Alunos da UnB protestam por segurança no campus: “Basta de estupro”
A manifestação, organizada pelo Coletivo Juntas, ocorreu nesta segunda (11/7), a partir das 12h, no Ceubinho
atualizado
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Estudantes, professores, servidores e integrantes de movimentos sociais da Universidade de Brasília (UnB) reuniram-se na manhã desta segunda-feira (11/7) para reivindicar mais segurança às mulheres e repudiar a violência na instituição.
O ato foi motivado pela denúncia de estupro registrada por uma estudante de 18 anos, na noite dessa sexta-feira (8/7), no Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. O protesto teve início às 12h, no local conhecido como Ceubinho, e seguiu até a Reitoria da UnB.
Por meio de cartazes e gritos de ordem, como: “As mulheres acordaram e a gente decidiu. Ou vocês fazem justiça ou paramos o Brasil”, os manifestantes se mobilizaram em defesa da segurança dos alunos dentro da universidade.
A representante do Levante Popular da Juventude, Sofia Cartache, participou do ato e lamentou o registro de mais um caso de violência desde o retorno das aulas presenciais.
“É baque pensar que frequentamos uma universidade na qual temos medo de ir e vir. Por isso, a necessidade de se mobilizar. Qualquer estudante está em risco. Queremos ecoar nosso grito de insatisfação”, ressalta Sofia.
Com bandeiras, tambores e palmas, os manifestantes, liderados por mulheres, caminharam pacificamente até a reitoria e clamaram por respeito. “A nossa UnB vai ser toda feminista”, diziam.
Para a estudante Belle Avon, de 20 anos, membro do Movimento Bem Viver e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a tamanha mobilização neste protesto mostra a importância da pauta. “Neste ano tivemos três casos de violência contra a mulher que repercutiram entre a comunidade acadêmica. O público presente hoje mostra que temos potência para o que podemos fazer e realmente trazer segurança ao campus”, defende.
Nesta segunda, duas manifestações foram marcadas pelo Coletivo Juntas. A partir das 18h, os protestantes irão se reunir novamente, na Faculdade de Educação (FE), e tentarão ocupar a reitoria.
Segundo Monna Rodrigues, militante do Coletivo Juntas, a insegurança na UnB aumenta por problemas de iluminação e falhas no protocolo de atendimento às vítimas. “O espaço da universidade não é pensado para as mulheres. Precisamos que esse grupo tenha representação forte na UnB. Esse não pode ser mais um caso”, defende.
Após o ato, uma comissão formada por representantes do protesto tiveram uma reunião com a reitoria para tratar sobre as demandas dos universitários no que diz respeito à segurança no campus.
“Queremos que essas reivindicações sejam atendidas para ontem. Espero que, de fato, o que for decidido nesse encontro seja colocado em prática medidas efetivas para a nossa segurança” reforça Júlia Natour, 19 anos, militante do Coletivo.
Veja mais imagens do protesto:
O caso
Como revelou o Metrópoles, a vítima de 18 anos sofreu a abordagem do abusador, por volta das 20h, dessa sexta-feira (8/7), após deixar o Restaurante Universitário (RU). Alunos da própria universidade denunciaram o caso à reportagem.
O suspeito rendeu a vítima com uma espécie de canivete. O ataque ocorreu por trás, em um trecho escuro e pouco movimentado entre o RU e o Instituto Central de Ciências (ICC). A jovem tentou gritar, mas o criminoso tampou a boca dela e encostou a arma na barriga. Em seguida, levou a aluna para um local ermo e a abusou sexualmente.
Durante o estupro, três estudantes passaram pelo local, o que obrigou o acusado a interromper o abuso. Em seguida, ele encostou o canivete novamente na barriga da vítima para impedi-la de pedir socorro. Mas, ao se afastar um pouco do corpo dela, a jovem conseguiu se desvencilhar dele, pegou a mochila e saiu correndo.
A estudante conseguiu chegar até a sala de aula e pediu ajuda a um professor, que acionou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Ela informou que não conseguiu ver o rosto do suspeito, mas disse que ele era forte, alto e usava calça jeans. A vítima também detalhou que ele exalava um cheiro muito forte, mas não parecia ser morador de rua.
Acusado se apresentou
O homem acusado de estuprar a estudante de 18 anos se apresentou à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) no sábado (9/7). A informação foi confirmada na delegacia e pela própria universidade. Contudo, não foram passadas informações sobre a identidade do suspeito.
Segundo a UnB, a instituição de ensino foi procurada pelo próprio acusado, que deu outra versão sobre o que teria acontecido no campus universitário. Em seguida, ele seguiu para a unidade policial. Não foram informados detalhes do relato.
“A Universidade esclarece, ainda, que a Prefeitura da instituição entregou para a Polícia Civil imagens da noite de sexta-feira (8/7) captadas pelo seu sistema de videomonitoramento. As imagens mostram a estudante saindo do Restaurante Universitário acompanhada por um homem que corresponde às descrições feitas por ela”, disse a UnB em nota.
UnB repudia
Em nota, a instituição afirmou que “qualquer tipo de assédio, abuso ou violência sexual é inaceitável e precisa ser rigorosamente punido.”
Segundo a UnB, a Administração Superior, docentes, o serviço de saúde e a equipe de segurança da instituição estão em contato com a estudante e sua família, “dando todo o apoio necessário”.
“A Universidade também está em diálogo com a Delegacia da Mulher para colaborar com as investigações, inclusive com o envio de imagens das câmeras de monitoramento”, acrescentou a instituição.
Além disso, o Comitê de Segurança da UnB informou que “está empenhado com a melhoria da iluminação, em fortalecer nossas campanhas de comunicação para melhorar a segurança e em capacitar nossos agentes.”
“Colocamos câmeras em todos os campi, e estamos ampliando o nosso sistema de videomonitoramento, que conta com mais de 500 câmeras e tem ajudado a resolver crimes e a prevenir situações de perigo”, destacou.
Por fim, a UnB ressaltou que “o Campus Darcy Ribeiro é todo aberto e integrado com a Asa Norte. Assim, a Universidade também trabalha em articulação com a Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Militar e com o Corpo de Bombeiros para que tenhamos uma Universidade e uma cidade mais segura.”
O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Deam).
A UnB anunciou, nesta segunda-feira (11/7), que vai instalar 16 totens de segurança com botões de emergência. A medida visa combater crimes nos campi da universidade. Todos os equipamentos serão instalados em pontos estratégicos do campus. Segundo a UnB, dois estarão prontos já nesta semana.
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