Alunos do Ceub fazem abaixo-assinado contra reformulação pedagógica
A partir do 1º semestre de 2021, calouros de todos os cursos terão obrigatoriamente 20% do ensino por EAD
atualizado
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Estudantes do Centro Universitário de Brasília (Ceub) organizaram um abaixo-assinado para pressionar a Reitoria a rever a mais nova mudança na grade curricular. Para os calouros da instituição, que começam as aulas a partir desta quarta-feira (9/3), 20% das lições acontecerão por ensino a distância.
O manifesto contra as mudanças é puxado pelo Centro Acadêmico de Psicologia. Segundo os alunos, a medida representa uma mercantilização do ensino.
“Tal medida, além de reduzir a carga horária em sala de aula, prevê a utilização de uma plataforma terceirizada, na qual os professores terão de escolher entre questões pré-estabelecidas, dispostas em um banco de dados, as que melhor se encaixam ao conteúdo da disciplina”, escrevem os estudantes, no texto de apresentação do abaixo-assinado.
O presidente do CA de psicologia e estudante do nono semestre Bruno Cobucci reclama da suposta falta de transparência com que a mudança teria sido imposta à comunidade acadêmica. Além disso, a alteração representaria uma redução no salário dos docentes.
Veja:
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“Ouvi que houve redução de 25% no salário dos professores, e que a mudança não foi passada para eles também. Eles só viram a mudança no contracheque”, conta o representante estudantil. “Estão receosos. Uma professora de psicologia foi demitida hoje [segunda] por criticar a mudança”, afirma Bruno.
Demissão
O estudante se refere à então coordenadora da graduação Simone Roballo, que, segundo ele, era uma referência no curso de psicologia da instituição de ensino. “Simone é uma professora de referência. Está lá há quase 20 anos. Com a demissão dela, os professores estão inconsoláveis, o curso entrou numa crise, existem boatos de demissão coletiva”, afirmou.
A até agora coordenadora do curso afirma que sempre teve abertura para discordar e questionar medidas adotadas pelo comando da instituição. Por isso, deixou claro sua posição contrária ao novo modelo pedagógico.
“Sempre tive uma excelente relação com a família fundadora, a família Lopes, que sempre me deu abertura para questionar e buscar o melhor modelo de ensino. Infelizmente, a nova sociedade que controla o Ceub não acredita mais no diálogo para a resolução de conflitos”, disse Simone Roballo.
A docente explica que o problema com o novo modelo não é metodológico, mas a forma como as mudanças foram feitas. “Implementaram as alterações sem consultar alunos e professores. A última mudança de currículo que fizemos demorou dois anos de debate, mas, dessa vez, preferiram o caminho da crise”, protestou a docente.
Acionado pelo Metrópoles, o Centro Universitário de Brasília (Ceub) ressaltou que “o novo modelo acadêmico adotado é baseado em matrizes por competência, aplicado exclusivamente às turmas de calouros do 1º semestre (exceto para o curso de medicina, tendo início agora em 2021”.
Segundo a instituição, “as mudanças propostas estão alinhadas com a reformulação na educação, modernizando as ferramentas e didáticas e transformando o ensino em algo cada vez mais atraente”. Já os professores terão “maior fluidez no seu planejamento inicial e diferentes caminhos para que o estudante adquira as competências e habilidades vinculadas a cada disciplina”.
“As disciplinas continuarão predominantemente com carga horária de 75h. No entanto, a instituição tem uma nova e mais moderna estratégia de ensino, em que 60h ocorrerão presencialmente e as demais 15h serão ministradas por meio do uso de mediação de recursos tecnológicos, contribuindo para um processo de aprendizagem mais veloz e eficaz”, ressalta a faculdade.
Confira a nota do Ceub na íntegra:
“O Centro Universitário de Brasília é uma instituição que está no mercado educacional há mais de 50 anos e sempre primou pela qualidade dos seus cursos, em todas as áreas e modalidades ofertadas. O CEUB entende que o mundo vive um processo de transformação muito veloz, e o momento de pandemia exige novos posicionamentos e mudança de paradigmas, sobretudo na educação.
Desta forma, o novo modelo acadêmico adotado pelo CEUB é baseado em matrizes por competência, aplicado exclusivamente às turmas de calouros do 1º semestre (EXCETO PARA O CURSO DE MEDICINA), tendo início agora em 2021.
É preciso esclarecer que as mudanças propostas estão alinhadas com a reformulação na educação, modernizando as ferramentas e didáticas e transformando o ensino em algo cada vez mais atraente. Este novo modelo possibilita que o estudante tenha um primeiro contato com os temas estudados no período, por meio das Unidades de Aprendizagem, permitindo ao professor maior fluidez no seu planejamento inicial e diferentes caminhos para que o estudante adquira as competências e habilidades vinculadas a cada disciplina.
As disciplinas continuarão predominantemente com carga horária de 75h. No entanto, a instituição tem uma nova e mais moderna estratégia de ensino, em que 60h ocorrerão presencialmente e as demais 15h serão ministradas por meio do uso de mediação de recursos tecnológicos, contribuindo para um processo de aprendizagem mais veloz e eficaz.
O CEUB vem realizando um trabalho coletivo, por meio de gestão colaborativa, onde todas as ferramentas necessárias estão sendo oferecidas para que o estudante seja protagonista do seu processo de aprendizagem. Esse apoio também está sendo oferecido para o corpo docente, através de capacitações e oficinas para discutir e pensar as melhores estratégias para a implementação do novo modelo acadêmico.
Desse modo, é garantido flexibilidade curricular para aproximar o estudante da comunidade e da prática profissional em todos os cursos de graduação, dentre outros aspectos relevantes para a formação do futuro profissional.
É importante lembrar que o novo modelo acadêmico não será aplicado para os veteranos, respeitando portanto, o que foi estabelecido em contrato quando da renovação de matrícula para prestação de serviços educacionais pelo Centro Universitário de Brasília.”