Ajude a mãe que há 13 anos procura por filho desaparecido no DF
Em 29 de agosto de 2005, Ozéas Lima de Oliveira deixou a residência onde morava com uma mochila nas costas e nunca mais deu notícias
atualizado
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Angústia que perdura por mais de uma década. Há 13 anos, Helena Sousa de Oliveira procura pelo filho. Em 29 de agosto de 2005, Ozéas Lima de Oliveira, na época com 27 anos, colocou uma mochila nas costas e partiu para nunca mais voltar.
Segundo Helena, hoje aos 66 anos, a vida da família mudou por completo com o falecimento do pai do jovem, em 1999. Naquele ano, os pais moravam no Maranhão e Ozéas vivia em Brasília, onde cursava o último ano de relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB).
Segundo conta Helena, com a morte do marido, o jovem apresentou aos poucos comportamentos estranhos que não condiziam com a personalidade do rapaz “inteligente, responsável e ativo”. “Ele começou a se alimentar mal e a caminhar 18km todos os dias. Estava magro e desmotivado. Não parecia com meu filho”, lembra.Como consequência da repentina mudança de comportamento, Ozéas perdeu o estágio que fazia e largou o curso na UnB. Conforme justificativa dada por ele à mãe, a graduação não seria capaz de lhe garantir estabilidade financeira. No período, o jovem chegou a fazer outra faculdade. Ele foi aprovado no vestibular para ciências contábeis, mas acabou desistindo.
Esquizofrenia
Preocupada com o filho, Helena decidiu se mudar para a capital e acompanhá-lo de perto. Levou o rapaz a psiquiatras, médicos e a “quem mais pudesse ajudar”.
Os especialistas o diagnosticaram com esquizofrenia, mas o jovem se recusava a fazer uso dos medicamentos prescritos. “Ele nunca aceitou tomar os remédios. Me dizia que não queria virar um ‘vegetal’”, relata Helena. “Eu colocava homeopáticos na água para fazê-lo dormir”, relembra a mãe.
Com o tempo, Ozéas passou a desconfiar da mãe e parou de tomar a água oferecida por ela. “Ele deve ter desconfiado que eu estava colocando o remédio diluído na água e passou a comprar apenas as de garrafas. Começou a ficar paranoico.”
De acordo com Helena, episódios envolvendo mania de perseguição eram quase diários. Em uma das crises, ele colou as persianas que cobriam a janela do apartamento, pois suspeitava estar sendo observado pela vizinha.
Carta de despedida
Em 2005, Ozéas decidiu ir embora. Deixou uma carta, fez as malas e avisou a mãe. Ao ser questionado sobre o motivo da decisão, o rapaz respondeu que estava “indo cuidar da vida dele”.
Conforme ressaltou na mensagem de despedida (veja abaixo), ele não pretendia voltar a morar com a família, apesar da gratidão por tudo que viveram. Pediu para não interferirem na vida dele e que não o procurassem. Mas ficaria bem, pois viveria “da melhor maneira”. Por fim, antes de assinar o documento, ele deseja “toda paz, saúde e felicidade”.
A mãe tentou demovê-lo da ideia, mas não conseguiu. O rapaz partiu com uma mochila nas costas e um saco de dormir. Segundo suspeita Helena, a fuga foi planejada com antecedência. Para ela, Ozéas teria contado com a ajuda de alguém. “Ele apagou os dados e as fotos dele do computador e levou todos os documentos. Não foi uma decisão de um dia para o outro, tenho certeza disso”, lamenta a mulher.
Sem informações do paradeiro do filho, Helena registrou o desparecimento ainda em 2005 e, desde então, tenta reencontrá-lo. “A minha vida tem sido uma constante busca, mas não vou parar até achar meu filho”, diz, emocionada.
Desde então, ela conta que “saudade, angústia, dor e preocupação” viraram rotina. Para amenizar o sofrimento, Helena criou um blog com o objetivo de desabafar e contar sua história. O site também funciona como uma espécie de diário.
Esperança renovada
Um episódio recente reacendeu as esperanças de Helena encontrar Ozéas. Em 24 de março, um homem foi abordado por policiais militares na madrugada em uma estrada deserta de Curitibanos, município de Santa Catarina.
O homem, que teria desacatado os PMs, foi levado para a delegacia. Ele portava todos os documentos pessoais e vestia uma camisa vermelha e calças rasgadas (veja abaixo). Segundo a Carteira de Identidade, tratava-se de Ozéas.
Assim que soube da ocorrência, a mãe partiu em busca do tão esperado encontro, mas ele não aconteceu. Quando chegou ao local, Ozéas já havia desaparecido de novo. Mas o caso serviu para motivá-la a continuar a procura pelo filho. “Minha jornada em direção a ele está em fase final e vou encontrá-lo aonde quer que ele esteja. No final, a aflição, a angústia e a dor serão justificadas”.
A suspeita de Helena é de que o filho esteja a caminho de Curitiba, no Paraná, cidade situada a cerca de 390km de onde foi visto pela última vez. De acordo com a mãe, Ozéas não recorre a caronas de nenhum tipo, “apenas caminha”.
Quem tiver informações sobre o paradeiro de Ozéas pode informar pelos telefones: (61) 98466-5961; (61) 98124-3282; (61) 3245-7088 e (41) 3360-1400.