Alerta no DF: sem chuvas, reservatórios de água voltam a baixar
Em outubro, choveu apenas 12% do esperado pelos meteorologistas. População deve economizar água
atualizado
Compartilhar notícia
As chuvas registradas no Distrito Federal neste fim ano não foram suficientes para manter os principais reservatórios da cidade operando com sua capacidade plena. A época de precipitações, formada pelos meses de outubro, novembro e dezembro, até essa quinta-feira (14/11/2019), havia registrado números muito abaixo dos calculados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com a escassez, as bacias que abastecem a capital começam a apresentar queda no volume de água, ligando o alerta para a necessidade de economia no consumo do recurso.
Para se ter uma ideia, o Inmet previa que, em outubro, tivesse chovido no Distrito Federal o equivalente a 159,8 mm de água – valor referente à média dos últimos 30 anos. Ocorre, no entanto, que o período registrou níveis surpreendentes: choveu apenas 19,8 mm, ou seja, 12% do esperado.
Em novembro, o cenário tem se repetido. Os especialistas calculavam 226,9 mm de chuva. Contudo, há quase 15 dias do final do mês, só 24% da meta havia sido cumprida, cerca de 54,2 mm.
A seca tem causado consequências aos reservatórios. Nessa quarta-feira (13/11/2019), a unidade do Descoberto, responsável por 60% do abastecimento da capital, registrou a pior porcentagem do ano, de 62,4%.
O cenário é um pouco melhor na reserva de Santa Maria, que também tem diminuído consideravelmente o seu volume. Atualmente, sua capacidade está 85,4% preenchida.
Os valores estão longe das médias computadas na maior crise hídrica do DF, quando o Descoberto atingiu 18,5% da sua capacidade e Santa Maria apresentou 30,1% do volume total. Mesmo assim, técnicos alertam que os números atuais apontam a necessidade de economia no consumo d’água.
“É preciso estimular a economia dentro de casa e nas instalações prediais. Isto não significa estocar água, mas ponderar o uso. O ideal seria a própria Caesb [Companhia de Saneamento Ambiental] iniciar uma campanha para estimular o consumo consciente, onde o consumidor saia premiado com descontos na conta, por exemplo”, explica o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em gestão de recursos hídricos Demetrios Christofidi.
Christofidi aponta outra forma de economia. “Se você fechar um pouco o registro, a pressão já diminui e, consequentemente, a dosagem do consumo também. É uma alternativa simples e eficiente. Outro caminho seria a instalação dos chamados controladores de pressão, ou seja, instrumentos que propiciam menor consumo e desperdício, como as novas descargas e torneiras automáticas por exemplo”.
Racionamento no DF
Há dois anos, o DF sofreu com a maior crise hídrica de sua história. Nunca antes na capital os reservatórios haviam computado volumes tão baixos: o Descoberto baixou a 18,5%, enquanto o de Santa Maria chegou a 30,1%. Os baixos níveis levaram Caesb e a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) a adotar política de racionamento de água para reduzir o consumo do recurso.
Para contornar a crise, os órgãos contaram com a ajuda de dois novos sistemas de abastecimento para suprir a demanda: Lago Paranoá e Bananal. O primeiro tem capacidade para captar 700 litros de água por segundo no braço do Torto, no Lago Paranoá. A estrutura fica na ML 4, no Setor de Mansões do Lago Norte. Trata-se de uma estação compacta de tratamento de água com membranas de ultrafiltração, uma das mais modernas tecnologias.
Depois, a água vai para dois reservatórios: um no Lago Norte e outro no Paranoá. Os locais abastecidos pelo subsistema são Asa Norte, Itapoã, Lago Norte, Paranoá, parte de Sobradinho II e Taquari.
O Bananal, por sua vez, permitiu um reforço de 726 litros por segundo para o Sistema Produtor Santa Maria-Torto. O investimento foi de R$ 20 milhões, do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, do Banco do Brasil.
Cerca de 170 mil pessoas foram beneficiadas com as intervenções, que incluem captação no Ribeirão Bananal e bombeamento para a Estação de Tratamento de Água de Brasília.