Águas Claras: tempestades ilham moradores e provocam transtornos
Fortes chuvas do fim de semana complicaram a vida de quem mora na região. Inmet diz que, em 15 dias, precipitações já superaram média mensal
atualizado
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As fortes chuvas do fim de semana provocaram alagamentos em diversos pontos do Distrito Federal. Parte de Águas Claras, por exemplo, ficou ilhada durante o fim de semana. Em locais sem a devida regularização e carentes de drenagem adequada, a situação foi pior.
“Tinha que existir uma área de escoamento melhor, porque a chuva faz o próprio caminho e vai destruindo a rua”, reclama a balconista Ramonekelly Gomes Silva, 23 anos. Ela mora no Conjunto 3 do Setor Habitacional Arniqueiras (SHA) há cerca de quatro meses e reclama da falta de obras na região. “Desde que eu cheguei, existe esse buraco enorme na pista de acesso à EPNB”, diz.
Em algumas ruas não pavimentadas, o asfalto cedeu e o chão virou barro escorregadio. Filetes de água escorriam para dentro das residências.
“Moro aqui há 17 anos e a situação só piora”, diz o gerente de uma oficina, Jhonatan Alberto da Costa (foto em destaque), 23 anos. Ele relata que, quando há chuva intensa, parte do esgoto de terrenos vizinhos e o lixo acumulado das ruas desce com a água fluvial e, por vezes, invade seu terreno, onde cuida de duas filhas entre 3 e 5 anos. No fim de semana, não foi diferente (veja abaixo).
“A administração até está presente. Eles passam o trator na rua para tirar a lama quando a gente pede, mas alega que não tem como oferecer infraestrutura porque a cidade está embargada”, afirma Jhonatan.
O gerente de oficina pede “sensibilidade” à Justiça para conceder a regularização do setor ou permitir intervenções mais profundas na região. Enquanto as autoridades não podem agir, Jhonatan e vizinhos têm se mobilizado por conta própria. Desde a virada do ano, segundo ele, a comunidade faz vaquinhas para podar as árvores das ruas do Conjunto 3 e replantar os canteiros.
Na parte “vertical” de Águas Claras, mesmo com todas as cartas de Habite-se em dia, os moradores também enfrentaram transtornos. Vídeos cedidos ao Metrópoles mostram a enxurrada invadindo condomínios na noite de sexta-feira (12/04/19). Na manhã desta segunda, a reportagem ainda encontrou crateras nas pistas, agravadas pelas fortes precipitações do fim de semana (veja abaixo).
A Administração da região afirmou, por meio de assessoria, que existe pouco a ser feito em Arniqueiras e no Areal que não seja mitigar os efeitos das chuvas, pois a falta de documentação dos setores impede maiores intervenções na estrutura de drenagem. Sobre os registros de acúmulo na parte nobre de Águas Claras, o órgão afirmou se tratar de um caso pontual.
Deslizamentos
Durante a última semana, episódios graves em Sobradinho também foram registrados pelo Corpo de Bombeiros do DF e pela Defesa Civil. Na quarta (10/04/19), a chuva forte alagou ruas, condomínios, parte do hospital regional e provocou o deslizamento de terra no Morro do Sansão, em Sobradinho II.
De acordo com levantamento da Defesa Civil feito naquele dia, existiam pelo menos 41 áreas de risco em 19 regiões administrativas do DF, em um total de 5.367 residências vulneráveis.
Conforme o Instituto de Meteorologia (Inmet), desde 1º de abril já foram registradas precipitações que acumularam 206,7 mm. A média histórica par ao mês é de 133,4 mm, portanto a chuva superou as expectativas. “Desde o começo de 2019, o único mês com volume abaixo da média foi janeiro”, informa o meteorologista Manoel Rangel.
Segundo ele, os sistemas climáticos da Região Norte do país estão mais ativos em relação aos últimos anos e têm lançado maior umidade sobre o Centro-Oeste. “Isso faz com que haja mais nuvens e, consequentemente, mais precipitações”, explica.