Alunos da UnB apostam em “fungos do bem” para gerar energia no Lixão
Microrganismos vivos seriam capazes de transformar chorume e resíduos em eletricidade. Estudantes fazem vaquinha para avançar na pesquisa
atualizado
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Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) se uniram para propor uma solução ao problema do acúmulo de chorume no antigo lixão da Estrutural, hoje transformado no Aterro Sanitário de Brasília. O projeto vai além, permitindo que o local seja fonte de geração de energia.
Segundo a proposta, com modificação genética, microrganismos vivos, batizados de “fungos do bem”, seriam capazes de transformar chorume e resíduos do aterro em eletricidade. Daí veio o nome do projeto que seria desenvolvido: Gilluz – uma mistura de Aspergillus, que é a denominação do gênero dos fungos utilizados, e de luz, considerando o objetivo de produzir energia elétrica por meio desses seres microscópicos.
Após encontros virtuais, 10 alunos de graduação e cinco tutores decidiram empenhar esforços para trabalhar no projeto. O novo ramo da biologia agrega conhecimentos de diversas áreas para compreender e manipular sistemas biológicos.
“Conhecemos o histórico do segundo maior lixão a céu aberto do mundo, que era o lixão da Estrutural. Fomos atrás de estudos sobre como está atualmente, depois de seu fechamento, e sobre quais foram as soluções tomadas. Conversando com alguns professores, entendemos que, mesmo após a substituição pelo aterro, o terreno não tem uma vida útil muito longa e também já aconteceram diversos casos de vazamento de chorume. Nós nos preocupamos muito, porque os recursos hídricos dessa região abastecem cerca de 500 mil pessoas”, conta Maria Victória Luz, de 20 anos, uma das alunas envolvidas na pesquisa.
Maria explica que o desafio, naquele momento, era identificar como o grupo conseguiria utilizar os conhecimentos de sala de aula para oferecer uma solução que beneficiasse duplamente a sociedade.
“Pensamos, então, nas regiões vulneráveis que há em volta e como poderíamos não só biorremediar o local, ou seja, utilizar microrganismos para degradar compostos presentes no chorume, como também trazer outro benefício não só ao meio ambiente e à saúde das pessoas, mas para a sociedade em geral. E foi aí que pensamos na biodigestão, na transformação [do chorume] em eletricidade”, revela a estudante.
“Os alunos estão em fase inicial de projeto e será necessário fazer profunda revisão de literatura, que os auxiliará na proposição da melhor solução e será muito importante para entenderem o que já foi feito e o que ainda pode ser feito para solucionar o problema a ser estudado. Em projeto de pesquisa, é preciso buscar uma solução viável para responder a questão”, afirma Cíntia Coelho, docente da UnB que supervisiona o grupo.
O projeto também conta com o auxílio do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Luciano Paulino.
Vaquinha
Para avançarem no desenvolvimento do projeto e participarem da iGEM Design League, uma competição internacional de engenharia de sistemas biológicos que ocorre anualmente, os estudantes precisam de ajuda para financiar a inscrição no torneio, aberta até 7 de julho.
Uma vaquinha virtual pretende reunir R$ 15 mil, quantia que engloba ainda custos com aulas e softwares utilizados para executar o projeto (clique aqui para ajudar).
A proposta dessa primeira edição do evento, que foca a América Latina, é que as equipes mostrem soluções para problemas locais, de maneira criativa e inovadora, por meio da biologia sintética, a qual é baseada em um ciclo de quatro etapas: design, construção, teste e aprendizado.
O torneio em que o time da UnB, em parceria com a Embrapa, pretende se inscrever se concentra na primeira fase, de desenho, com o objetivo de permitir a expansão dos projetos apresentados e a criação de soluções a partir das ferramentas digitais. (Com informações da UnB)