Amigos se cotizam para pagar enterro de Sandra. Irmão é suspeito
Pessoas que conheciam a cabeleireira, assassinada no último sábado, dizem que família não tem condições financeiras
atualizado
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Clientes, amigos e vizinhos da cabeleireira Sandra Maria Sousa Moraes, 39 anos, encontrada morta com um fio enrolado no pescoço, em uma área de mata do Assentamento 26 de Setembro, na última segunda-feira (25/11/2019), estão mobilizados para realizar o enterro e sepultamento dela.
Considerada muito querida e batalhadora por todos que a conheciam, Sandra teria sido morta pelo irmão, o pedreiro Danilo Moraes Gomes. Ele está foragido.
Segundo uma vizinha da vítima, que preferiu não se identificar, desde que soube do crime, os moradores estão muito abalados e querem ajudar.
“Nós sabemos que ela não tinha condições. Por ser uma pessoa muito especial, queremos fazer essa despedida digna para que ela esteja em paz.”
Veja fotos do caso:
Uma cliente de Sandra organiza os preparativos e mobiliza a vizinhança para que todos ajudem na cerimônia de despedida. “Ainda não conseguimos dar prosseguimento porque os documentos dela não foram encontrados. O IML ainda não liberou o corpo por conta dessa situação. Estamos aguardando”, diz.
Outra amiga confirmou o problema. “Estamos arrumando os documentos e também arrecadando o dinheiro das pessoas que a conheciam para fazer a despedida. A Sandra era sozinha e, pelo o que vimos, não tinha nenhum dinheiro guardado.”
Ainda segundo a amiga da cabeleireira, a filha da vítima, Samara Sousa Moraes, 22, não tem condições de levantar o dinheiro no momento. “Ela não está nem conseguindo falar direito. Está muito abalada. Sabemos onde ela está e estamos conversando e dando suporte para ela.”
Conclusões
A Polícia Civil do Distrito Federal afirma que Danilo matou a irmã, Sandra Maria, de maneira premeditada. De acordo com as investigações conduzidas pelo delegado Yury Fernandes, titular da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), o homem pegou um cabo de televisão antes de conduzir a vítima até um local ermo, dentro do próprio lote onde ela morava, para matá-la.
Conforme revelado pela coluna Grande Angular, do Metrópoles, o fio estava enrolado ao pescoço de Sandra quando o corpo dela foi localizado, na segunda-feira (25/11/2019). Segundo a polícia, o feminicídio ocorreu no sábado (23/11/2019).
Com essas informações, os investigadores não têm mais dúvida quanto à autoria e à premeditação do feminicídio. Ainda restam, no entanto, dois pontos a serem esclarecidos.
O primeiro é a da participação ou não de Brendo Sousa Moraes, filho de Sandra, no assassinato. Apesar de ele ter confessado que ajudou o tio a ocultar o corpo em um lugar de mata fechada, a polícia irá apurar se o rapaz também atuou na execução da cabeleireira.
“Agora, vamos analisar as imagens de câmera de segurança do condomínio para saber se Danilo chega e sai acompanhado da casa”, explica o delegado-chefe Yury Fernandes.
Outra questão a ser resolvida é o motivo do crime. Segundo o investigador, a principal hipótese é a de que haveria uma desavença entre a vítima e Danilo relacionada ao terreno em que Sandra morava. “Vamos ouvir uma testemunha que reforça essa tese, mas ainda é muito cedo. Precisamos entender o que o irmão teria a ver com o local”, aponta Fernandes.
Buscas
Danilo foi condenado pela Justiça do Maranhão por crime semelhante. Até recentemente, estava preso no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (MA), onde cumpria pena por estupro e latrocínio, conforme consta no site do Tribunal de Justiça do estado.
Segundo o delegado titular da 38ª DP, Yury Fernandes, o pedreiro teria matado uma mulher no Maranhão, após enforcá-la com um fio de telefone. Antes, de acordo com a Justiça daquele estado, o homem estuprou a vítima. A data desse crime não foi revelada, assim como outros detalhes. O investigador informou ainda que o pedreiro fugiu da cadeia maranhense.
Danilo foi visto pela PCDF apenas uma vez, quando policiais foram ao assentamento onde a família reside para prender os suspeitos do feminicídio, após Samara acionar a corporação. Enquanto Brendo não resistiu ao flagrante, o assassino correu para o meio do mato.
O pedreiro permanece foragido. O pedido de prisão do acusado ainda não foi expedido, mas a expectativa é de que o documento saia nesta quarta-feira (27/11/2019).
Preso por ocultação de cadáver, Brendo será ouvido durante audiência de custódia também nesta quarta.
Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.