“Agora posso viver em paz”, diz o caseiro que foi ameaçado por Lázaro
Ao Metrópoles, Alain Reis lembrou os dias em que encontrou com Lázaro na fazenda do patrão e que teria sido coagido pelo criminoso
atualizado
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Após a morte de Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, na manhã desta segunda-feira (28/6), caseiro Alain Reis Santana, 33, conversou com o Metrópoles e disse estar “aliviado por agora poder viver em paz com a minha família”. Mais cedo, antes de o criminoso ser encontrado, Alain disse que temia pela vida dele e da família, em vídeo feito pelas forças de segurança e divulgado pelo advogado do caseiro.
Na última quinta-feira (24/6), Alain foi detido junto com o patrão, Elmi Caetano, 74, suspeito de ajudar a esconder o assassino. Porém, a Justiça liberou o caseiro após audiência de custódia, que ocorreu na sexta-feira (25/6). A juíza Luciana Oliveira de Almeida Maia da Silveira entendeu que, no caso de Alain, “os indícios de autoria até o momento colhidos revelam-se frágeis, principalmente porque a relação com o outro autuado é de patrão-empregado”.
Depois da notícia de que a caçada a Lázaro Barbosa chegou ao fim, Alain disse à reportagem que voltará a procurar emprego e a viver com os filhos e a esposa em casa – uma vez que estava na residência de um amigo desde que foi solto. “Estou muito aliviado. Agora posso sair na rua com a minha família, ir para a minha casa. Estava passando muito sufoco esses dias”, comentou.
Alain Reis narrou que recebeu a proposta de um emprego na fazenda de Elmi Caetano há 21 dias e que começou a trabalhar no local dois dias após a chacina que vitimou a família Vidal, no Incra 9, em Ceilândia, no dia 9 de junho.
No dia 18 de junho, uma sexta-feira, ele viu Lázaro pela primeira vez na propriedade. Depois disso, encontrou com o criminoso mais duas vezes, nos dias 23 e 24. “Na sexta, era por volta de 18h30, quando eu peguei uma bacia para colocar a lavagem dos porcos para cozinhar. Quando cheguei na porta dos fundos da casa, o vi no canto da parede, com uma espingarda e um carregador de celular. Ele me viu e saiu andando em direção córrego. Na hora, eu fiquei meio em duvida se era ele”, relatou.
“Já na quarta (23/6), eu tive certeza. Porque eu estava arrumando o galinheiro e ele chegou, bateu nas minhas costas e falou que se eu dissesse algo, ele iria me pegar e pegar a minha família, porque sabia onde eu morava, sabia que eu vivia nos fundos da casa do pai dele. E realmente eu morava lá, então fiquei com muito medo”, completou Alain.
Segundo ele, foi a partir de então que começou a desconfiar que o fazendeiro poderia estar dando abrigo ao maníaco. “Eu desconfiava, mas não tinha certeza”, afirmou. “Ele [Elmi] já tinha falado que não queria policiais nem imprensa na fazenda. Dizia que queria privacidade”, acrescentou.
Ainda de acordo com o caseiro, na última quinta (24/6), momentos antes de ele e Elmi serem presos, Lázaro se escondeu na residência do fazendeiro. “Eu estava passando remédio no cavalo e fui botar a pomada na mesinha quando ele entrou correndo dentro de casa e fez um gesto para eu sair. Aí, os policiais vinham descendo e começaram a cercar a casa. Quando eles entraram, Lázaro já tinha saído. Nisso, outra equipe vinha descendo a porteira, mas ele já tinha se escondido. Eu fiquei com medo, porque ele poderia fugir e ir atrás da minha família, então falei que não estava lá”, lembra.
A mãe de Lázaro já havia trabalhado como caseira para Elmi Caetano. Porém, apesar de o patrão ter relação com a família do criminoso, Alain diz que jamais conheceu algum parente do maníaco. “Antes de vê-lo na fazenda, eu só soube dele pelas reportagens. A única coisa que ele [Elmi] falava era que a família do Lázaro era humilde e muito boa, mas não comentava dele em si”, disse.
Nesta segunda, com a morte de Lázaro, Alain, que é pai de cinco filhos, diz que a sensação é de paz para os moradores da região. “Eu estava na casa de um amigo. Agora sim posso voltar a viver a vida em paz, arrumar emprego e cuidar dos meus filhos”, concluiu.
Morte de Lázaro
Suspeito de matar uma família no Distrito Federal e balear outras cinco pessoas numa série de assaltos em chácaras na capital do país e em Goiás, Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, foi morto durante confronto com forças policiais na manhã desta segunda-feira (28/6), numa mata nas imediações da casa da ex-sogra, em Águas Lindas (GO).
Mais cedo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez o anúncio em suas redes sociais de que o serial killer fora preso. Instantes depois, agentes que trabalham na captura confirmaram a morte dele. O corpo foi levado para o Hospital Bom Jesus, em Águas Lindas.
Após o confronto no matagal, Lázaro ainda chegou a ser socorrido e levado a uma viatura do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu.
Confira imagens da movimentação em Águas Lindas de Goiás após a captura de Lázaro: