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Anexo do Buriti oferece risco à vida de servidores, diz laudo do GDF

Inspeção revela que mármores da fachada podem cair e causar acidente fatal. Custo da reforma no prédio inaugurado em 1969 é de R$ 13 milhões

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Anexo do Palácio do Buriti
1 de 1 Anexo do Palácio do Buriti - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Entre os edifícios públicos do Distrito Federal com problemas, um se destaca por estar no centro do poder da capital. Laudo técnico de engenharia expedido em 3 de fevereiro de 2019 aponta que, no Anexo do Palácio do Buriti, prédio logo atrás de onde o governador despacha, a possibilidade de queda de placas de mármore branco das fachadas laterais pode causar acidentes fatais.

A inspeção verificou que, em alguns pontos, o revestimento está em processo de desprendimento. Mesmo que ainda não tenha sido registrada queda do material, a situação é perigosa para servidores e demais pedestres que caminham nos arredores do edifício.

“Dependendo da altura que cair, caso atinja algum pedestre, poderá ser fatal”, alerta o documento ao qual o Metrópoles teve acesso com exclusividade. Para sanar o problema, sugeriu-se licitação para que empresa especializada faça a devida reforma.

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Placas de mármore branco fazem o revestimento da fachada. Algumas estão desprendendo e, se caírem, podem causar acidentes fatais, segundo laudo
Do outro lado, o revestimento está escurecido
Há infiltração em uma das entradas do prédio
Paredes escurecidas e descascando
A estrutura é afetada pela água da chuva
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O Edifício Anexo do Palácio do Buriti fica atrás do palácio onde despacha o governador do Distrito Federal

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Placas de mármore branco fazem o revestimento da fachada. Algumas estão desprendendo e, se caírem, podem causar acidentes fatais, segundo laudo

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Do outro lado, o revestimento está escurecido

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Há infiltração em uma das entradas do prédio

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Paredes escurecidas e descascando

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A estrutura é afetada pela água da chuva

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No alto das fachadas oeste e leste, as placas estão mais escuras por conta da infiltração de água da chuva, que, aliada à dilatação térmica, provoca, com o tempo, desprendimento de placas, diz o relatório.

A vistoria, realizada pela Gerência de Engenharia e Infraestrutura da Subsecretaria de Administração Geral da Secretaria de Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão, observou a parte externa o prédio, subsolo, térreo, cobertura e outros pavimentos.

A inspeção foi realizada a pedido do titular da pasta, André Clemente. Segundo ele, para fazer as reformas necessárias, serão necessários R$ 13 milhões.

Outro problema grave apontado é o risco de incêndio, devido à “não observância de normas técnicas, instalação elétrica com decrepitude, deterioração e falta de manutenção adequada, aliados a um sistema de combate a incêndio defasado e obsoleto”.

Confira trecho do documento:

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Situação é preocupante nas fachadas oeste e leste, onde placas de mármore estão se desprendendo

 

Histórico
A situação das instalações e sistemas de proteção contra incêndio e pânico é a mesma identificada há dois anos, em outro relatório. A vistoria de 10 de fevereiro de 2017 mostrou que eles estão defasados, obsoletos e não atendem as normativas do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O laudo de 2019 cita que, em 10 de outubro de 2018, a antiga Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) foi notificada, mediante auto de infração, pelo CBMDF por conta da necessidade de adequação do sistema de prevenção e combate a incêndio e pânico anteriormente levantada pela corporação. A Diretoria de Arquitetura e Manutenção Predial da Seplag solicitou à Subsecretaria de Gestão Administrativa o cancelamento da multa e a dilação do prazo em 12 meses para resolver as pendências.

Uma das justificativas, segundo documentos internos anexos ao relatório, é a de que o processo que trata da reforma elétrica e de combate a incêndio encontrava-se com orçamento concluído. Já estava sendo elaborada minuta de convênio para que a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) fizesse a licitação. Entretanto, até hoje o prédio segue sem os reparos necessários.

A instalação de portas corta-fogo e sinalização de emergência, à época, estavam em fase de contratação, com a empresa DM Militão habilitada a prestar o serviço.

Confira fotos que constam no laudo feito no início de 2019:

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Outras situações
O estado de conservação do 16º andar é classificado como “bastante lastimável”. Há persianas destruídas e a cozinha “tem portas danificadas, fiação exposta e instalação hidro-sanitária bastante antiga”.

Durante a vistoria, foram constatados, na instalação hidrossanitária, vazamentos, infiltrações, louças danificadas, válvulas e torneiras deterioradas. No sistema elétrico, há cabos expostos, tomadas e interruptores quebrados.

Os problemas são velhos conhecidos da equipe, pois a inspeção destaca que a Gerência de Engenharia e Infraestrutura recebe, em média, 15 pedidos por dia do Anexo para efetuar a troca de tomadas, verificar vazamentos, consertar válvulas e torneiras.

O laudo técnico de engenharia também revela infiltração na parte externa, portas com problemas no subsolo e vidros quebrados no térreo, entre outras situações de descaso. Há, ainda, forro gasto e fiação à mostra no 10º andar, além de pequena reforma não concluída na cozinha do 14º. Dois banheiros foram interditados: o feminino do 10º pavimento e o masculino do 4º.

Estudo de caso
No 7º, foram constatadas infiltrações de águas pluviais através da esquadria, que causaram mofo e desprendimento de pintura. Na passarela de concreto armado, o inspetor se surpreendeu: “Há tantas anomalias que pode ser usada como estudo de caso em curso de patologia”.

Apesar da situação precária em diversos pontos do Edifício Anexo do Palácio do Buriti, o laudo conclui que, mesmo sem ensaios para verificar a presença de agentes agressivos e alterações químicas no concreto, “nada foi encontrado, no momento da vistoria, que afete a estabilidade estrutural da edificação”.

Os danos constatados na inspeção foram atribuídos “à atuação conjunta do uso, ao desgaste natural dos elementos construtivos expostos, contínuos e cumulativos ao longo de consideráveis 50 anos”, além de à “ausência de plano de manutenção preventiva e periódica”.

Manutenção
O Edifício Anexo do Palácio do Buriti foi projetado pelo arquiteto Nauro Jorge Esteves e inaugurado em agosto de 1969. Tem 16 andares – térreo e 15 pavimentos – e um subsolo. No local, funcionam, por exemplo, a Secretaria de Transporte e Mobilidade e a Casa Militar.

Arquiteto e ex-chefe do escritório de Oscar Niemeyer, Carlos Magalhães critica a falta de cuidado com o prédio. “As placas com risco de cair são reflexos do velho problema da falta de manutenção. Olha a idade desse prédio Os materiais não são definitivos ou infinitos no seu uso”, advertiu.

O outro lado
Ao Metrópoles, o secretário de Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão, que pediu a inspeção no Anexo do Buriti, criticou as gestões passadas por não terem executado as obras de recuperação necessárias no edifício. “Essa é só uma demonstração do descaso com o qual o Distrito Federal vinha sendo tratado nos últimos anos. Não foi por acaso que o viaduto do Eixão caiu, e este abandono pode ser visto por toda a cidade”, afirmou.

O patrimônio da sociedade foi deixado de lado e, agora, o preço da recuperação fica muito mais alto por causa da irresponsabilidade dos gestores. A reforma do Anexo do Palácio do Buriti está orçada em cerca de R$ 13 milhões: esse é o preço do descaso

André Clemente, secretário de Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão

O titular da pasta afirmou ainda que pediu novos laudos da Defesa Civil “para determinar a extensão dos danos, ter exata informação sobre os riscos e definir o que fazer. Mas é certo que não poderemos manter esta situação por muito mais tempo”.

Apesar da necessidade de intervenções, ao longo dos anos, o Anexo do Buriti passou por algumas reformas. O relatório de 3 de fevereiro cita as oito principais obras realizadas entre 1985 e 2016.

Veja:

  • Entre 1985 e 1990, foram construídas as escadas de emergência externas ao corpo do edifício, em concreto armado.
  • Entre 2006 e 2007, foram substituídas as esquadrias de ferro por esquadrias de alumínio e vidro. Junto a essa obra, foram instalados suportes de alumínio para aparelhos de ar-condicionado de janela e placas de alucobond entre os pavimentos.
  • Entre 2007 e 2008, foram executadas algumas reformas em vários andares do edifício, em que foram trocados os revestimentos de piso por manta vinílica, os antigos forros por outro de fibromineral 60cmx60cm, luminárias de embutir de alumínio 60cmx60cm, divisórias em placas de MDF e mobiliários. Em alguns andares, foram reformados banheiros, copa e as instalações elétricas de forma pontual por empresas contratadas por algumas secretarias ocupantes do edifício.
  • Em 2009, foi executada a recuperação estrutural da marquise da entrada principal.
  • Em 2010, foi executada a modernização dos elevadores, com sistema para otimização e economia de energia.
  • Em 2011, foi executada a substituição das telhas da cobertura por outras, trapezoidais em aço da Gravia 40GR, com isolamento acústico e pintura branca.
  • Em 2012, foi executada uma reforma no térreo pelo Banco de Brasília (BRB), na área do Posto de Atendimento Bancário (PAB).
  • Em 2016, foi executada a obra da demolição e reconstrução da laje da projeção do espelho d’água da garagem do edifício.

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