Aluno do DF que sofreu AVC após levar golpe de jiu-jitsu sai do coma
Em 26 de junho, Marcos Batista Silva teve dois acidentes vasculares cerebrais depois de receber golpe katagatame em uma academia do DF
atualizado
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Quase um mês após ser internado às pressas no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), o aluno de jiu-jitsu Marcos Batista da Silva, 38 anos, começa a apresentar melhora no quadro de saúde e já acordou do coma induzido. Em 27 de junho, ele deu entrada na unidade pública de saúde com falta de oxigenação no cérebro e princípio de acidente vascular cerebral (AVC) após receber um golpe durante a aula na academia frequentada por ele, no condomínio Estância Mestre D’armas I, em Planaltina.
De acordo com a mulher do atleta, Núbia Vilarindo, 37, Marcos já deixou o leito da unidade de terapia intensiva (UTI) que ocupava desde o dia da internação. Em decorrência do episódio, ele está com sequelas e o lado direito do corpo paralisado. O motorista de ônibus, agora, realiza sessões de fisioterapia e fonoaudiologia para recuperar os movimentos.
Ao Metrópoles, Núbia disse que o marido ainda não conseguiu falar desde que acordou do coma induzido, há oito dias. “Ele não diz nada, mas entende a gente. Está lúcido e não nos reconheceu de início. Agora, já reconhece todo mundo e acho que está começando a se dar conta do que ocorreu.”
A melhora no quadro de saúde do motorista foi comemorada pelos familiares. “Quando ele acordou, ficou uns três dias sonolento, mas só de ver o olho dele abrindo fiquei muito feliz. Quando vi, chamei todo mundo da UTI para olhar”, contou Núbia.
No último domingo (20/07/2019), Marcos recebeu a visita de sua filha, de 14 anos. “Acho que a presença dela ajudou muito na recuperação. Ele melhorou muito, apertava muito a mão dela, com certeza a reconheceu.”
Estrangulamento
Em junho, o motorista passou mal logo após receber um golpe conhecido como katagatame. O movimento, estrangulamento característico do jiu-jitsu e do judô, ocorre quando o lutador passa o braço por baixo do pescoço do oponente.
Na época, Núbia disse que o marido teria acenado para que o colega interrompesse o golpe, batendo no tatame. No entanto, ao se levantar, começou a passar mal. “Me ligaram para ir até a academia e, quando cheguei lá, meu marido estava no chão, inconsciente e sem conseguir falar. Disseram que era normal que o aluno passasse mal depois de receber o golpe.”
Núbia relatou que o professor acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Marcos foi encaminhado ao Hospital Regional de Planaltina (HRP) e, posteriormente, transferido ao HBDF. “Acho que o primeiro médico já havia notado que ele estava mal e dava sinais de um AVC.”
AVC
O motorista chegou ao Hospital de Base ainda na noite de 27 de junho. Na unidade pública de saúde, sofreu o primeiro AVC e precisou ser submetido a procedimento cirúrgico durante a madrugada para remoção de um trombo cerebral – tipo de coágulo formado na região. Três dias depois, sofreu o segundo AVC, levando os médicos a induzirem o coma.
Para a família do motorista, houve negligência por parte da academia. “O rapaz que lutou com ele está na academia há três anos. Meu marido é forte e alto, mas não tem técnica. Pelo tempo de academia, não sei se é correto um aluno novato receber esse golpe. Não sei se o professor estava acompanhando. Disseram que não tinha batido no tatame, mas depois voltaram atrás”, disse Núbia, na época da internação.