Alunos da UnB protestam contra corte de verbas do MEC na Esplanada
Em manifestação contra bloqueio de verbas para a Educação, grupo bloqueou faixas do Eixo Monumental, em Brasília
atualizado
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Manifestantes bloquearam faixas do Eixo Monumental, em Brasília, na tarde desta quinta-feira (8/12). O grupo protestou contra o bloqueio no orçamento destinado às universidades públicas feitos pelo governo federal nos últimos dias.
Por alguns minutos, os manifestantes bloquearam todas as faixas do Eixo Monumental, no sentido da Rodoviária do Plano Piloto. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) negociou com líderes do movimento estudantil e conseguiu que apenas duas faixas fossem ocupadas.
Veja o vídeo:
Os manifestantes começaram o ato em frente ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) e seguiram em direção ao Congresso Nacional, utilizando uma faixa do Eixo Monumental. A manifestação foi pacífica e sem tumultos. A PMDF prendeu um estudante suspeito de pichar um patrimônio público. O ato foi finalizado por volta das 18h30.
Laís Brasileiro, 28 anos, faz doutorado em ecologia na Universidade de Brasília (UnB). A estudante não recebeu a bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) neste mês. Ela é de Fortaleza, no Ceará, e depende do dinheiro da bolsa para continuar a viver na capital federal.
“Eu decidi vir aqui na manifestação porque eu entendo o quão sensível é a gente não ter o salário que era prometido para gente, do mês que foi trabalhado. A indignidade de ter a notícia dias antes de receber”, conta a doutoranda. A estudante possui vínculo de atividade exclusiva com o Capes. O dinheiro da bolsa era sua única fonte de renda.
“Nós somos obrigados a assinar uma pausa de exclusividade com o nosso trabalho da bolsa de pesquisa, que não dá nenhum direito trabalhista. A gente não tem décimo terceiro, não tem férias, não tem direito a férias remuneradas, não tem licença maternidade. Se a gente desistir, tem que devolver o dinheiro. Agora, a gente não tem também nem a segurança de receber o nosso salário”, afirma.
Membro da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), a professora de engenharia Graciela Doz revela que esse é o pior cenário da educação pública que viveu nos 26 anos que está na UnB. “Esses meninos precisam das bolsas para continuar a estudar, prosseguir com suas pesquisas”, fala Doz.
Segundo a professora, que nasceu na Argentina, a falta de dinheiro para a educação pública começou a ser percebida em 2015: “Não existe universidade pública sem orçamento e a universidade tem uma função limpa para o desenvolvimento de um país”, declara.