal finalidade.
Evidentemente que a cultura também faz parte, mas aumentar muito o orçamento não seria prudente neste momento de crise.
Marilson Dantas, professor da Universidade de Brasília
Alcione é a atração principal do evento no centro da capital federal neste fim de ano. O cachê de R$ 300 mil pago pelo Governo do Distrito Federal é 130% maior do que o investido pela Prefeitura de Feira de Santana (BA) para a apresentação da artista no próximo dia 20 de dezembro – R$ 130 mil –, como revelado pelo Metrópoles.
Além da Marrom, Joelma é o outro nome nacional que participará da festa. Para a ex-vocalista da Banda Calypso cantar e fazer a tradicional contagem regressiva, o Executivo local gastará R$ 210 mil. Há, ainda, a previsão de o GDF contratar, ao custo de R$ 74,5 mil, mais três artistas: um DJ, um VJ e dois apresentadores. Para o Réveillon da Prainha, a Secretaria de Cultura pagará R$ 50 mil ao afoxé Filhos de Gandhy, atração principal.
Na despedida de 2015, primeiro Ano-Novo de Rollemberg como governador, a celebração, comandada por artistas locais, foi um pouco mais tímida. Na recepção de 2017, porém, cantores com fama nacional, como MC Carol e o rapper Criolo, estavam entre as atrações.
O valor investido na virada para 2018 é maior do que os gastos dos anos anteriores porque, neste ano, outros projetos da pasta contaram com parcerias e patrocínios, permitindo reforço na verba para esse fim, justificou a Secretaria de Cultura. “Embora o custo estivesse dentro do que fora previsto e aprovado no orçamento para o ano”, ponderou.
Agnelo gastou mais
O crescimento dos gastos com as festas de fim de ano na administração de Rollemberg, mesmo chamando atenção, totaliza uma cifra menor que as registradas em exercícios precedentes. No primeiro Réveillon do Distrito Federal sob o comando de Agnelo Queiroz (PT), de 2011 para 2012, a comemoração custou R$ 8 milhões aos cofres públicos, de acordo com a Secretaria de Cultura.
“Na virada para 2013, 2014 e 2015, foram gastos R$ 4 milhões, R$ 1,65 milhão e R$ 2,59 milhões, respectivamente”, revelou a pasta, em nota. A secretaria reforçou, no entanto, que não consegue responder sobre o motivo dos investimentos da gestão anterior.
Decoração natalina
Enquanto a quantia destinada para as festas subiu em 2017, a verba para enfeites de Natal foi na direção contrária. Neste ano, a Secretaria Adjunta de Turismo aplicará R$ 190 mil para iluminar pontos turísticos de Brasília. Em 2016, toda a ornamentação custou R$ 400 mil. No ano anterior, porém, o desembolso foi menor: R$ 147 mil.