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Ameaça de saída do CAPs do Setor Comercial preocupa profissionais da área

Servidores apontam que o atendimento no Caps Álcool e Drogas está ameaçado após a Associação Comercial pedir a remoção da unidade do local

atualizado

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Movimento Pró-Saúde Mental/Divulgação
Caps AD SCS
1 de 1 Caps AD SCS - Foto: Movimento Pró-Saúde Mental/Divulgação

O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas AD III do Setor Comercial Sul, mais conhecido como Caps Candango, pode ser desativado em breve. Pacientes e funcionários do local, que em 2019 realizou 20.278 atendimentos individuais, 14.839 atendimentos em grupo e 930 acolhimentos para desintoxicação em álcool e drogas, temem o fim das atividades.

A possível remoção deixou servidores e usuários apreensivos. Os profissionais que atendem no Caps Candango temem que a população, na maior parte em situação de rua e vulnerabilidade social, fique desassistida.

Ao Metrópoles, representantes do Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal explicam que, há cerca de um mês, houve pressão por parte dos empresários e comerciantes da região para que o Governo do Distrito Federal (GDF) retire o Caps de lá. Por medo de retaliações, os servidores preferem não se identificar.

“Eles alegam que, com a unidade na área, existe maior concentração de pessoas em situação de rua e até aumento da criminalidade. Isso não é verdade. Entendemos que a saída desse serviço do SCS enfraquecerá as ações de saúde e de políticas públicas ali desenvolvidas. Aí, sim, aumentarão os problemas sociais e estruturais crônicos deste setor”, disse um dos representantes do movimento à reportagem.

Atualmente, o Caps AD III Candango realiza, em média, 1.100 atendimentos mensais, com assistência em regime integral (24 horas) e articulação para promoção dos direitos das pessoas em situação de maior vulnerabilidade.

“Como único serviço do SUS deste tipo disponível no Plano Piloto, significará também a desassistência às pessoas que atualmente são atendidas por ele”, completou.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram, ainda, que, num primeiro momento, quando houve sinalização pela retirada do Caps, cogitaram a hipótese de levar o atendimento para um espaço no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

“Nos mobilizamos contra e o que nos informaram é que o contrato de aluguel do espaço vence agora em setembro e não seria renovado. No entanto, o retorno mais recente é que os serviços estão mantidos no SCS pelo menos até dezembro deste ano”, comentou uma funcionária.

“Não achamos justo acabar com um local que funciona e atende bem. Com alta produtividade. Nós entendemos que o serviço está no lugar certo, atendendo a população que precisa. Em 2014, já transferiram o Caps da Rodoviária para o SCS e não vamos aceitar isso pela segunda vez. Queremos que os serviços sejam mantidos na zona central”, aponta.

Protesto

Nessa segunda-feira (31/8), entidades sociais e profissionais que atuam na área realizaram manifestação em frente ao local pela defesa e permanência do espaço no Setor Comercial Sul.

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As entidades também pediram apoio aos parlamentares da Câmara Legislativa (CLDF). Eles elaboraram uma carta pública (veja abaixo) e estão coletando as assinaturas para entregar o documento ao governo.

“Vamos fazer pressão e queremos que o governo recue. O contrato vai vencer, sabemos da mobilização dos comerciantes e estamos com medo. Só vamos sossegar quando houver um posicionamento oficial do GDF”, apontou o movimento Pró-Saúde Mental.

O deputado Fábio Felix (PSol) informou que o mandato tem atuado para pressionar a formalização desse acordo. “Vamos fazer uma nota pública e também formalizar um ofício da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa para o governo pedindo que publique esse acordo”, explicou.

“Este Caps é importante para as pessoas, num lugar central e de fácil acesso a quem precisa. Tomamos conhecimento do assunto por uma equipe do local e pedimos explicações para a Secretaria de Saúde do Distrito Federal. A minha posição é de que esse atendimento não pode sair de lá”, comentou a também distrital Arlete Sampaio (PT).

Empresários do Setor Comercial Sul foram procurados pela reportagem para comentar a posição, mas não quiseram conceder entrevista.

CARTA PÚBLICA CAPS AD III Candango by Metropoles on Scribd

Outro lado

Em nota, a Secretaria de Saúde do DF afirmou não proceder a informação de que o Caps do Setor Comercial Sul será desativado do local. A pasta também informou que a unidade comemorou nove anos de assistência na última segunda-feira (31/8).

“O Caps AD III Candango é um serviço especializado de Saúde Mental para assistência à população que apresenta sofrimento psíquico decorrente do uso abusivo ou dependência de álcool ou outras drogas. A unidade possui também uma enfermaria de acolhimento integral, para assistência por até 14 dias para casos de desintoxicação leve e vulnerabilidade social”, destacou a pasta.

Ainda segundo informações da secretaria, apesar da pandemia de Covid-19, os atendimentos continuam ocorrendo, mas respeitando as regras de distanciamento e segurança por causa de risco de proliferação do coronavírus. Por conta disso, seis dos 12 leitos de internação para desintoxicação encontram-se desativados para manter a distância entre os pacientes.

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