Alta hospitalar de autista espancado é adiada duas vezes após desmaios
Diante da piora do quadro, jovem autista passará por novas avaliações neurológicas nesta quinta-feira (5/1)
atualizado
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A alta do jovem autista de 22 anos do Hospital de Base do Distrito Federal foi adiada duas vezes nos últimos dias após episódios de desmaios. A informação foi confirmada, nesta quinta-feira (5/1), pela mãe da vítima, Wêda Gonçalves, em entrevista ao Metrópoles. Desde essa quarta (4/1), o caso é investigado pela Polícia Civil do DF (PCDF) como tentativa de homicídio.
De acordo com mãe do rapaz, a alta hospitalar estava prevista para essa quarta, um dia após o jovem passar por uma cirurgia bem sucedida para preservar parte do olho atingido por um canivete durante uma sessão brutal de espancamento. O caso ocorreu durante uma briga por conta de partida de futebol no início da semana, em uma quadra de esportes do Parque Ecológico de Águas Claras, na última segunda (2/1).
De acordo com Wêda, seu filho possui também uma rachadura no crânio e ferimentos na parte nasal em virtude das agressões. Por conta do quadro de desmaios, ele passará por novos exames neurológicos nesta quinta (5/1) a fim de diagnosticar o quadro de saúde atual. Não há uma nova previsão de alta.
Diante do quadro de saúde de seu filho, Wêda disse que busca Justiça para aqueles que o feriram.
“Estou muito mal. Hoje é o pior dia. Tive que olhar o olho dele e abrir. Não sei nem o que falar, só queria morrer. Não sei se consigo cuidar dele, dos meus filhos. Nunca mais vou ser a mesma pessoa, toda a minha alegria tiraram de dentro de mim. Ele era minha alegria. Eu estou dilacerada. Eu quero Justiça”, disse aos prantos a mãe do jovem autista, de 22 anos, agredido em Águas Claras.
Desde a última segunda (2/1), Wêda acompanha a covardia que fizeram contra seu filho, um jovem que vive com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) durante uma partida de futebol, no parque de Águas Claras, quando ele e seu filho de 10 anos decidiram jogar com outros meninos. Após uma discussão na partida, os garotos seguraram os irmãos e passaram a lhes desferir socos e chutes. “Onde ele chega, encanta todo mundo. Não vê maldade em ninguém”, conta.
Um vigilante do parque, que preferiu não se identificar, contou ao Metrópoles que enquanto os meninos brigavam, um deles feriu o olho do jovem autista com um objeto perfurante.
“Os meninos que estavam na quadra começaram a provocar os irmãos. Os chamaram de ‘pretos’, ‘macacos’, ‘viados’ e ‘safados’. Também estavam fumando cigarro e ficavam assoprando na cara do autista. Violência sem tamanho. Eu separei a briga depois que um deles pegou um pedaço de pau jurando que ia matar o outro”, descreveu.
Ato contra a violência
Autistas, amigos e familiares de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) planejam um ato em protesto à violência vivida pelo rapaz, para o próximo sábado (7/1).
O ato é organizado pelas entidades da sociedade civil que atua com Autistas e com pessoas com deficiência (PcD), incluindo a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo, da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF). O protesto ocorre às 10h, no Parque Ecológico de Águas Claras, perto das quadras de esporte.
