metropoles.com

Amigos de dono do Bambambã: “Envolvente”, mas “agressivo e violento”

Pessoas próximas a Gabriel Ferreira Mesquita contam ao Metrópoles um pouco sobre a personalidade do dono do bar na Asa Norte

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/ Redes sociais
Foto-gabriel-dono-do-bar-bambambã (4)
1 de 1 Foto-gabriel-dono-do-bar-bambambã (4) - Foto: Reprodução/ Redes sociais

Denúncias que apontam Gabriel Ferreira Mesquita, dono do bar Bambambã — localizado na 408 Norte, em Brasília — como suposto autor de abusos sexuais, também trouxeram à tona declarações em que o acusado teria relatado a conhecidos situações semelhantes às que hoje o incriminam.

“Ele falou uma ou duas vezes sobre ter tido relação sexual consentida com uma mulher e, no meio do ato, ter partido para o sexo anal sem permissão da parceira” disse um amigo do bartender. “E teria achado o máximo”, completou.

Dono de bar na Asa Norte é acusado de estupro por ao menos 12 mulheres

As afirmações, segundo a pessoa que pediu para não ser identificada, teriam sido feitas há alguns anos, quando o empresário estava no início da idade adulta. “Conheci o Gabriel ainda na juventude, inclusive chegamos a morar juntos. Ele era uma pessoa envolvente e agradável de se estar, mas agressivo e violento quando confrontado”, descreveu.

“À época em que me disse o que teria acontecido durante uma ou outra relação sexual que teve, éramos muito jovens e eu não tinha o entendimento que tenho hoje sobre o que é esse tipo de violência. Mas tempos depois, quando li os relatos que estavam circulando nas redes sociais, vi um padrão que na juventude ele já falava. Diante disso, o chamei para conversar”, declarou o homem que afirma, ainda, ter sido afastado pelo empresário após questioná-lo sobre os abusos.

Veja quem é Gabriel Ferreira Mesquita:

4 imagens
Dono do bar Bambambã, localizado na 408 Norte, em Brasília, no Distrito Federal
Ele é acusado de ter abusado sexualmente de ao menos 12 mulheres
O empresário foi condenado a seis anos de prisão
1 de 4

Gabriel Ferreira Mesquita

Reprodução/Internet
2 de 4

Dono do bar Bambambã, localizado na 408 Norte, em Brasília, no Distrito Federal

Reprodução/ Redes sociais
3 de 4

Ele é acusado de ter abusado sexualmente de ao menos 12 mulheres

Reprodução/ Redes sociais
4 de 4

O empresário foi condenado a seis anos de prisão

Reprodução/ Redes sociais

Segundo um outro amigo do empresário, que também terá a identidade resguardada, o bartender tinha comportamentos estranhos, principalmente quando era confrontado ou “tinha a virilidade questionada”. Ao Metrópoles o homem disse que, certa vez, o empresário teria “tirado a roupa e invadido o quarto de uma amiga que ofereceu ajuda para ele”.

“Há alguns anos, uma amiga foi até o bar do Gabriel e ficamos conversando até fechar o estabelecimento. Nesse dia, ele estava muito bêbado e não lembrava onde tinha deixado a chave de casa. Diante disso, essa tal amiga falou que ele poderia dormir no sofá dela, e ele aceitou”, contou.

A mulher teria, então, ajeitado o móvel para Gabriel dormir, segundo relato do amigo, que, no dia seguinte recebeu uma ligação desesperada. “Quase de imediato me ligou assustada e revoltada. Ela acordou e o encontrou pelado na cama dela. Quando o confrontei, ele desconversou e pediu desculpas, mas informei que ele deveria se desculpar com a mulher, não comigo. Ele disse que falaria com ela, e parece que falou. Mas foi uma situação que me deixou irritado” , declarou.

Após algum tempo, o homem deparou-se com relatos de vítimas nas redes sociais acusando Gabriel de estupro. Disse ao Metrópoles que na ocasião ligou para o então amigo a fim de questioná-lo. “Queria saber o que ele tinha a dizer sobre a situação”, iniciou. “Porém, ele nunca tinha nada para falar e sempre se desviava do assunto”, completou.

Mais 5 mulheres relatam abusos de dono do Bambambã: “Gritava de dor”

Denúncias em “Meu amigo secreto e Meu primeiro assédio”

À reportagem, um terceiro colega do empresário contou que há alguns anos diversas mulheres chegaram a expor Gabriel durante os movimentos Meu Amigo Secreto e Meu Primeiro Assédio, que incentivavam vítimas de abusos a exporem suas histórias. Uma conhecida dele, então, questionou se o amigo “tomaria alguma providência”, já que seria próximo do atual dono do Bambambã.

“Lembro que nessa época uma amiga minha chegou e falou: ‘Tem muita história rolando do amigo de vocês por aí. Vão fazer alguma coisa?’. Ela relatou a primeira denúncia que surgiu nas redes sociais e, em seguida, escrevi para o Gabriel perguntando se podíamos conversar sobre as tais acusações. No nosso encontro, ele apareceu ao lado de uma namorada negando tudo. Em seguida, se afastou de mim”, disse o terceiro colega, que também pediu para não ter a identidade revelada.

Apelidado de “boy lixo”

Ainda durante o período de desabafos de vítimas nas redes sociais, o terceiro amigo disse que “várias meninas passaram a confrontar” Gabriel, mas ele continuava negando as acusações. Devido a isso, o empresário teria sido apelidado de “boy lixo” por mulheres do, na época, círculo social dele. Nesse meio tempo, o bartender teria se mudado diversas vezes para diferentes estados brasileiros.

Ainda segundo os entrevistados, que afirmam ter convivido durante anos com o dono do bar Bambambã, apesar de ser uma pessoa envolvente, o empresário pode ser “agressivo e até mesmo violento quando confrontado ou exposto a uma situação em que ele não consiga sair”.

Entenda o caso

Dezenas de mulheres acusam Gabriel Ferreira Mesquita de abuso sexual, dopagem e stealthing – prática em que o indivíduo retira a camisinha, sem permissão, durante o sexo.

Os relatos vieram à tona após publicação feita por Laura*, em janeiro de 2020, repercutir nas redes sociais. No texto, a jovem narra que era frequentadora assídua do estabelecimento do homem, que também atua como bartender no local. Certo dia, porém, depois de conversar com o acusado e beber drinks dados por ele, a jovem adormeceu e acordou “sem memórias” e com a “horrível sensação de que violaram” o corpo dela.

“Desde esse dia meu corpo nunca mais foi o meu corpo. Precisei tomar mil remédios a fim de me prevenir de doenças. Infelizmente, nenhum deles foi capaz de evitar o estrago psicológico”, declarou à época.

O relato foi compartilhado dezenas de vezes nas redes e recebeu centenas de interações. Devido à repercussão e ao alcance, mulheres de diferentes partes do Brasil – e até mesmo do exterior – entraram em contato com Laura, alegando terem enfrentado situações semelhantes à dela com o empresário. Nesse momento, a jovem marcou um encontro para que as vítimas pudessem contar suas histórias.

“Se procurarem a imprensa, arquivarei o inquérito”

Doze das dezenas de vítimas decidiram, então, procurar a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), a fim de fazer denúncia coletiva contra o homem. Chegando lá, segundo elas, foram convencidas pela então delegada da Deam Sandra Gomes a não tornarem o assunto público, sob pena de terem “o inquérito arquivado”.

Diante do medo, permaneceram caladas durante todo o período de instrução do processo, que, após ter sido apresentado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) à Justiça, aguarda, agora, sentença judicial.

Nesse meio tempo, as mulheres também passaram por dificuldades com as advogadas que contrataram inicialmente. De acordo com as vítimas, as profissionais teriam dado informações desencontradas e perdido prazos, chegando até mesmo a afirmar que o processo havia sido arquivado.

Após o afastamento das especialistas, a advogada Manuela Paes Landim decidiu ajudá-las “pro bono”, assumindo, dessa forma, como assistente de acusação.

Defesa

Ao Metrópoles a defesa de Gabriel informou que, das “12 ocorrências registradas, sete foram imediatamente arquivadas judicialmente”.

“Sobre os demais casos que estão em andamento, reitero que considero a inocência de meu cliente. Todavia, por respeito ao Poder Judiciário, sendo o caso sigiloso, nossas manifestações serão técnicas e ocorrerão nos autos do processo”, disse Bernardo Fenelon, advogado do empresário.

De acordo com a acusação, “dois dos arquivamentos indicados pela defesa enfrentaram conflito negativo de competência e outros foram arquivados na própria delegacia por insuficiência de provas, mas, agora, serão reabertos”.

Os abusos teriam ocorrido entre 2004 e 2018, segundo as vítimas, mas os relatos só foram encaminhados às autoridades após a história de Laura* ser publicada nas redes sociais, momento em que, segundo elas, “muitas compreenderam que foram vítimas de estupro”.

*Nome fictício para resguardar a identidade e garantir a segurança da vítima

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?