Além de Marina, presidente da Natura fez doações para Rollemberg
Candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva em 2010, Guilherme Leal é citado por ex-presidente da OAS por suspeita de discutir pagamento de caixa 2. Em 2014, o empresário fez doações para o governador do DF, segundo registro no TSE
atualizado
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Guilherme Leal, presidente da Natura e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PSB), em 2010, foi citado por Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, em negociação de delação premiada para a Operação Lava Jato. De acordo com Pinheiro, em reportagem publicada no Jornal “O Globo” pelo colunista Lauro Jardim, Leal teria discutido o pagamento de caixa 2 para a campanha da candidata, na época filiada ao PV. Pelo pedido, as contribuições seriam pagas fora da contabilidade apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A postura é bem diferente do que ocorreu no DF. Na campanha de Rodrigo Rollemberg (PSB), em 2014, Guilherme Leal doou R$ 350 mil ao atual governador.
A primeira doação, declarada na Prestação de Contas Eleitorais do TSE, ocorreu em 23 de julho de 2014, no valor de R$ 200 mil. A segunda, no dia 31 do mesmo mês, foi de R$ 150 mil. Desta última vez, por intermédio da executiva local do PSB.Em 2014, Marina Silva, era candidata à Presidência da República pelo PSB, mesmo partido do governador. Após a reportagem de O Globo, Marina, hoje, da Rede Sustentabilidade, publicou nota nas redes sociais dizendo que nunca usou “um real sequer” em suas campanhas que não fossem declarados legalmente. Leal também publicou nota afirmando ter se encontrado com o ex-presidente da OAS para apresentar propostas da candidatura e negou ter discutido pagamento de caixa 2 para a campanha.
A assessoria de imprensa do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) também informou que todas as doações foram feitas dentro da legalidade e estão registradas no TSE.
Isenção para a Natura
Embora Guilherme Leal tenha feito doações para a campanha de Rodrigo Rollemberg em 2014, a relação da Natura com o GDF vem de antes. Em 2014, a empresa fez um acordo com o governo (Tare nº 14/2014) e permitiu que o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços (ICMS) pago pela empresa de cosméticos ao Executivo fosse calculado sobre o preço dos produtos vendidos às consultoras, e não sobre o valor dos cálculos dos produtos vendidos ao consumidor. Auditores fiscais da Receita do DF apontaram prejuízo estimado em R$ 400 milhões aos cofres públicos.
No entanto, o secretário de Fazenda do DF, João Antônio Fleury, em convocação da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa em 31 de maio, afirmou que “não houve tratamento diferenciado com relação à Natura, não houve benefício para a empresa”. Segundo ele, o mesmo acordo ocorreu em diversos estados. “Estabelecemos uma base de cálculo e a aplicamos no início do processo. Seria inviável fiscalizar o preço final cobrado por cada revendedora”, concluiu.