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Amor sem limites: mulher solteira adota criança com deficiência no DF

Marina Gonzaga adotou o pequeno Murilo, em 2021. Ela é uma das nove pessoas do DF que acolheram sozinha uma criança no ano passado

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Marina Gonzaga e Murilo adoção 1
1 de 1 Marina Gonzaga e Murilo adoção 1 - Foto: Material cedido ao Metrópoles

No ano passado, a técnica de enfermagem Marina Gonzaga, de 57 anos, adotou sozinha o pequeno Murilo, de 11 meses (foto de destaque). O menino nasceu com hidranencefalia e, logo nos primeiros dias de vida, precisou de cuidados médicos. Marina compunha a equipe que cuidou do recém-nascido na UTI neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) e de cara já se apaixonou pela criança.

“Eu o conheci bem pequenininho. Fiquei sabendo que a mãe biológica tinha o desejo de colocá-lo para adoção. Me apaixonei por ele e decidi que queria ser a sua mãe. Entrei com o processo de habilitação para adotá-lo imediatamente, mesmo sabendo que, ao procurar uma família para o Murilo, a VIJ-DF iria respeitar a fila de pretendentes já habilitados”, conta.

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Marina e Murilo
Marina Gonzaga se apaixonou pelo filho quando ainda nem imaginava que seria sua mãe
Murilo vai completar um ano em 13 de março de 2022
O grupo de apoio começa na família, com a irmã Maria Rosa Gonzaga e a sobrinha Ana Cristina. Além delas, há a ajuda dos colegas de trabalho, o acompanhamento gratuito do pediatra Zaconeta, e o apoio emocional de amigos como Karina e Ricardo Iglesias e da comunidade da igreja que frequenta
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Murilo foi adotado aos 3 meses de vida

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Marina Gonzaga se apaixonou pelo filho quando ainda nem imaginava que seria sua mãe

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Murilo vai completar um ano em 13 de março de 2022

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O grupo de apoio começa na família, com a irmã Maria Rosa Gonzaga e a sobrinha Ana Cristina. Além delas, há a ajuda dos colegas de trabalho, o acompanhamento gratuito do pediatra Zaconeta, e o apoio emocional de amigos como Karina e Ricardo Iglesias e da comunidade da igreja que frequenta

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A história de Marina e do pequeno Murilo é rara no universo das adoções. Isso porque a profissional de saúde é uma das nove pessoas que optaram, em 2021, por realizar a chamada adoção monoparental, quando alguém solteiro decide acolher uma criança ou um adolescente. O enredo da família torna-se mais rara e especial ainda dado ao fato de que o pequeno tem uma deficiência. Inclusive, a nova mãe é uma das sete que adotou uma criança com necessidades especiais naquele ano.

Dados da Seção de Colocação em Família Substituta da Vara de Infância e da Juventude do DF (SEFAM/VIJ-DF) indicam que o quantitativo de adoções pleiteadas por famílias monoparentais ainda é reduzido. Elas representam 10% do total realizado no DF nos últimos quatro anos. Em 2020, das 65 realizadas, quatro foram por pessoas solteiras, o que equivale a pouco mais de 6%. Em 2022, no entanto, já ocorreram três do tipo monoparentais em um total de sete acolhimentos.

Confira os dados abaixo:

Perfil

A partir da Constituição de 1988, a unidade familiar composta por um único adulto passou a ser reconhecida como legítima. Ainda assim, são apenas 10% que compõe os pedidos de adoção por apenas uma pessoa. O dado refere-se ao total dos últimos quatro anos.

“Nós consideramos que o percentual de 10% é bastante tímido. No nosso entendimento, isso, talvez, se deve ao fato de que ainda há muita desinformação a respeito da adoção. Muitos alimentam a crença de que apenas casais podem recorrer ao instituto da adoção e desconhecem a possibilidade legal de solicitar o processo de habilitação para a medida”, esclarece o supervisor da Sefam, Walter Gomes.

Segundo Walter, apesar do número reduzido, as pessoas solteiras que procuram a vara em busca do acolhimento monoparental mostram-se engajadas na preparação a fim de receber a criança ou adolescente, e atentas às recomendações para o sucesso do amparo.

Outro dado interessante é que dessa porcentagem, a maior parte desse tipo de adoção é solicitada e efetivada por pessoas do sexo feminino. Das 21 realizadas entre 2019 e fevereiro de 2022, apenas três foram por pessoas do sexo masculino.

Mãe solo

Marina não sabia se conseguiria vencer o processo de adoção de Murilo visto que há uma fila a ser respeitada. Mas por conta do contato com o menino, enquanto profissional de saúde, ela decidiu tutelar qualquer outra criança com deficiência. Com esperança no coração, mas a sabedoria da espera, Marina despediu-se de Murilo ainda na UTI, momento duro segundo a mãe.

Ao sair do hospital, o menino aguardou no Lar Bezerra de Menezes e ficou à espera de uma família disposta a recebê-lo. A surpresa, no entanto, veio dois meses depois, quando Marina recebeu a ligação de que poderia buscá-lo.

“É o meu primeiro filho. Ele escancarou a porta do meu coração para esse amor. Quando eu recebi a notícia, senti uma enxurrada de emoções. Um sonho realizado”, afirma. “Eu me preparei para recebê-lo. O Murilo é uma criança que transmite muito amor. Ele representa muita esperança, dedicação e afeto. A vontade de viver intensamente o momento presente. Cada dia é uma benção”, acrescenta.

Uma nuance da história de Marina é a de que ela também é filha adotiva e foi acolhida com pouco mais de um ano. Segundo a mãe, a família adotiva é um marco, uma referência na sua vida. Ali sempre recebeu acolhimento e amor.

Deficiência

Murilo completará o seu primeiro aninho de vida no próximo dia 13. “A gente convive muito bem com a questão da hidranencefalia. Ele está se desenvolvendo a cada dia. Sabíamos que ele teria suas limitações em relação as habilidades, mas tenho uma rede de apoio que me dá todo o suporte que o meu filho precisa. Estamos crescendo”, detalha a mãe.

A criança ganhou inclusive o acompanhamento gratuito do pediatra Carlos Alberto Moreno Zaconeta. Soma-se a isso o apoio da irmã de Marina, Maria Rosa Gonzaga; a sobrinha Ana Cristina; as amigas do trabalho, além do suporte emocional do psicólogo Renato Thompson. Amigos como Karina e Ricardo Iglesias e a comunidade da igreja que frequenta também fazem parte da rede de suporte.

O pedido da mãe, agora, é para que outras pessoas não tenham medo de receber crianças ou adolescentes carentes de cuidado e amor:

“Quem quer adotar, siga em frente. Independente de ser uma criança especial ou saudável. Todos precisam de amor e cuidado. O meu apelo é para que as adoções aumentem. Principalmente de crianças especiais. Que as pessoas não almejem apenas a adoção ideal, e sim a adoção real.”

Incentivo à adoção de deficientes

Com o intuito de aumentar as possibilidades de adoções de crianças e adolescentes, que fogem do perfil normalmente procurado pelos futuros pais, a Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal (VIJ-DF) criou o programa Em Busca de um Lar.

Clique aqui e conheça mais sobre o programa e as crianças inseridas nele.

A iniciativa mostra quem são os meninos e as meninas que ainda aguardam por uma família por não corresponderem ao padrão procurado – por terem deficiência ou graves problemas de saúde, idade mais avançada ou comporem grupos de irmãos.

Conheça três crianças com deficiência à espera de adoção no DF

A VIJ-DF estima que apenas cerca de 9,4% das famílias habilitadas demonstram interesse em crianças com doenças sem gravidade e sem complexidade, enquanto que 90% querem crianças saudáveis. Dos 71 acolhimentos efetivados em 2021, seis envolveram o grupo com necessidades especiais.

Números de adoções de crianças com deficiências:

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