Águas Claras: médica acha em casa inseto transmissor da Doença de Chagas
Vigilância Sanitária visitou o apartamento e confirmou tratar-se de um barbeiro. No DF, mais de 200 são encontrados por ano
atualizado
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Moradora de Águas Claras, a médica Eridan Stefanelli levou um susto ao passar pela sala do apartamento da família, na quinta-feira passada (15/10). Caminhando pelo cômodo, a residente do Instituto de Cardiologia do DF deparou-se com um inseto semelhante a um barbeiro, propagador da doença de Chagas, que pode causar desde febre a arritmia cardíaca.
Com cuidado, Eridan capturou o animal e acionou a Vigilância Ambiental, que confirmou se tratar de um barbeiro. Após o ocorrido, a agência realizou exames e, nessa segunda-feira (19/10), descobriu que o bicho carregava o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença. Os moradores do apartamento fizeram exames sorológicos para saber se houve contaminação e aguardam os resultados.
Em publicação feita em uma página de moradores do bairro numa rede social, Eridan conta morar num andar alto e próximo ao Parque de Águas Claras. A experiência na área de saúde foi crucial para que ela reconhecesse o inseto, que, segundo a Vigilância Ambiental, pode ter aparecido, justamente, da zona de mata próxima ao prédio da médica.
Hábitos noturnos
Cinco espécies de barbeiro podem ser encontrados em quase todas as cidades do DF. De 2007 a 2019, houve o registro de 2,7 mil desses insetos, sendo que 97% dos casos foram registrados em zona rural, segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF). Isso significa que, em média, 225 barbeiros são encontrados por ano na capital federal.
De acordo com o Programa de Vigilância Entomológica dos Triatomíneos, da Vigilância Ambiental, os barbeiros têm hábitos noturnos e são atraídos às residências pela luminosidade. A alimentação consiste, basicamente, de sangue, humano ou animal, e a infecção ocorre, normalmente, quando o inseto deposita as fezes na pele da vítima, enquanto se alimenta. Por causa da picada, a pessoa coça a área, arranhando a pele, que é quando o protozoário presente nos excrementos do inseto entram na corrente sanguínea.
A SES-DF destaca, contudo, que esse é um processo complexo, e não é porque o barbeiro tem o parasita que a pessoa picada será infectada pela doença de Chagas. O nome da doença é atribuído ao seu descobridor, Carlos Chagas, cientista brasileiro indicado duas vezes ao prêmio Nobel de Medicina.
Caso encontre um barbeiro, a Vigilância Ambiental orienta a não esmagar o animal, o que pode ajudar a espalhar as fezes contaminadas no ambiente. De preferência, tente a captura do inseto e entre em contato com a Vigilância Ambiental, pelo telefone 2017-1344.