Alvo de operação policial, Marcello Nóbrega pede exoneração do GDF
Comissionado era assessor especial da Casa Civil e já teve o nome ligado a outro escândalo, envolvendo suposta corrupção na saúde pública
atualizado
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O assessor especial Marcello Nóbrega pediu exoneração do cargo comissionado que ocupava na Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais. A informação foi confirmada pelo GDF na tarde desta terça-feira (7/8), horas após a ação da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que apura suposto tráfico de influência e advocacia administrativa envolvendo integrantes do governo no Palácio do Buriti ser deflagrada.
Nóbrega é um dos alvos da Operação (12:26), uma referência ao provérbio bíblico do Antigo Testamento que diz: “O homem honesto é cauteloso em suas amizades, mas o caminho dos ímpios o leva a perder-se”.
Entre as suspeitas investigadas, a Polícia Civil e o MPDFT apuram possível favorecimento em pagamento de dívidas pela Secretaria de Saúde a hospitais particulares e de ilegalidades em contratos firmados pela Casa Civil. As investigações mostram que, em 2015, teria sido paga a quantia de R$ 1 milhão “a título indenizatório e sem cobertura contratual” ao Hospital Home.
Marcello Nóbrega, ex-subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde, bem como de Logística e Infraestrutura da pasta, teria envolvimento no caso.
Na tarde desta terça (7), o GDF publicou nota para comentar a denúncia. “Quanto ao pagamento de R$ 1 milhão a um hospital, há de se registrar que, quando o atual governo assumiu, existiam serviços realizados por diversos fornecedores e não pagos da ordem de R$ 600 milhões, sem contratos. Ao longo dos anos, foram regularizados os pagamentos, de acordo com a legislação. Hoje, esses serviços têm contratos”, ressalta o comunicado.
Em nota, o Hospital Home também nega qualquer irregularidade. “Todos os pagamentos realizados pela Secretaria de Saúde, ao longo da vigência do contrato e seus aditivos, foram antecedidos de solicitação via e-mail, enviado pela gestora do contrato (servidora da Secretaria de Saúde)”, diz o documento.
Ainda de acordo com a instituição, no procedimento, sempre “constava o valor que a nota fiscal deveria ser emitida e quais pacientes estariam sendo pagos, após o competente ateste pelos órgãos de controle dos serviços prestados pelo Home”.
Operador da propina
Denúncias contra Marcello Nóbrega não são novidades no governo Rollemberg. Ele foi investigado na CPI da Saúde, em 2016, por suspeita de favorecimento na liberação de recursos oriundos de emendas parlamentares a hospitais particulares.
Marcello Nóbrega teve o nome mencionado em conversas gravadas pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, sobre uma suposta corrupção em contratos do governo. Segundo depoimento da sindicalista à CPI da Saúde, Nóbrega seria um dos operadores do esquema. Em razão das denúncias, o ex-subsecretário também entrou na mira da Operação Drácon, que investiga a destinação de emendas parlamentares em troca de propina.
Conforme depoimento de Marli Rodrigues à CPI, Marcello Nóbrega teria sido indicado pela primeira-dama, Márcia Rollemberg, e era quem segurava os processos e atrapalhava o trabalho dos secretários que passaram pela pasta. Ele também foi o responsável, de acordo com a presidente do SindSaúde, por rasgar uma nota de empenho da compra de marca-passos, que posteriormente foram adquiridos com valor acima do mercado.
À CPI, na época do seu depoimento em 2016, Nóbrega negou qualquer irregularidade. A proximidade dele com o comando do Buriti, entretanto, foi reforçada pelo depoimento do ex-secretário de Saúde Fábio Gondim à CPI. Ele sugeriu que desentendimentos com o subsecretário motivaram sua saída do cargo.
Ao ser indagado pelos distritais sobre os motivos de sua curta permanência à frente da secretaria, Gondim relatou que não gostava da “postura agressiva” de Nóbrega com alguns servidores. Conforme relatou, Nóbrega não perdia a oportunidade de mostrar ostensiva aproximação com o governador Rodrigo Rollemberg.